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Startups e indústria 4.0 comandam a revolução no ES

Startups e indústria 4.0 comandam a revolução no ES

Empresas capixabas investem em tecnologia e se destacam nacionalmente com soluções inovadoras no país e até no mundo

Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 04:20

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Loja autônoma da Zaitt, em São Paulo. O negócio teve início em Vitória
ES tem sido celeiro de startups que conquistam o mercado capixaba, o país e o mundo. (Zaitt/Divulgação)

A inserção de inovações em rotinas produtivas não é novidade. O primeiro grande salto veio a partir da primeira revolução industrial, quando novos equipamentos e técnicas chegaram às fábricas, provocando grandes e importantes transformações. Dois séculos e três revoluções industriais depois, o movimento ainda se repete, mas agora na era da internet, que abre espaço à criação de fábricas inteligentes, com máquinas mais intuitivas e menor intervenção humana.

Algumas tecnologias despontam como as precursoras do movimento que vem sendo chamado de Indústria 4.0. Entre elas: robôs autônomos, internet das coisas, impressão 3D, computação em nuvem, simulações e realidade virtual, integração entre sistemas e softwares, big data, inteligência artificial, machine learning e cybersecurity. Essas tecnologias, aliás, já são utilizadas por empresas do Espírito Santo, que buscam se tornar cada vez mais competitivas.

Enquanto algumas se aventuram em desenvolver tecnologias próprias, outras têm conseguido evoluir por meio do relacionamento com startups, que são pequenas empresas que buscam solucionar determinados problemas por meio de tecnologia e inovação. O Estado está cheio delas e foi do polo capixaba que saíram algumas das principais startups do país.

Um exemplo é o PicPay, criado no ano de 2012 em Vitória e que tem ganhado o país. A empresa de nome homônimo lançou um aplicativo que, entre outras funções, permite pagar contas, fazer compras com QR Code, e transferir valores utilizando uma espécie de carteira virtual. Hoje já são mais de 30 milhões de usuários, que movimentam cerca de R$ 2 bilhões ao mês no país.

Outro exemplo de empresa inovadora é a Wine, fundada em Vila Velha, em 2008. Trata-se de um clube de assinatura e e-commerce de vinhos, especializado na seleção, indicação e entrega das bebidas, e já conta com mais de 1 milhão de clientes. A praticidade é um negócio vantajoso, e foi no que investiu a startup capixaba Zaitt.

Em 2017, a empresa criou seu primeiro mercado autônomo, em que o consumidor escolhe e paga sozinho as compras, sem passar por filas ou caixas. Tudo é feito com o auxílio de um aplicativo. Hoje, além da loja em Vitória, há unidades em São Paulo.

Startups com atuação em várias outras áreas também tentam trilhar um caminho até o topo, inclusive nos segmentos de saúde, construção civil, transportes e agronegócios. São diversos negócios que têm contribuído não apenas para impulsionar a economia do Espírito Santo, como vêm provocando uma verdadeira revolução tecnológica. Foi de olho nesse potencial que surgiu, há dois anos, a Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI), uma ação conjunta entre setor produtivo, academia e governo, para tornar o ecossistema de inovação capixaba cada vez mais forte.

Uma das metas da MCI é colocar o Espírito Santo entre os cinco Estados mais inovadores do país até 2030, com mais de mil startups operando aqui. Em 2019, eram menos de 100, segundo a diretora de Inovação e Tecnologia do Senai/Sesi, Juliana Gavini.

“É uma meta ousada, mas temos trabalhado no sentido de fortalecer e desenvolver o que já temos, e criar ambiência para o surgimento de novas startups. Ainda temos muito a evoluir, e temos potencial para isso.”

Juliana observa que as indústrias têm sido grandes aliadas nesse processo, e vêm fazendo esforços, independente de seu porte, para se tornarem mais inovadoras. 

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As grandes empresas, particularmente, têm tentado se conectar com as startups, tanto para tentar adotar uma visão parecida, quanto para buscar soluções externas para determinados problemas. Existe um interesse ativo em desenvolver projetos de forma colaborativa

Juliana Gavini
Diretora de Inovação e Tecnologia do Senai/Sesi
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Essa busca por soluções levou, por exemplo, a Petrobras a buscar parcerias com startups, entre elas a capixaba Mogai, com um projeto de tecnologia 3D para monitorar a corrosão das plataformas e gerenciar a pintura nas embarcações da empresa. Segundo o CEO da Mogai, Franco Machado, o sistema foi desenvolvido inicialmente com foco na operação em indústrias de transformação e em mineradoras, medindo a quantidade de minério, grãos e outros.

“É uma câmera 3D, que não cria uma imagem diferente da foto em 2D que estamos acostumados, mas um modelo 3D com as dimensões reais do que está fotografando. É uma tecnologia com diversas aplicações, e vendemos para diversas indústrias, com adaptações para cada caso.”

A Olho do Dono, spin-off da Mogai, por exemplo, realiza pesagem de boi no pasto com a câmera 3D, e já ganhou prêmios internacionais e fechou contratos com Argentina, México e Estados Unidos. 

A trajetória da Marcopolo também é marcada pela inovação. A fábrica de São Mateus, onde a empresa produz micro-ônibus desde 2014, conta com processos modernos de corte e conformação de tubos e chapas, sistema de banhos químicos para tratamentos superficiais totalmente autônomos, controle de torque das montagens críticas realizados por equipamentos eletrônicos e produção autônoma de chicotes elétricos. A empresa também utiliza nanotecnologia no desenvolvimento de peças.

“Alinhada aos processos industriais de última geração, a companhia investe de forma contínua em aprimoramento, tecnologia, design e expansão, produzindo soluções que contribuem para o desenvolvimento do transporte coletivo de passageiros e para o futuro da mobilidade global”, informou a companhia.

Sede da PicPay em Vitória
Sistema de pagamento instantâneo criado no Espírito Santo tem inspirado outras ideias. (PicPay | Divulgação)

O espírito de transformação também tem tomado conta da ArcelorMittal Tubarão. Um dos projetos mais recentes da empresa é o INO.VC, um programa de inovação digital lançado em novembro de 2019, que atua em conjunto com os hubs do Findeslab no Estado.

A empresa também faz parte do Movimento Capixaba de Inovação (MCI), e assinou um protocolo para a implantação do Polo de Inovação de Serra, conforme explicou o gerente geral de Tecnologia da Informação, Automação e Inovação Digital da companhia, Robson Moyzés.

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É um processo de co-criação, onde todos aprendemos; nós, absorvendo a leveza do modelo de gestão ágil e de negócios das startups, enquanto oferecemos a eles o mais desejado conjunto de informações que as startups cobiçam: demandas, dados e escalabilidade

Robson Moyzés
Gerente  gerente geral de Tecnologia da Informação, Automação e Inovação Digital da ArcelorMittal Tubarão
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Um dos membros fundadores do MCI é a Vale, que vem atuando em diversas frentes para fomentar a inovação em suas operações e na sociedade como um todo. Em 2016 a companhia criou um programa para avançar na Indústria 4.0, e, desde então vários processos digitais ganharam impulso na empresa, como a Inteligência Artificial, os equipamentos autônomos e a robotização.

No ano passado, a mineradora criou o AI Center, seu centro de Inteligência Artificial em Vitória, para desenvolver e monitorar as iniciativas dessa ciência nas unidades da empresa em vários países. Já neste ano tem colaborado com eventos de inovação aberta, que estimulam startups, instituições de ciência e tecnologia e outros empreendimentos na busca por ideias inovadoras, a fim de contribuir com o desenvolvimento social do Espírito Santo.

“Capacitar equipes para que possam aproveitar as oportunidades e os diversos editais disponíveis é uma das formas que a empresa encontrou para estimular um ambiente favorável ao crescimento do ecossistema de empreendedorismo e inovação”, informou a Vale.

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