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Linha do tempo: veja como desembargador do ES teria vazado operação da PF

Linha do tempo: veja como desembargador do ES teria vazado operação da PF

Polícia Federal aponta que Macário Júdice teria compartilhado informações que teriam chegado a ex-deputado suspeito de ligação com o Comando Vermelho

Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 12:29

 Capixaba chegou a ficar 18 anos afastado das funções por suposta participação em um esquema de venda de sentenças e favorecimento a uma organização criminosa especializada em jogo do bicho e máquinas caça-níqueis

Na decisão em que determinou a prisão do desembargador capixaba Macário Júdice, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma linha do tempo que mostra como a operação policial contra o ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, teria sido vazada.

A linha do tempo mostra desde o momento em que o desembargador teria autorizado a operação da Polícia Federal, que tinha por objetivo descobrir os braços políticos do Comando Vermelho, até quando a corporação chega ao imóvel do então deputado, alvo da ação, e constata que objetos haviam sido retirados do local antes de os agentes chegarem. Confira no infográfico abaixo.

Segundo a investigação, Macário estava com o então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), em um jantar em 2 de setembro, na véspera da Operação Zargun (antes chamada de Oricalco), que levou à prisão de TH Joias.

Agentes da PF confirmaram que houve uma troca de mensagens, às 22h12 daquele dia, entre o assessor de Bacellar, Rui Carvalho Bulhões Júnior, e o parlamentar. Na conversa, o então presidente da Alerj relata a Rui que estava em uma reunião com o desembargador capixaba, na Churrascaria Assador.

A PF ainda teria encontrado, no celular do presidente da Alerj, uma troca de mensagens entre ele e o desembargador, o que embasou a investigação. Depois disso, Bacellar teria avisado TH Joias sobre a operação da Polícia Federal.

Após ser avisado por Bacellar, TH Joias teria apagado dados do seu celular e se desfeito de objetos em casa. Com um aparelho novo, teria colocado Bacellar como primeiro contato na lista de comunicação urgente. Enquanto a Polícia Federal estava em sua residência, o então deputado enviou ao presidente da Alerj uma foto das imagens do sistema de segurança que mostravam a equipe dentro do local. Os ambientes estavam revirados e faltavam móveis.

Em 3 de dezembro, Bacellar foi preso durante outra operação, a primeira fase da Unha e Carne, a partir de uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As investigações mostraram indícios de que TH Joias usava o mandato para favorecer o Comando Vermelho e intermediava compra e venda de fuzis, além de drogas e equipamentos antidrones.

De acordo com a denúncia, esses equipamentos eram utilizados para impedir ações policiais em áreas sob domínio da facção. TH ainda é acusado de nomear para cargos na Alerj pessoas investigadas por envolvimento com o CV.

A defesa de Bacellar afirmou que ele não atuou para obstruir investigações e negou ter vazado informações a possíveis alvos de operações da Polícia Federal. Os advogados dizem ainda que Bacellar foi ouvido pela PF e esclareceu tudo o que lhe foi perguntado.

Em nota enviada à reportagem de A Gazeta, o advogado Fernando Augusto Fernandes, que atua na defesa de Macário, afirmou que não teve acesso à cópia da decisão que decretou a prisão do desembargador, “obstando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa”. “A defesa apresentará os devidos esclarecimentos nos autos e requererá, oportunamente, a sua imediata soltura”, manifestou em nota.

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