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Derrotados na eleição vão ganhar até R$ 8,9 mil na Prefeitura de Vitória

Derrotados na eleição vão ganhar até R$ 8,9 mil na Prefeitura de Vitória

Candidatos a vereador em 2020, eles foram nomeados para cargos comissionados pelo prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos). Lista inclui líderes comunitários e aliados políticos

Publicado em 10 de janeiro de 2021 às 20:10- Atualizado há 3 anos

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prédio da Prefeitura de Vitória
Prefeitura de Vitória publicou nomeações de servidores comissionados nos primeiros dias de governo. Também promoveu exonerações. (Fábio Vicentini/Arquivo)
Autor - Iara Diniz
Iara Diniz
Repórter de Política / [email protected]

Pelo menos oito candidatos que disputaram vagas de vereador em Vitória nas eleições de 2020, mas não tiveram sucesso, têm um lugar garantido na prefeitura da Capital. Eles foram nomeados pelo prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) para exercer cargos comissionados. Três deles vão atuar como subsecretários, com salário de R$ 8,9 mil, valor que corresponde ao que receberiam se tivessem sido eleitos para a Câmara.

Entre os nomeados estão líderes comunitários, partidários e aliados de primeira hora do prefeito durante a campanha, como é o caso de Evandro Figueiredo (Republicanos). De acordo com a equipe de Pazolini, eles foram selecionados após análise de currículo.

Lorenzo Pazolini e Capitã Estéfane, com Regis Mattos, Juliana Rohsner e Gustavo Perin, que estarão na equipe da Prefeitura de Vitória em 2021(Natalia Devens)

Liderança no bairro Jardim Camburi, Evandro Figueiredo foi um dos apoiadores mais fiéis de Pazolini, sempre aparecendo ao lado do então candidato a prefeito. Nas urnas, conquistou 971 votos.

No registro de candidatura feito na Justiça Eleitoral, declara-se como empresário e diz que possui ensino superior incompleto. Evandro já atuou como servidor comissionado em gabinetes de deputados estaduais, entre eles Amaro Neto, que hoje é deputado federal. Amaro é do mesmo partido de Pazolini.

Ele também foi diretor-geral da Câmara de Cariacica e diretor da Ouvidoria da Assembleia Legislativa. Na Prefeitura de Vitória, Evandro assume o cargo de subsecretário de Relações Institucionais. 

Em 2018, quando era assessor especial da Secretaria de Estado de Esportes, no governo Hartung, foi apontado, em uma investigação da Polícia Federal, como autor da publicação de uma pesquisa fraudulenta em um site. A pesquisa projetava a vitória de Hartung na eleição daquele ano para o governo do Estado. Hartung acabou nem sendo candidato. Evandro chegou a admitir que errou ao divulgar uma pesquisa não registrada, mas alegou que agiu assim por falta de informação.

O SALÁRIO

Na atual administração da Prefeitura de Vitória, os subsecretários tiveram um reajuste de 47%. O salário passou de R$ 6,1 mil para R$ 8,9 mil. Como contrapartida para não haver aumento de despesas, Pazolini extinguiu 56 cargos da prefeitura. 

Assim como Evandro, a maioria dos candidatos derrotados a vereador que recebeu um lugar na gestão de Pazolini faz parte do partido do prefeito. Destaca-se a presidente estadual do Republicanos Mulher, Maria Adelina Diniz, que teve 139 votos no pleito. Ela, que é psicanalista, vai ser coordenadora de Políticas de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher. O salário é de R$ 2.917,32

A área deve ficar sob o comando da ex-vereadora Neuzinha (PSDB), que concorreu à prefeitura, mas ficou para trás no primeiro turno. Conforme publicado pelo colunista Vitor Vogas, Neuzinha vai assumir a secretaria de Direitos Humanos. Ela foi cotada para ser vice de Pazolini e declarou apoio a ele no segundo turno. 

Quem também se deu bem foi o ex-treinador da Seleção Brasileira de futebol de areia Índio (Republicanos). Formado em Educação Física, ele teve 861 votos e vai ser subsecretário de Esportes, com um salário de R$ 8,9 mil. No comando da pasta, como secretário, deve estar Sandro Parrini (DEM), ex-vereador de Vitória.

Parrini é ex-jogador de futebol e chegou a jogar pelo Rio Branco. Ele foi o presidente da Comissão de Esporte e Lazer da Câmara de Vitória e subsecretário de Esportes e Lazer em uma das gestões de João Coser (PT).

O ex-vereador é do DEM, partido que esteve ao lado de Pazolini desde o início da campanha. O salário de um secretário em Vitória é de R$ 13.871. Tanto Parrini quanto Neuzinha vão receber esse valor. 

Na pasta de Parrini foi alocado o morador de Santo Antônio Wilson Barbosa (Republicanos). Aos 23 anos, ele vai assumir o cargo de assistente técnico na Secretaria de Esportes. O salário é de R$ 2.917,32.

Barbosa é formado em Administração e prestava consultoria para empresas de projetos e estruturas em obras públicas. Dos nomeados por Pazolini, ele foi o que teve menos votos: 47.

Completando a "cota" do partido, está a dona de casa Lucinéia dos Santos Martins (Republicanos), mais conhecida como Neia. A futura servidora da Prefeitura de Vitória estava lotada no gabinete do presidente da Assembleia, Erick Musso (Republicanos). Erick e Pazolini, além de serem do mesmo partido, são amigos.

Neia foi líder comunitária de Nova Palestina e teve 298 votos. Na Assembleia, ela recebia R$ 1.419,56. Agora, como assessora técnica na Central de Serviços da Capital, vai ganhar mais do que o dobro: R$ 2.917,61.

Há também filiados ao PV, ao Novo e ao PSD com cargos no governo de Pazolini. Desses, o PSD foi o único que declarou apoio explícito ao atual prefeito no segundo turno.

O estudante de Direito Breno Panetto (Novo) foi nomeado como subsecretário de Direitos Humanos. Ele tem 24 anos, desenvolve estudos nas áreas de Direitos Humanos, Bioética/Diodireito, Direito Internacional dos Refugiados e Filosofia do Direito. Breno se autodeclara negro e gay. O salário dele vai ser de R$ 8,9 mil.

No grupo de nomeados, ele foi o que recebeu mais votos, sendo a escolha de 1.669 eleitores. A quantidade é maior, inclusive, do que a recebida por cinco vereadores que compõem a atual legislatura. Mas, por causa do quociente eleitoral, ele não foi eleito.

Nomeações variam de cargos e salários
Candidatos a vereador que não conseguiram se eleger são abrigados na Prefeitura de Vitória. (Reprodução/Divulgacand)

Ainda compõem o time o administrador André Luís Campos Pinheiro Alves (PSD) e Paulo Vitor Dal'col (PV). Eles vão atuar, respectivamente, como gerente de Esporte e Lazer na Secretaria de Esporte, e assessor técnico de Meio Ambiente. Para os dois cargos, o salário é de R$ 4.231, 61.

André Luís foi assessor do ex-vereador Mazinho dos Anjos (PSD) na Câmara de Vitória. Formado em Administração pela UVV, ele conquistou 517 votos nas urnas.

Já Paulo Vitor é formado em Direito, com especialização em Direito Ambiental. Foi presidente da Associação de Moradores de Mata da Praia e atualmente exerce o cargo de consultor da juventude da Unesco.

Paulo Vitor é neto de Erasto Aquino, ex-prefeito de Itarana e conselheiro aposentado do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES). Ele já atuou em outras prefeituras, como servidor comissionado em Cariacica Vila Velha. Nas eleições de 2020, teve 1.062 votos e contou com o apoio declarado do deputado federal Felipe Rigoni (PSB) e do deputado estadual Sergio Majeski (PSB).

O QUE DIZ A PREFEITURA

Por meio de nota, a equipe do prefeito Lorenzo Pazolini informou que os currículos de todos os nomeados foram analisados para estarem no cargo. E listou algumas das atividades dos escolhidos, mencionadas nesta reportagem.

Errata Correção
18 de janeiro de 2021 às 13:00

A primeira versão deste texto dizia que André Luís Campos Pinheiro Alves havia sido coordenador de Esportes e Lazer da Prefeitura de Vitória. A informação foi dada pela assessoria do prefeito Lorenzo Pazolini. Após a publicação desta reportagem, André Luís entrou em contato com A Gazeta e afirmou que não exerceu o cargo. A reportagem também informava, equivocadamente, que Evandro Figueiredo era formado em Direito e em Administração e foi chefe de gabinete do então deputado estadual Amaro Neto. Na verdade, Evandro não tem diploma de ensino superior até o momento e não foi chefe de gabinete e sim subcoordenador. As informações foram corrigidas.

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