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Publicado em 19 de setembro de 2022 às 18:03
Primeiro entrevistado da série de sabatinas com os candidatos ao governo do Espírito Santo promovida por A Gazeta e pela rádio CBN Vitória, o atual governador do Estado e candidato à reeleição, Renato Casagrande (PSB), atribuiu o aumento de confrontos entre facções criminosas à política de incentivo às armas do presidente Jair Bolsonaro (PL). A entrevista foi concedida na manhã desta segunda-feira (19) e teve uma hora de duração. >
Sem citar o nome do presidente, Casagrande criticou o “incentivo às pessoas terem armas, portarem armas e terem posse de armas”. “Tem gente que não tem nenhum antecedente criminal e faz parte de organização criminosa, que pode comprar seis rifles, não sei quantas munições. O Espírito Santo é um Estado em que cresceu muito o acesso legal às armas. Parte delas vai para grupos criminosos”, afirmou o candidato.>
Para tentar minimizar o avanço do arsenal de criminosos, ele aposta em ações de inteligência policial e no uso de tecnologias. O candidato do PSB voltou a falar sobre a migração da segurança pública do ambiente analógico para o digital, com investimentos na instalação de 1.650 câmeras até o final de 2022, conectadas a diversos órgãos governamentais, como o Detran-ES e o Ciodes, com o intuito de ajudar a monitorar veículos usados por grupos criminosos, entre outras coisas.>
Durante a entrevista, Casagrande também respondeu perguntas sobre a queda do desempenho do Espírito Santo em dois rankings: caiu cinco posições no de competitividade, realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP); e passou da primeira para a terceira melhor nota do ensino médio do Brasil, de acordo com dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). >
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Além de Casagrande, os outros quatro candidatos ao governo do Estado mais bem colocados na pesquisa Ipec/Rede Gazeta divulgada no dia 2 de setembro serão entrevistados ao longo desta semana. A ordem dos sabatinados foi definida pela colocação deles na sondagem estimulada de intenção de votos. Nesta terça-feira (20) vai ser a vez de Manato (PL); na quarta-feira (21), Guerino Zanon (PSD); na quinta-feira (22), Audifax (Rede); e na sexta-feira (23), Capitão Vinicius Sousa (PSTU).>
Os candidatos Aridelmo Teixeira (Novo) e Cláudio Paiva (PRTB), que não estavam entre os cinco melhores colocados na pesquisa Ipec, mas pontuaram, vão participar de uma entrevista com duração de cinco minutos a ser veiculada no sábado (24) na rádio e no site. >
Questionado sobre a perda de duas posições no ranking do Ideb, Casagrande disse que o governo já esperava que a pandemia causaria problemas na qualidade da educação. O Espírito Santo alcançou a nota 4,5 no Ideb do ensino médio, ficando em 3º lugar no Brasil, considerando escolas públicas e particulares. Os dados atuais foram apurados em 2021 e divulgados na sexta-feira (16).>
Na avaliação do candidato do PSB, quem tinha bons resultados perdeu mais e mencionou que "muitos Estados passaram todo mundo", referindo-se à aprovação automática na pandemia, adotada por muitas redes de ensino. Para voltar ao primeiro lugar do ranking, ele disse que o Estado vai apostar na escola de tempo integral e na "escola do futuro", projeto que vem apresentando como proposta na área da educação para um eventual novo mandato, que inclui investimentos na infraestrutura das escolas, com laboratórios completos e energia solar, entre outras medidas.>
Sobre o aumento do encarceramento de jovens, caso seja aprovada a antecipação da maioridade penal para 16 anos, como ele defende em casos de crimes hediondos, o candidato do PSB disse que "pode ser que aumente a pressão do sistema prisional". Casagrande reiterou sua opinião pessoal e a justificou por haver "jovens de 16 a 18 anos que cometem crimes muito bárbaros".>
"É insustentável não ter uma orientação com relação à penalização desses praticantes de crimes. Pode ser que aumente a pressão do sistema prisional, se isso for aprovado, mas é um assunto do Congresso Nacional. Independentemente da posição do Congresso, vamos continuar fazendo um investimento da ressocialização", acrescentou. Ele citou a abertura de mais 1.100 vagas no sistema prisional este ano e a previsão de financiamento para a construção de novas unidades em Linhares e Cachoeiro de Itapemirim nos próximos quatro anos.>
Indagado sobre o caso do adolescente de Cachoeiro de Itapemirim que morreu enquanto aguardava vaga no Himaba (Hospital Estadual Infantil Maternidade Alzir Bernadino Alves) e do quanto ele representa a situação de pessoas que moram no interior do Estado e são obrigadas a se deslocarem à Região Metropolitana da Grande Vitória para atendimento especializado, Casagrande respondeu que foi aberta uma auditoria para apurar a responsabilidade pela morte e garantiu que o caso não ficará sem resposta.>
Sobre a área da saúde em si, ele citou as realizações da atual gestão, como o avanço do número de municípios com base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de 17 para 78, e o salto da quinta pior para a quinta melhor cobertura de Saúde da Família no Estado. "Em 2020 estaríamos colocando de pé a microrregionalização do sistema de saúde e tivemos de adiar por causa da pandemia. A partir de junho deste, ano a gente microrregionalizou exames e consultas e de leito hospitalar. Começamos a ofertar teleconsultas e isso vai evitar muito transporte", enumerou.>
Sobre a queda de cinco posições no ranking de competitividade, realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), o candidato do PSB voltou a afirmar que o governo está buscando o CLP para apurar todas as questões, porque discorda da mudança de metodologia do levantamento. >
"Temos um debate com o CLP porque eles mudaram a metodologia. O Poder Judiciário está fazendo um investimento importante para implantar o processo eletrônico no Tribunal de Justiça, que vai ser fundamental para a eficiência da máquina pública. Não tivemos redução de indicadores, por isso estamos em um debate com o CLP para apurar a fonte dos dados, porque pode ser que eles tenham usados fontes em que os dados estão atrasados”, disse.>
A respeito do discreto apoio ao seu candidato à Presidência da República, o ex-presidente Lula (PT), Casagrande disse que, se quisesse esconder Lula, não tinha declarado mais de uma vez que vai votar nele e reforçou que disputa a reeleição em uma ampla aliança, formada por 11 partidos, e que cada partido tem liberdade para apoiar o candidato a presidente que quiser. Ele ressaltou que, independentemente da sua posição, o eleitor está se orientando pelo debate nacional, polarizado entre Lula e Bolsonaro.>
Por conta dessa polarização nacional, ele afirmou que vai focar na questão local e disse que os cidadãos sabem que todos os partidos têm alguém com problema, não somente o PT. >
"Eu tenho de ficar focado no projeto local porque eu não sou apenas um militante partidário, sou governador, sou candidato a governador, quero ganhar a eleição, e tenho de manter diálogo com todos as candidaturas à Presidência da República. Vou defender a candidatura do presidente Lula, mas não preciso atacar nenhuma candidatura a presidente", pontuou.>
Acerca de demandas por infraestrutura que existem há décadas, como a duplicação das rodovias federais BR 262 e BR 101, se isso teria relação com a falta de interlocução das lideranças capixabas em Brasília, o candidato do PSB afirmou que não é esse o problema, lembrando que pegou "um período de governo federal quebrado", sem dinheiro para investimento com recursos próprios. Ele citou investimentos durante os governos dos ex-presidentes petistas Lula e Dilma Rousseff e disse que, desde o fim do governo dela, a União está sem capacidade de investimento.>
"O governo federal tem que se ajustar. Se o governo federal depender sempre de uma parceria com o setor privado… por exemplo, o setor privado não investe na BR 262; ou vai ter um investimento público do governo federal e eu tenho disposição para ser parceiro do governo federal — já levei isso ao governo federal — ou nós não vamos conseguir investimento do setor privado. O investimento é muito alto para não ter primeiro um investimento público. Para você viabilizar investimento privado, tem de ter o país organizado e, infelizmente, esse país nosso está desorganizado na área fiscal", criticou.>
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