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Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 17:01
O desembargador capixaba Macário Judice, preso nesta terça-feira (16), na Operação Unha e Carne 2, da Polícia Federal, é suspeito de vazar informações da ação contra o ex-deputado estadual do Rio de Janeiro Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, que teria ligação com o Comando Vermelho.>
Conforme documentos obtidos por Octavio Guedes, do g1, Macário estava com o então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), em um jantar em 2 de setembro, na véspera da Operação Zargun, que levou à prisão de TH Joias.>
Agentes da PF confirmaram que houve uma troca de mensagens, às 22h12 daquele dia, entre o assessor de Bacellar, Rui Carvalho Bulhões Júnior e ele. Na conversa, o então presidente da Alerj relata a Rui que estava em uma reunião com o desembargador capixaba, na Churrascaria Assador.>
A PF ainda teria encontrado no celular do presidente da Alerj uma troca de mensagens entre ele e o desembargador, o que embasou a operação. Após esse encontro, Bacellar teria avisado TH Joias sobre a operação da Polícia Federal. >
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Após ser avisado por Bacellar, TH Joias teria apagado dados do seu celular e se desfeito de objetos em casa. Com um aparelho novo, teria colocado Bacellar como primeiro contato na lista de comunicação urgente. Enquanto a a Polícia Federal estava em sua residência, o então deputado enviou ao presidente da Alerj uma foto de imagens do sistema de segurança que mostravam a equipe dentro do local. Os ambientes estavam revirados e faltavam móveis.>
Em 3 de dezembro, Bacellar foi preso durante outra operação, a primeira fase da Unha e Carne, a partir de uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). >
As investigações mostraram indícios de que TH Joias usava o mandato para favorecer o Comando Vermelho e intermediava compra e venda de fuzis, além de drogas e equipamentos antidrones. >
De acordo com a denúncia, esses equipamentos eram utilizados para impedir ações policiais em áreas sob domínio da facção. TH ainda é acusado de nomear para cargos na Alerj pessoas investigadas por envolvimento com o CV. >
A defesa de Bacellar afirmou para a Folha de S. Paulo que ele não atuou para obstruir investigações e negou ter vazado informações a possíveis alvos de operações da Polícia Federal. Os advogados dizem ainda que Bacellar foi ouvido pela PF "esclareceu tudo o que lhe foi perguntado".>
Em nota enviada à reportagem de A Gazeta, o advogado Fernando Augusto Fernandes afirmou ainda que não teve acesso à cópia da decisão que decretou a prisão do desembargador, “obstando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa”. “A defesa apresentará os devidos esclarecimentos nos autos e requererá, oportunamente, a sua imediata soltura”, manifestou em nota.>
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