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Desembargador do ES preso pela PF está em cela com frigobar, ventilador e TV

Desembargador do ES preso pela PF está em cela com frigobar, ventilador e TV

Macário Júdice Neto foi preso terça-feira (16) e estava na Superintendência da Polícia Federal, mas foi transferido

Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 10:47

 Capixaba chegou a ficar 18 anos afastado das funções por suposta participação em um esquema de venda de sentenças e favorecimento a uma organização criminosa especializada em jogo do bicho e máquinas caça-níqueis

O desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), foi transferido para a Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Ele foi preso na manhã de terça-feira (16), durante a Operação Unha e Carne 2, e ocupava a sala de Estado Maior da Superintendência da Polícia Federal.

Conforme apuração da colunista Vera Araújo, do jornal O Globo, a sala na qual o desembargador ficará conta com cama, televisão, refrigerador e ventilador. Como o sistema penitenciário fluminense não tem sala de Estado Maior, um cômodo dentro da cadeia precisou ser adaptado. A unidade é destinada a receber agentes de segurança presos.

Por lei, presos específicos, como advogados, juízes, promotores e defensores públicos, precisam ser acomodados em sala de Estado-Maior, um ambiente separado, sem grades, localizado em unidades prisionais ou em batalhões da Polícia Militar, que tenha instalações e comodidades adequadas à higiene e à segurança.

Suspeito de vazar informações

Conforme documentos obtidos por Octavio Guedes, do g1, Macário estava com o então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), em um jantar em 2 de setembro, na véspera da Operação Zargun, que levou à prisão de TH Joias.

Agentes da PF confirmaram que houve uma troca de mensagens, às 22h12 daquele dia, entre o assessor de Bacellar, Rui Carvalho Bulhões Júnior, e ele. Na conversa, o então presidente da Alerj relata a Rui que estava em uma reunião com o desembargador capixaba, na Churrascaria Assador.

A PF ainda teria encontrado, no celular do presidente da Alerj, uma troca de mensagens entre ele e o desembargador, o que embasou a operação. Após esse encontro, Bacellar teria avisado TH Joias sobre a operação da Polícia Federal.

Após ser avisado por Bacellar, TH Joias teria apagado dados do seu celular e se desfeito de objetos em casa. Com um aparelho novo, teria colocado Bacellar como primeiro contato na lista de comunicação urgente. Enquanto a Polícia Federal estava em sua residência, o então deputado enviou ao presidente da Alerj uma foto de imagens do sistema de segurança que mostravam a equipe dentro do local. Os ambientes estavam revirados e faltavam móveis.

Em 3 de dezembro, Bacellar foi preso durante outra operação, a primeira fase da Unha e Carne, a partir de uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As investigações mostraram indícios de que TH Joias usava o mandato para favorecer o Comando Vermelho e intermediava compra e venda de fuzis, além de drogas e equipamentos antidrones.

De acordo com a denúncia, esses equipamentos eram utilizados para impedir ações policiais em áreas sob domínio da facção. TH ainda é acusado de nomear para cargos na Alerj pessoas investigadas por envolvimento com o CV.

A defesa de Bacellar afirmou que ele não atuou para obstruir investigações e negou ter vazado informações a possíveis alvos de operações da Polícia Federal. Os advogados dizem ainda que Bacellar foi ouvido pela PF e esclareceu tudo o que lhe foi perguntado.

Em nota enviada à reportagem de A Gazeta, o advogado Fernando Augusto Fernandes, que atua na defesa de Macário, afirmou que não teve acesso à cópia da decisão que decretou a prisão do desembargador, “obstando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa”. “A defesa apresentará os devidos esclarecimentos nos autos e requererá, oportunamente, a sua imediata soltura”, manifestou em nota.

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