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Juiz federal vai atuar no gabinete de desembargador do ES afastado do TRF2

Juiz federal vai atuar no gabinete de desembargador do ES afastado do TRF2

Medida ocorre após o STJ determinar o imediato afastamento do capixaba Macário Júdice Neto de suas atividades e lacrar seu gabinete

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 10:50

Capixaba chegou a ficar 18 anos afastado das funções por suposta participação em um esquema de venda de sentenças e favorecimento

Após ser afastado do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o desembargador Macário Júdice terá o gabinete ocupado pelo juiz federal Marcelo Leonardo Tavares durante seu afastamento. Preso na terça-feira (16), o capixaba é suspeito de vazar uma operação policial e se encontra em uma cadeia de Niterói (RJ).

A atuação do juiz federal no gabinete não corresponde a um processo de escolha de um desembargador, uma vez que, mesmo afastado, a vaga permanece ocupada por ele, conforme informou o TRF2 à reportagem de A Gazeta.

A decisão partiu do presidente do tribunal, o desembargador federal Luiz Paulo da Silva Araújo Filho, e após a determinação do STJ  de afastar Macário, por meio da Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ).

A atuação do juiz federal só poderá ser efetiva após o gabinete ser reaberto, uma vez que foi determinado que o espaço e todos os equipamentos de uso funcional, como computadores, notebooks e eventuais tablets, fossem lacrados e permaneçam selados até as equipes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em conjunto com a Polícia Federal, realizarem a extração e análise dos dados necessários para a apuração administrativa.

Macário é suspeito de vazar informações da ação contra o ex-deputado estadual do Rio de Janeiro Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, que teria ligação com o Comando Vermelho.

Segundo a Polícia Federal, Macário estava com o então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), em um jantar em 2 de setembro, na véspera da Operação Zargun, que levou à prisão de TH Joias.

Agentes da PF confirmaram que houve uma troca de mensagens, às 22h12 daquele dia, entre o assessor de Bacellar, Rui Carvalho Bulhões Júnior, e o parlamentar. Na conversa, o então presidente da Alerj relata a Rui que estava em uma reunião com o desembargador capixaba, na Churrascaria Assador.

A PF ainda teria encontrado, no celular do presidente da Alerj, uma troca de mensagens entre ele e o desembargador, o que embasou a operação. Após esse encontro, Bacellar teria avisado TH Joias sobre a operação da Polícia Federal.

Após ser avisado por Bacellar, TH Joias teria apagado dados do seu celular e se desfeito de objetos em casa. Com um aparelho novo, teria colocado Bacellar como primeiro contato na lista de comunicação urgente. Enquanto a Polícia Federal estava em sua residência, o então deputado enviou ao presidente da Alerj uma foto das imagens do sistema de segurança que mostravam a equipe dentro do local. Os ambientes estavam revirados e faltavam móveis.

Em 3 de dezembro, Bacellar foi preso durante outra operação, a primeira fase da Unha e Carne, a partir de uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As investigações mostraram indícios de que TH Joias usava o mandato para favorecer o Comando Vermelho e intermediava a compra e venda de fuzis, além de drogas e equipamentos antidrones.

De acordo com a denúncia, esses equipamentos eram utilizados para impedir ações policiais em áreas sob domínio da facção. TH ainda é acusado de nomear para cargos na Alerj pessoas investigadas por envolvimento com o CV.

A defesa de Bacellar afirmou que ele não atuou para obstruir investigações e negou ter vazado informações a possíveis alvos de operações da Polícia Federal. Os advogados dizem ainda que Bacellar foi ouvido pela PF e esclareceu tudo o que lhe foi perguntado.

A defesa de Macário Júdice foi procurada novamente por A Gazeta, mas não se manifestou. Em nota enviada na terça-feira (16), afirmou que apresentará os devidos esclarecimentos nos autos e requererá, oportunamente, a sua imediata soltura.

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