> >
Casagrande diz que política de armas de Bolsonaro prejudica segurança no ES

Casagrande diz que política de armas de Bolsonaro prejudica segurança no ES

Atual governador foi o primeiro entrevistado na série com os candidatos ao governo promovida por A Gazeta e pela rádio CBN Vitória

Publicado em 19 de setembro de 2022 às 18:03

Ícone - Tempo de Leitura 7min de leitura
Sabatina CBN e A Gazeta com o candidato ao Governo do ES Renato Casagrande
Casagrande comentou sobre desempenho do Estado nas áreas de saúde e educação. (Fernando Madeira)
Ednalva Andrade
Repórter / [email protected]

Primeiro entrevistado da série de sabatinas com os candidatos ao governo do Espírito Santo promovida por A Gazeta e pela rádio CBN Vitória, o atual governador do Estado e candidato à reeleição, Renato Casagrande (PSB), atribuiu o aumento de confrontos entre facções criminosas à política de incentivo às armas do presidente Jair Bolsonaro (PL). A entrevista foi concedida na manhã desta segunda-feira (19) e teve uma hora de duração.

Sem citar o nome do presidente, Casagrande criticou o “incentivo às pessoas terem armas, portarem armas e terem posse de armas”. “Tem gente que não tem nenhum antecedente criminal e faz parte de organização criminosa, que pode comprar seis rifles, não sei quantas munições. O Espírito Santo é um Estado em que cresceu muito o acesso legal às armas. Parte delas vai para grupos criminosos”, afirmou o candidato.

Para tentar minimizar o avanço do arsenal de criminosos, ele aposta em ações de inteligência policial e no uso de tecnologias. O candidato do PSB voltou a falar sobre a migração da segurança pública do ambiente analógico para o digital, com investimentos na instalação de 1.650 câmeras até o final de 2022, conectadas a diversos órgãos governamentais, como o Detran-ES e o Ciodes, com o intuito de ajudar a monitorar veículos usados por grupos criminosos, entre outras coisas.

Durante a entrevista, Casagrande também respondeu perguntas sobre a queda do desempenho do Espírito Santo em dois rankings: caiu cinco posições no de competitividade, realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP); e passou da primeira para a terceira melhor nota do ensino médio do Brasil, de acordo com dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)

Além de Casagrande, os outros quatro candidatos ao governo do Estado mais bem colocados na pesquisa Ipec/Rede Gazeta divulgada no dia 2 de setembro serão entrevistados ao longo desta semana. A ordem dos sabatinados foi definida pela colocação deles na sondagem estimulada de intenção de votos. Nesta terça-feira (20) vai ser a vez de Manato (PL); na quarta-feira (21), Guerino Zanon (PSD); na quinta-feira (22), Audifax (Rede); e na sexta-feira (23), Capitão Vinicius Sousa (PSTU).

Os candidatos Aridelmo Teixeira (Novo) e Cláudio Paiva (PRTB), que não estavam entre os cinco melhores colocados na pesquisa Ipec, mas pontuaram, vão participar de uma entrevista com duração de cinco minutos a ser veiculada no sábado (24) na rádio e no site.

VEJA A ENTREVISTA COMPLETA

QUEDA DA NOTA DO ESPÍRITO SANTO NO IDEB

Questionado sobre a perda de duas posições no ranking do Ideb, Casagrande disse que o governo já esperava que a pandemia causaria problemas na qualidade da educação. O Espírito Santo alcançou a nota 4,5 no Ideb do ensino médio, ficando em 3º lugar no Brasil, considerando escolas públicas e particulares. Os dados atuais foram apurados em 2021 e divulgados na sexta-feira (16).

Na avaliação do candidato do PSB, quem tinha bons resultados perdeu mais e mencionou que "muitos Estados passaram todo mundo", referindo-se à aprovação automática na pandemia, adotada por muitas redes de ensino. Para voltar ao primeiro lugar do ranking, ele disse que o Estado vai apostar na escola de tempo integral e na "escola do futuro", projeto que vem apresentando como proposta na área da educação para um eventual novo mandato, que inclui investimentos na infraestrutura das escolas, com laboratórios completos e energia solar, entre outras medidas.

SISTEMA PRISIONAL E ANTECIPAÇÃO DA MAIORIDADE

Sobre o aumento do encarceramento de jovens, caso seja aprovada a antecipação da maioridade penal para 16 anos, como ele defende em casos de crimes hediondos, o candidato do PSB disse que "pode ser que aumente a pressão do sistema prisional". Casagrande reiterou sua opinião pessoal e a justificou por haver "jovens de 16 a 18 anos que cometem crimes muito bárbaros".

"É insustentável não ter uma orientação com relação à penalização desses praticantes de crimes. Pode ser que aumente a pressão do sistema prisional, se isso for aprovado, mas é um assunto do Congresso Nacional. Independentemente da posição do Congresso, vamos continuar fazendo um investimento da ressocialização", acrescentou. Ele citou a abertura de mais 1.100 vagas no sistema prisional este ano e a previsão de financiamento para a construção de novas unidades em Linhares e Cachoeiro de Itapemirim nos próximos quatro anos.

SAÚDE

Indagado sobre o caso do adolescente de Cachoeiro de Itapemirim que morreu enquanto aguardava vaga no Himaba (Hospital Estadual Infantil Maternidade Alzir Bernadino Alves) e do quanto ele representa a situação de pessoas que moram no interior do Estado e são obrigadas a se deslocarem à Região Metropolitana da Grande Vitória para atendimento especializado, Casagrande respondeu que foi aberta uma auditoria para apurar a responsabilidade pela morte e garantiu que o caso não ficará sem resposta.

Sobre a área da saúde em si, ele citou as realizações da atual gestão, como o avanço do número de municípios com base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de 17 para 78, e o salto da quinta pior para a quinta melhor cobertura de Saúde da Família no Estado. "Em 2020 estaríamos colocando de pé a microrregionalização do sistema de saúde e tivemos de adiar por causa da pandemia. A partir de junho deste, ano a gente microrregionalizou exames e consultas e de leito hospitalar. Começamos a ofertar teleconsultas e isso vai evitar muito transporte", enumerou.

COMPETITIVIDADE

Sobre a queda de cinco posições no ranking de competitividade, realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), o candidato do PSB voltou a afirmar que o governo está buscando o CLP para apurar todas as questões, porque discorda da mudança de metodologia do levantamento. 

"Temos um debate com o CLP porque eles mudaram a metodologia. O Poder Judiciário está fazendo um investimento importante para implantar o processo eletrônico no Tribunal de Justiça, que vai ser fundamental para a eficiência da máquina pública. Não tivemos redução de indicadores, por isso estamos em um debate com o CLP para apurar a fonte dos dados, porque pode ser que eles tenham usados fontes em que os dados estão atrasados”, disse.

APOIO DISCRETO A LULA

A respeito do discreto apoio ao seu candidato à Presidência da República, o ex-presidente Lula (PT), Casagrande disse que, se quisesse esconder Lula, não tinha declarado mais de uma vez que vai votar nele e reforçou que disputa a reeleição em uma ampla  aliança, formada por 11 partidos, e que cada partido tem liberdade para apoiar o candidato a presidente que quiser. Ele ressaltou que, independentemente da sua posição, o eleitor está se orientando pelo debate nacional, polarizado entre Lula e Bolsonaro.

Por conta dessa polarização nacional, ele afirmou que vai focar na questão local e disse que os cidadãos sabem que todos os partidos têm alguém com problema, não somente o PT.

"Eu tenho de ficar focado no projeto local porque eu não sou apenas um militante partidário, sou governador, sou candidato a governador, quero ganhar a eleição, e tenho de manter diálogo com todos as candidaturas à Presidência da República. Vou defender a candidatura do presidente Lula, mas não preciso atacar nenhuma candidatura a presidente", pontuou.

INVESTIMENTO FEDERAL E INTERLOCUÇÃO EM BRASÍLIA

Acerca de demandas por infraestrutura que existem há décadas, como a duplicação das rodovias federais BR 262 e BR 101, se isso teria relação com a falta de interlocução das lideranças capixabas em Brasília, o candidato do PSB afirmou que não é esse o problema, lembrando que pegou "um período de governo federal quebrado", sem dinheiro para investimento com recursos próprios. Ele citou investimentos durante os governos dos ex-presidentes petistas Lula e Dilma Rousseff e disse que, desde o fim do governo dela, a União está sem capacidade de investimento.

"O governo federal tem que se ajustar. Se o governo federal depender sempre de uma parceria com o setor privado… por exemplo, o setor privado não investe na BR 262; ou vai ter um investimento público do governo federal e eu tenho disposição para ser parceiro do governo federal — já levei isso ao governo federal — ou nós não vamos conseguir investimento do setor privado. O investimento é muito alto para não ter primeiro um investimento público. Para você viabilizar investimento privado, tem de ter o país organizado e, infelizmente, esse país nosso está desorganizado na área fiscal", criticou.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais