
Empresários do setor de rochas do Espírito Santo, tendo o Centrorochas (entidade que representa os exportadores) à frente, costuraram uma aliança importante com construtores norte-americanos, que exercem um dos mais poderosos lobbies de Washington, e fizeram chegar, nesta segunda-feira (21), a Jamieson Greer, principal negociador comercial dos Estados Unidos nomeado por Donald Trump, uma carta solicitando o adiamento da implementação da tarifa de 50% em cima das exportações brasileiras por 90 dias. Em princípio, o tarifaço começa a valer em 1º de agosto.
O documento, enviado pelos próprios empresários norte-americanos ao representante de Trump, apresenta uma série de argumentos (as pedras norte-americanas não substituem as brasileiras, os materiais do Brasil são os mais populares e 200 mil empregos impactados), mas o maior peso da carta está nas entidades que estão ao lado dos brasileiros no pleito: NSI (Natural Stone Institute), SFA (Stone Fabricators Alliance), ISFA (International Surface Fabricators Association) e, principalmente, a National Association of Home Builders, representante de mais de 140 mil construtores dos Estados Unidos. Fundada em 1942, a NAHB é uma das maiores associações comerciais do país e é mantida por construtores de casas, desenvolvedores imobiliários e empreiteiros.
"A carta mostra o tamanho do impacto da tarifa dentro do mercado norte-americano. É ruim para os dois lados. Os 90 dias de prazo, caso a solicitação seja aceita, servirão para que todos tenhamos o tempo adequado para entender o contexto e para discutir uma saída equilibrada", explicou Fábio Cruz, vice-presidente do Centrorochas.
Cerca de 80% da indústria brasileira de rochas concentra-se no Espírito Santo - movimento anual de algo próximo a R$ 15 bilhões e mais de 30 mil empregos. Em 2024, foram exportados US$ 1,26 bilhão, sendo que 56,3% (US$ 711 milhões) foram para os EUA, que, historicamente, é o grande comprador da produção brasileira.
Diante do impasse político entre os governos de Brasil e Estados Unidos, muita gente, entre elas o governador Renato Casagrande, acredita que o movimento do empresariado, daqui e de lá, é a saída mais viável para o nó comercial em que se meteram os dois países.
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