Publicado em 27 de fevereiro de 2020 às 20:51
O governador Renato Casagrande (PSB) não irá à Assembleia Legislativa até o dia 3 de março (próxima terça-feira) para prestar contas e responder a questionamentos de deputados, como previsto. De acordo com a assessoria do socialista, ele embarca para Brasília já na segunda (02) e retorna somente na quarta-feira (04).>
Lá, ele terá agenda com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para tratar de royalties do petróleo, assunto que pode impactar os cofres estaduais. O fato de o governador não ter ido ao Legislativo até agora, no entanto, motiva críticas entre integrantes da oposição. >
A Constituição Estadual prevê que o governador do Espírito Santo compareça anualmente à Assembleia Legislativa "para apresentar relatório sobre sua administração e responder a indagações dos deputados". E uma lei, de 2004, estabelece que ele faça isso "dentro dos primeiros 30 (trinta) dias de cada sessão legislativa ordinária da legislatura". >
A sessão legislativa começou em 2 de fevereiro. Logo, o prazo acaba no dia 03 de março. Nesta quinta-feira (27), Casagrande enviou ofício ao presidente da Assembleia, Erick Musso (Republicanos), informando que vai comparecer em data "a ser acordada" com Erick. >
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"Na oportunidade, apresentarei relatório detalhado das atividades do governo a serem desenvolvidas no corrente exercício, delineado no plano estratégico, prestarei contas anuais, conforme dispõe a Constituição Estadual", diz o texto.>
A relação entre Executivo e Legislativo já foi mais amena. Os deputados ligados às polícias, por exemplo, têm acirrado os ânimos em meio a reivindicações por reajuste salarial, o que já está em negociação. >
Na semana passada, deputados criticaram o governo em pronunciamentos e uma sessão chegou a ser derrubada em 12 minutos para, segundo a oposição, evitar mais críticas.>
O deputado Lorenzo Pazolini (sem partido), delegado da Polícia Civil e que há tempos se identifica com o grupo dos independentes em relação ao Executivo, diz que o adiamento demonstra "falta de transparência" por parte do governador. >
"Recebo isso com extrema surpresa, é um desrespeito à Constituição e à Lei Estadual 7.920/2004. A escolha deve ser feita nos 30 dias (iniciais da sessão legislativa) e não numa data posteriormente agendada. Por isso a lei está em vigor, para evitar sobreposição de um Poder sobre o outro", afirmou.>
"Credito isso ao fato de que a sociedade e o Legislativo têm algumas perguntas e o governo não tem resposta", complementou. Lembrado que, em outra data, as perguntas poderão ser feitas, o deputado disse que aí já será outro timing: "A sociedade terá talvez outras indagações".>
Líder do governo na Assembleia, o deputado Eustáquio de Freitas (PSB) diz que Casagrande ainda não foi à Casa por uma questão de agenda. Lembrou que o governador teve uma série de compromissos, internos e externos, nos últimos 30 dias e ainda teve que se dedicar à ajuda aos municípios afetados por fortes chuvas. >
Eustáquio de Freitas (PSB)
Deputado estadual e líder do governo Casagrande na Assembleia"Se tem uma coisa que ele fez e faz durante toda a sua trajetória é prestar contas. Não é a primeira vez que ele é governador e em todos os anos esteve na Assembleia", pontuou Freitas.>
Freitas aproveitou para alfinetar Pazolini: "Nem vale a pena responder, mas ele perguntou ao governador (na prestação de contas do ano passado) sobre a obra do Portal do Príncipe (em Vitória), que o governo anterior não tinha tocado. O governador respondeu, na lata, que a obra seria reiniciada, com recursos do BNDES. Quando o governador, depois, fez o anúncio, ele (Pazolini) resgatou a fala dele desse dia para dizer que era o pai da criança".>
"Ele é declaradamente de oposição e ainda gosta de tirar proveito das obras do governo do Estado", complementou.>
A reportagem procurou a Assembleia Legislativa, que informou, por meio da assessoria de imprensa, que a mensagem do governador deu entrada no sistema da Casa às 15h39 desta quinta, "comunicando que o governador não virá e não marcando nova data". "O presidente (Erick Musso) dará ciência ao plenário na segunda.">
O Regimento Interno da Assembleia Legislativa estabelece como deve ocorrer a prestação de contas do governador: ele se senta do lado direito do presidente da Casa; discursa por 30 minutos, sem ser interrompido; depois, os deputados podem fazer perguntas, com duração de três minutos; o governador tem cinco minutos para responder a cada uma. >
Há réplica e tréplica. A sessão não pode ultrapassar a duração de cinco horas. >
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