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Apartamento em Vitória de desembargador preso foi alvo de busca e apreensão

Apartamento em Vitória de desembargador preso foi alvo de busca e apreensão

Macário Júdice Neto foi preso nesta terça-feira (16), por suspeita de vazar informações sobre operação que tinha o objetivo de desarticular braço político e financeiro do Comando Vermelho

Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 19:34

 Capixaba chegou a ficar 18 anos afastado das funções por suposta participação em um esquema de venda de sentenças e favorecimento a uma organização criminosa especializada em jogo do bicho e máquinas caça-níqueis

Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) cumpriu mandado de busca e apreensão no endereço em Vitória do desembargador Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), preso na manhã desta terça-feira (16). Conforme informações obtidas pela reportagem de A Gazeta, os agentes estiveram em um apartamento do magistrado situado na Rua Joaquim Lírio, na Praia do Canto. 

A diligência policial ocorrida pela manhã teria resultado na apreensão do aparelho telefônico da esposa do magistrado, Flávia Ferraço, e outros aparelhos eletrônicos. Flávia, ex-assessora da Assembleia do Rio de Janeiro, estaria no imóvel durante abordagem. Já Macário foi preso em sua casa na Barra da Tijuca, na Zona Sudoeste do Rio de Janeiro.

Além da prisão do magistrado e da busca no apartamento em Vitória, os agentes federais cumpriram outros nove mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A prisão do desembargador ocorreu no âmbito da Operação Unha e Carne 2, da Polícia Federal, deflagrada para investigar a atuação de agentes públicos no vazamento de informações sigilosas sobre operações policiais. A suspeita é de que o magistrado tenha vazado informações em setembro deste ano sobre operação Zargun , que tinha o objetivo de desarticular o braço político e financeiro do Comando Vermelho no Rio de Janeiro. 

Na primeira fase da operação, foi preso o ex-presidente da Alerj, o deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil). Segundo as investigações, Bacellar teria alertado o ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, sobre uma ação que seria realizada pela PF na casa dele. TH Joias, preso em 3 de setembro, usaria o cargo para favorecer a facção criminosa.

Macário Júdice é o relator do caso de TH Joias no Tribunal Regional Federal (TRF) 2. Ele foi o magistrado que, em setembro, expediu o mandado de prisão de TH Joias, então deputado. 

Em nota enviada à reportagem de A Gazeta, o advogado do desembargador, Fernando Augusto Fernandes, alegou que o ministro Alexandre de Moraes “foi induzido ao erro” ao decretar a prisão. A defesa afirmou ainda que não teve acesso à cópia da decisão que decretou a prisão do desembargador, “obstando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa”. “A defesa apresentará os devidos esclarecimentos nos autos e requererá, oportunamente, a sua imediata soltura”, disse.

Ligação com facção

A investigação envolvendo TH Joias apura a relação entre agentes públicos e facções criminosas no Rio de Janeiro. O ex-deputado foi preso em setembro, acusado de tráfico de drogas e associação ao Comando Vermelho, além de usar o mandato para beneficiar a facção criminosa. Outras 14 pessoas também foram detidas.

Júdice Neto tem 59 anos e nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Espírito Santo. É formado em direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e iniciou a carreira como juiz federal em 1993.

Ele ficou afastado da magistratura por cerca de 18 anos, em razão de investigações sobre suspeitas de irregularidades no exercício da função. Em 2022, após revisão do caso pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foi reintegrado à magistratura federal, retornou ao cargo de juiz e, em 2023, foi promovido a desembargador.

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