Publicado em 1 de junho de 2020 às 19:42
A reforma tributária deve ser um dos pilares principais para a retomada econômica do país após o fim da pandemia. É o que afirma o deputado federal pelo Espírito Santo Evair de Melo (PP), um dos vice-líderes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara dos Deputados. Segundo o parlamentar, a mudança nos tributos é uma prioridade do governo, que tem como meta colocá-la em votação ainda em 2020. Com pontos ainda indefinidos, a comissão que discute o tema está suspensa, mas parlamentares têm debatido sobre as mudanças e até alterações em leis trabalhistas podem ser apresentadas.>
Por enquanto, o acordo entre os parlamentares é discutir apenas temas relacionados ao combate à Covid-19. Com os deputados em isolamento social, as comissões temáticas foram suspensas e apenas as sessões ordinárias estão sendo feitas, por videoconferência.>
Mesmo assim, Evair afirma que o grupo responsável pela discussão da reforma tributária tem se reunido e que alguns pontos principais já foram destacados, mas ainda não há definição sobre o que será incluído ou não.>
"A reforma tributária está sendo redesenhada, já prevendo o impacto que a pandemia terá na economia brasileira. A comissão está parada atualmente, mas não perdemos o rumo, apenas fizemos um pequeno desvio", destaca o parlamentar.>
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A reforma tributária era um dos temas em discussão quando Câmara e Senado encerraram as sessões presenciais por conta do aumento de casos do novo coronavírus, na segunda quinzena de março. A Comissão Mista para a Reforma Tributária já havia, inclusive, convidado o ministro da Economia, Paulo Guedes, para apresentar sua proposta, no fim de março. O encontro, contudo, acabou sendo cancelado e a comissão, suspensa. Em encontro com Bolsonaro, Maia sinalizou que apoia a tramitação da reforma.>
Segundo Evair, o governo deixará o Congresso construir a essência da reforma. Antes da pandemia, dois projetos, um na Câmara e outro no Senado, tramitavam com propostas de extinção de uma série de impostos e a unificação de tributos. A previsão era para que o texto final fosse votado na comissão em maio. Com a pandemia, a matéria deve ser redesenhada. O deputado conta que a reforma pode, ainda, prever mudanças em outros setores, como a legislação trabalhista.>
"Não há nada definido, mas temos adiantado discussões, já preparando o terreno para quando a comissão voltar a atuar. A ideia é montar uma proposta que ajude na reindustrialização do país, que seja uma reforma que ajude pequenas empresas, que incentive a abertura de novos mercados. Talvez também sejam feitas algumas mudanças na legislação trabalhista, de forma que garanta a criação de empregos. O desafio é reestabelecer o emprego e as empresas fechadas com a crise", afirma Evair.>
Convidado por Bolsonaro desde janeiro para compor a liderança do governo, Evair assumiu o cargo de um dos 14 vice-líderes na Câmara no início de maio. Sua nomeação casou com a aproximação do presidente com o Centrão, onde o PP, partido de Evair, está incluído. Com alinhamento com Bolsonaro desde a época em que eram colegas no parlamento, o deputado capixaba diz que seu papel se resume a ser um "gerente" dos projetos econômicos do governo no Legislativo.>
"Meu papel é entender o que os ministérios defendem, ouvir os líderes, os relatores e a oposição e construir um acordo para votar as propostas. É um trabalho duro. Antes eu ia embora de Brasília na sexta-feira, ao meio dia. Hoje só paro de trabalhar na madrugada. O governo me passa o que eles querem e me dão a autonomia para orientar a base e negociar alterações nos projetos", explica.>
Sob a responsabilidade dele, estão 12 medidas provisórias do presidente que devem ser avaliadas na Câmara. Entre as mais polêmicas, está a que livra autoridades de punições em ações para lidar com a pandemia.>
"Estamos em um momento delicado, onde muitos servidores precisam tomar decisões rápidas, com o objetivo de salvar vidas. Essa medida é uma forma de dar alguma proteção jurídica e administrativa para eles, para se livrarem de problemas futuros. É complicado, eles precisam, por exemplo, ir buscar produtos no exterior, compras emergenciais que envolvem um certo risco", defende.>
Ele também defendia a MP que permitia a regularização fundiária de terras da união, ocupadas irregularmente, a partir da "autodeclaração". A medida perdeu a validade e deve ser substituída por um projeto de lei.>
"Vi muita gente criticando essa MP de forma demagógica. Era uma proposta que seria importante para milhares de propriedades pequenas que, por desconhecimento, não se regularizaram. São produtores que não têm a escritura de suas propriedades, apenas a cessão de uso. Isso os impede de buscar empréstimos, contratar máquinas e investir na sua produção. Mas a discussão foi tomada de maneira demagógica, infelizmente, aponta.>
De assuntos que fogem da pauta econômica, Evair procura não se manifestar. "Deixo isso para o líder de governo (Major Victor Hugo, do PSL)", responde. Contudo, a base do presidente na Câmara pode ter trabalho no segundo semestre para evitar que pedidos de impeachment, já protocolados na Casa, possam ir à votação. >
O STF também apura as denúncias feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que acusa o presidente de interferir em investigações da Polícia Federal. Se o presidente for denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o processo precisa ser aprovado na Câmara antes dele ser encaminhado para o STF.>
Para Evair, o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, cujo vídeo foi entregue à Justiça, mostra um governo que tem "sangue no olho", mas não revela nenhuma irregularidade.>
"A única coisa que tenho a dizer é que o vídeo mostra que a equipe está comprometida, que tem sangue no olho. O resto é retórica. A imprensa se importa muito com a retórica, o jeito do presidente falar, mas ele está entregando o que prometeu, mostrando que quer ser um governo de mudança", argumenta o deputado.>
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