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Tarifaço de Trump já rende lições para o Espírito Santo

A economia do Estado, um dos mais abertos ao comércio internacional no Brasil, será uma das mais afetadas caso as medidas anunciadas pelos EUA saiam mesmo do papel

Vitória
Publicado em 19/07/2025 às 03h50
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, faz um discurso no Salão Leste da Casa Branca
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, faz um discurso no Salão Leste da Casa Branca. Crédito: CARLOS BARRIA/AP

O anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa adicional de 50% em cima das exportações brasileiras pode nem sair do papel (que é o que muita gente acredita que acontecerá até o dia 1º, data prevista para o início da tarifação), mas, saindo ou não, algumas questões precisam ser compreendidas. A principal delas é: diversificação. O Espírito Santo, sempre importante lembrar, será um dos estados brasileiros mais afetados pela tarifação, já que tem um dos mais elevados graus de abertura econômica do país. Aqui é de 64% do PIB, enquanto que no restante do Brasil fica em 27%.

"Uma lição que fica é a necessidade de diversificar e buscar novos mercados. Estamos falando de taxação neste momento, mas é algo que vale para as mais variadas situações. Depender demais de um comprador é sempre complicado e arriscado, como estamos vendo agora", explicou Carolina Ferreira, gerente de Estudos Estratégicos do Observatório Findes. "Importante sempre lembrar que as relações com os Estados Unidos sempre foram muito sólidas. O presidente Trump trouxe uma imprevisibilidade, um contexto de incertezas que não existia. Construir uma maior diversificação e uma menor dependência é fundamental".

Levantamento feito pela Findes mostra que alguns produtos exportados pelo Espírito Santo são extremamente dependentes do mercado norte-americano. Uma boa parte das situações se dá dentro da indústria de rochas, por isso, é tratado como um dos que mais sofrerá caso a tarifação se confirme: Oitenta e um por cento das exportações grupo mármore, travertino e alabastro foram, em 2024, para os EUA. No caso dos granitos trabalhados, a fatia norte-americana foi de 67,6%. A maior delas, proporcional e em termos absolutos, é a parte do grupo pedra de cantaria: 83,4% das vendas para fora foram para os EUA, um total de US$ 404,1 milhões.

A questão é mais evidente na indústria de rochas, mas não se trata de caso único. No aço, as vendas para os Estados Unidos de determinados semimanufaturados chegam a bater em 87% do total das exportações.

"Em momentos como esse é importante refletirmos sobre o nosso negócio. Nunca é bom ficar na mão de um só mercado, de um só fornecedor ou de um só cliente. Temos que olhar para dentro de casa e buscar desenvolver novos mercados, novas formas de atuar. Muitas vezes o empresário se acostuma com aquela rota e com aquele mercado, está tudo programado, mas é importante pensar em situações adversas como a que estamos vivendo agora", assinalou Rafael Furlanetti, sócio da XP.   

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