
O anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa adicional de 50% em cima das exportações brasileiras pode nem sair do papel (que é o que muita gente acredita que acontecerá até o dia 1º, data prevista para o início da tarifação), mas, saindo ou não, algumas questões precisam ser compreendidas. A principal delas é: diversificação. O Espírito Santo, sempre importante lembrar, será um dos estados brasileiros mais afetados pela tarifação, já que tem um dos mais elevados graus de abertura econômica do país. Aqui é de 64% do PIB, enquanto que no restante do Brasil fica em 27%.
"Uma lição que fica é a necessidade de diversificar e buscar novos mercados. Estamos falando de taxação neste momento, mas é algo que vale para as mais variadas situações. Depender demais de um comprador é sempre complicado e arriscado, como estamos vendo agora", explicou Carolina Ferreira, gerente de Estudos Estratégicos do Observatório Findes. "Importante sempre lembrar que as relações com os Estados Unidos sempre foram muito sólidas. O presidente Trump trouxe uma imprevisibilidade, um contexto de incertezas que não existia. Construir uma maior diversificação e uma menor dependência é fundamental".
Levantamento feito pela Findes mostra que alguns produtos exportados pelo Espírito Santo são extremamente dependentes do mercado norte-americano. Uma boa parte das situações se dá dentro da indústria de rochas, por isso, é tratado como um dos que mais sofrerá caso a tarifação se confirme: Oitenta e um por cento das exportações grupo mármore, travertino e alabastro foram, em 2024, para os EUA. No caso dos granitos trabalhados, a fatia norte-americana foi de 67,6%. A maior delas, proporcional e em termos absolutos, é a parte do grupo pedra de cantaria: 83,4% das vendas para fora foram para os EUA, um total de US$ 404,1 milhões.
A questão é mais evidente na indústria de rochas, mas não se trata de caso único. No aço, as vendas para os Estados Unidos de determinados semimanufaturados chegam a bater em 87% do total das exportações.
"Em momentos como esse é importante refletirmos sobre o nosso negócio. Nunca é bom ficar na mão de um só mercado, de um só fornecedor ou de um só cliente. Temos que olhar para dentro de casa e buscar desenvolver novos mercados, novas formas de atuar. Muitas vezes o empresário se acostuma com aquela rota e com aquele mercado, está tudo programado, mas é importante pensar em situações adversas como a que estamos vivendo agora", assinalou Rafael Furlanetti, sócio da XP.
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