Publicado em 22 de julho de 2025 às 13:13
- Atualizado há 4 meses
Moradores que vivem em áreas de conflitos acordam quase que diariamente ao som de tiros. Na última quinta-feira (17), quatro pessoas foram baleadas em Primeiro de Maio, Vila Velha. No mesmo município, algumas horas depois, em Santa Rita, bairro vizinho, outro tiroteio foi registrado, mas sem vítimas. No início de julho, um trabalhador terceirizado da EDP morreu vítima de bala perdida em Zumbi dos Palmares, na mesma região. >
Mas de onde vem as armas usadas na guerra do tráfico e em outros crimes, que tiram a paz da população? Conforme apuração da TV Gazeta com o comandante-geral da Polícia Militar do Espírito Santo, coronel Douglas Caus, os armamentos de uso restrito usados para abastecer facções criminosas vêm de outros países.>
Coronel Douglas Caus
Comandante-geral da Polícia Militar do Espírito SantoO delegado Guilherme Eugênio, da Delegacia Especializada em Armamentos, afirma que os decretos que flexibilizaram o acesso às armas são um dos motivos. Entre 2018 e 2022, o Brasil teve um aumento de 665% nos registros de caçadores, atiradores e colecionadores, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. >
"Atualmente a maioria das armas que abastecem o crime são armas adquiridas legalmente, compradas por pessoas que se dizem de bem, e que posteriormente revendem no mercado ilegal por um preço maior. Além desse método, a gente tem a utilização de fraudes nessa aquisição. Há nesse setor despachantes e criminosos, que recrutam pessoas tidas de bem e utilizam nomes dessas pessoas como laranjas em processos de aquisição de arma de fogo", explicou o delegado.>
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O chefe da Delegacia Especializada em Armamentos destacou que lojas que vendem armas também se envolvem em fraudes. Em dezembro do ano passado, uma loja foi fechada em Cachoeiro de Itapemirim. No local, 54 armas e 7500 munições foram apreendidas. A investigação descobriu que um empresário falsificava documentos para simular a legalidade das vendas e driblar a fiscalização do exército. >
Segundo informações da Secretária de Segurança Pública (Sesp), de janeiro a junho deste ano, mais de 1900 armas ilegais foram retiradas de circulação no Estado. Uma média de 10 armas por dia. A PM diz que grande parte das apreensões acontecem em morros da Grande Vitória e são usadas no tráfico de drogas. >
A Região Metropolitana de Vitória fica no topo das apreensões, com 815 armas. Em seguida vêm as regiões Norte, Noroeste, Sul e Serrana. Pistolas, revólveres e espingardas são as mais encontradas nas ações das forças de segurança. >
"Antigamente nós tínhamos apreensões mais de revólver, hoje virou a chave, nós estamos apreendendo mais pistolas do que revolveres. É uma mudança do equipamento usado pelos traficantes, o que denota que eles estão investindo em armamento com maior capacidade de fogo", ressaltou o coronel Douglas Caus.>
O delegado Guilherme Eugênio acredita que uma forma de evitar que armas parem nas mãos de criminosos é tornar a legislação mais rigorosa. Atualmente, pelo menos oito ações do governo federal já foram aceitas e julgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir leis estaduais e municipais que facilitem o acesso ao porte de arma. >
"As novas normas dificultaram bastante essas práticas fraudulentas que serviram para abastecer o mercado ilegal. Nós estamos trabalhando para dificultar o registro falso dessas ocorrências de roubo de armas e para inibir a ação desses consumidores finais que acabam desviando as armas que adquiriram legalmente", concluiu o delegado Guilherme Eugênio. >
*Com informações do repórter Vinicius Colini, da TV Gazeta>
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