Brasil precisa unir forças para que armas não acabem nas mãos de bandidos

É assim que acontece a ostentação no crime, com mais armas. Elas são um ativo significativo. E é também dessa forma que territórios são dominados, aumentando a lucratividade do negócio ilegal

Publicado em 23/07/2025 às 01h00
ES registro aumento na apreensão de armas de fogo
ES registro aumento na apreensão de armas de fogo. Crédito: Divulgação | Sesp

Facções criminosas simplesmente não conseguem intimidar moradores dos bairros em que atuam e consolidar seu poder local sem armas. Geralmente, um arsenal é necessário. Isso é possível de ser visualizado nos conflitos mais recentes registrados nos bairros da Região 5 de Vila Velha: segundo autoridades, a violência aumetou por conta de um racha no Primeiro Comando de Vitória (PCV), com as lideranças antigas patrocinando as armas do  Terceiro Comando Puro (TCP) nos bairros Ulisses Guimarães e Vinte e Três de Maio. O banho de sangue acaba sendo inevitável.

É assim que acontece a ostentação no crime, com mais armas. Elas são um ativo significativo. E é também dessa forma que territórios são dominados, aumentando a lucratividade do negócio ilegal. Mais dinheiro da droga que entra e também ajuda a financiar mais armamento. Interromper esse ciclo, em algum nível, pode contribuir para reduzir ondas de violência. Um desafio brasileiro. 

No Espírito Santo, de acordo com o comandante-geral da Polícia Militar do Espírito Santo, coronel Douglas Caus, elas atravessam as fronteiras do país, principalmente com Paraguai, Bolívia, Colômbia e Peru. "São armas importadas por traficantes, principalmente para o Rio de Janeiro, onde as organizações criminosas adquirem esse armamento e passam para organizações que elas estão vinculadas. No Espírito Santo, o Primeiro Comando de Vitória é ligado ao Comando Vermelho, e o Terceiro Comando Puro é ligado ao TCP do Rio de Janeiro", explicou em entrevista à TV Gazeta.

Outro caminho é legal, como explica o delegado Guilherme Eugênio, da Delegacia Especializada em Armamentos: "Atualmente, a maioria das armas que abastecem o crime são adquiridas legalmente, compradas por pessoas que se dizem de bem, e que posteriormente revendem no mercado ilegal por um preço maior". Também são adquiridas por meio de fraudes, com pessoas usadas como laranja nos processos de aquisição de arma de fogo ou falsficações de documentos. Tudo facilitado pelas flexibilizações da lei.

A polícia apreende armas, pelo menos dez por dia, em média, de acordo com dados da Secretária de Segurança Pública (Sesp). De janeiro a junho deste ano, mais de 1900 armas ilegais foram retiradas de circulação no Espírito Santo. Mas, infelizmente, deve ser somente a ponta do iceberg, e a reposição deve acontecer nas mesmas proporções. 

Conseguir atingir esse mercado que abastece a criminalidade, com todas as conexões nacionais e internacionais, e assim conseguir desestruturar as organizações mais poderosas é o grande desafio para a segurança pública brasileira, algo que chega a soar quase como uma utopia em um país com as dimensões do Brasil. Mas com estratégia e investimentos em inteligência e tecnologia, de forma sistematizada, é possível dificultar a vida de quem se beneficia da entrada de armamento no país.

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