Publicado em 18 de maio de 2020 às 12:56
O Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES) e o governo estadual assinaram na manhã desta segunda-feira (18) um acordo que prevê a redução em até 20% do repasse financeiro para a Corte de maio a dezembro deste ano. A medida é uma forma de contornar a queda de receita prevista para os cofres estaduais. Segundo a Secretaria da Fazenda (Sefaz), por conta da queda na arrecadação com a pandemia do novo coronavírus, somada a crise no mercado do petróleo, o Estado deve receber R$ 3,4 bilhões a menos do que tinha sido orçado para 2020.>
Além do acordo, o governador Renato Casagrande (PSB) já havia anunciado no sábado (16) um corte de R$ 1,59 bilhões, em despesas de custeio e alguns investimentos. Casagrande destacou que espera, também, uma contribuição dos demais Poderes para o contingenciamento de gastos.>
Em abril, segundo o portal da transparência, o TCES recebeu R$ 14,5 milhões em duodécimos. O repasse previsto para o ano todo era de R$ 174,7 milhões. De acordo com o secretário da Fazenda, Rogelio Pegoretti, o acordo com o órgão o desconto no repasse mensal vai depender da arrecadação a cada mês. O montante a ser enviado em maio, por exemplo, sofreu um corte de 9%, que é o percentual de queda da receita de abril comparada pela arrecadação do mesmo período em 2019.>
"Vamos somar toda a receita de arrecadação tributária (ICMS, IPVA e FPE), com o valor dos royalties de petróleo e as transferências de recomposição das perdas que a União nos passar. Esse número será comparado com a receita do mesmo período em 2019, e o percentual será descontado. Se atingir mais de 20%, a gente mantém o teto em 20%, que foi o que ficou acordado. Foi uma decisão muito republicana do Tribunal de Contas, que rapidamente respondeu favoravelmente à proposta", destaca Pegoretti.>
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Da forma como ficou acordada, a economia potencial do Tribunal pode chegar a R$ 20,42 milhões, de maio a dezembro. Os duodécimos são pagos sempre no dia 20 de cada mês.>
Mais detalhes sobre o acordo entre Tribunal de Contas e o governo serão divulgados em uma entrevista coletiva, nesta segunda-feira (18), com o presidente da instituição, conselheiro Rodrigo Chamoun, que explicará como se dará o corte de despesas. >
O colunista Vitor Vogas publicou a íntegra do acordo firmado entre o governo e o TCES. >
Segundo Pegoretti, outros Poderes também estão discutindo com o governo a possibilidade de cortes, para se readequar a nova projeção de receita do Estado. "Estamos trabalhando individualmente, com cada órgão. Assim que os acordos forem sendo fechados, nós iremos divulgar", afirmou.>
No início de maio, os Poderes se reuniram em um encontro tenso, onde o Executivo expôs o quanto esperava receber de recursos após os impactos econômicos da pandemia. Um novo encontro havia sido marcado para a última quinta-feira (14), para que cada ente demonstrasse onde poderia reduzir gastos, mas a reunião acabou sendo cancelada.>
A reportagem procurou o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) para saber se havia alguma negociação para cortes no duodécimo em negociação com o Estado, mas não houve retorno. A Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) informou que aguarda a próxima reunião entre os Poderes para debater o tema. O novo encontro, contudo, não tem data definida.>
A queda de receita deve colocar alguns Poderes próximos de extrapolar o limite de gasto com pessoal imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Em simulação feita por A Gazeta, com a nova previsão de receita, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) e o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) estariam mais próximos de avançar sobre a barreira de gastos com pessoal. O Tribunal de Contas era um dos que estavam mais longe de exceder a cota.>
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