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Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 15:52
Na decisão em que decretou a prisão do desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apontou que o capixaba teria cometido uma série de crimes, entre eles formação de organização criminosa armada enquanto funcionário público e ter contribuído para obstruir a investigação contra o Comando Vermelho, no Rio de Janeiro.>
O ministro ainda afirma que o magistrado do Espírito Santo teria cometido outros delitos, como violação de sigilo funcional, fraude processual e favorecimento pessoal e real.>
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Por conta da suspeita de cometimento desses crimes, Moraes solicitou a prisão preventiva do desembargador. >
"A conduta delitiva de Macário Ramos Júdice Neto na promoção de organização criminosa e contribuição para obstrução de Justiça, assim como dos crimes de favorecimento real e pessoal — em claro alinhamento com demais investigados e autoridades 0151 —, demonstra, em tese, a gravidade concreta da atuação do desembargador federal, de modo que a prisão preventiva é imprescindível para resguardar a ordem pública e impedir a reiteração delitiva”, manifestou o ministro do Supremo.>
Macário é suspeito de vazar informações da ação contra o ex-deputado estadual do Rio de Janeiro Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, que teria ligação com o Comando Vermelho. >
Segundo a Polícia Federal, Macário estava com o então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), em um jantar em 2 de setembro, na véspera da Operação Zargun, que levou à prisão de TH Joias.>
Agentes da PF confirmaram que houve uma troca de mensagens, às 22h12 daquele dia, entre o assessor de Bacellar, Rui Carvalho Bulhões Júnior, e o parlamentar. Na conversa, o então presidente da Alerj relata a Rui que estava em uma reunião com o desembargador capixaba, na Churrascaria Assador.>
A PF ainda teria encontrado, no celular do presidente da Alerj, uma troca de mensagens entre ele e o desembargador, o que embasou a operação. Após esse encontro, Bacellar teria avisado TH Joias sobre a operação da Polícia Federal.>
Após ser avisado por Bacellar, TH Joias teria apagado dados do seu celular e se desfeito de objetos em casa. Com um aparelho novo, teria colocado Bacellar como primeiro contato na lista de comunicação urgente. Enquanto a Polícia Federal estava em sua residência, o então deputado enviou ao presidente da Alerj uma foto das imagens do sistema de segurança que mostravam a equipe dentro do local. Os ambientes estavam revirados e faltavam móveis.>
Em 3 de dezembro, Bacellar foi preso durante outra operação, a primeira fase da Unha e Carne, a partir de uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).>
As investigações mostraram indícios de que TH Joias usava o mandato para favorecer o Comando Vermelho e intermediava a compra e venda de fuzis, além de drogas e equipamentos antidrones.>
De acordo com a denúncia, esses equipamentos eram utilizados para impedir ações policiais em áreas sob domínio da facção. TH ainda é acusado de nomear para cargos na Alerj pessoas investigadas por envolvimento com o CV.>
A defesa de Bacellar afirmou que ele não atuou para obstruir investigações e negou ter vazado informações a possíveis alvos de operações da Polícia Federal. Os advogados dizem ainda que Bacellar foi ouvido pela PF e esclareceu tudo o que lhe foi perguntado.>
Em nota enviada à reportagem de A Gazeta, o advogado Fernando Augusto Fernandes, que atua na defesa de Macário, afirmou que não teve acesso à cópia da decisão que decretou a prisão do desembargador, “obstando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa”. “A defesa apresentará os devidos esclarecimentos nos autos e requererá, oportunamente, a sua imediata soltura”, manifestou no texto.>
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