Publicado em 18 de fevereiro de 2020 às 20:06
O governo de Minas Gerais não está em dia nem com o pagamento do 13º salário dos servidores, mas enviou à Assembleia Legislativa daquele Estado uma proposta de reajuste de 41,7%, escalonado até dezembro de 2022, para os trabalhadores da segurança pública. >
Renato Casagrande (PSB), que comanda o Executivo no Espírito Santo, esteve com o colega mineiro, Romeu Zema (Novo), na última segunda-feira (17), para tratar de um plano de projetos que envolve os dois Estados. O governo capixaba também negocia um percentual com representantes de policiais militares, civis, bombeiros, inspetores penitenciários e agentes socioeducativos. >
Seria um reajuste, ao fim de quatro anos, de 30% ou 35% (no caso dos praças). Entidades de classe já criticaram a proposta, apontam que o ganho real (descontada a inflação) seria menor. O reajuste para essas categorias, no entanto, seria diferenciado. Outros servidores não seriam beneficiados da mesma forma, assim como ocorre em Minas. >
As coincidências, no entanto, param por aí. Além de as contas do governo mineiro não estarem na melhor forma, o percentual lá é maior e há descontentamento até entre integrantes do partido de Zema. O Novo, ao menos em tese, preza por números organizados na gestão pública e por um Estado menos inchado. >
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Questionado por A Gazeta, nesta terça-feira (18), se o reajuste a ser aplicado em Minas pode aumentar a pressão sobre o governo capixaba, Casagrande lembrou da situação desconfortável no Estado vizinho e destacou que não quer que o mesmo cenário se repita por aqui.>
Renato Casagrande (PSB)
Governador do Espírito SantoO governador continuou: "Aquilo que estou apresentando para os policiais é uma proposta que estou fazendo, está na mesa discutindo, para que a gente mantenha todos os pagamentos em dia com todos os servidores, com fornecedores e que me dê condição de fazer obras e prestar serviços no Estado".>
"Se estamos aqui com uma gestão fiscal na situação que estamos é porque temos responsabilidade com aquilo que a gente faz. Já tem nove anos seguidos que a gente tem nota A na gestão fiscal. Não posso correr risco nos meus compromissos com fornecedores, com servidores públicos, com o que eu tenho que fazer em termos de obras e prestação de serviços, com o resultado da educação. Não posso correr risco", ressaltou.>
O projeto de lei enviado por Romeu Zema foi aprovado em primeiro turno na Assembleia Legislativa de Minas nesta terça-feira. Não sem muita confusão. As galerias da casa ficaram lotadas. Professores e servidores da saúde foram lá reivindicar o mesmo reajuste a ser concedido aos profissionais da segurança. Tiveram até que ficar em galerias opostas para minimizar o risco de confronto com policiais e afins. >
Texto publicado no site da Assembleia mineira ressalta que os únicos dois votos contrários ao projeto partiram justamente de deputados do Novo. Eles alegam que o chefe do Executivo foi pressionado pelos policiais e não teve alternativa a não ser atender ao pedido de aumento salarial.>
Para os dois parlamentares, o reajuste, que vai gerar um impacto direto de R$ 9 bilhões no caixa do Estado, fere inclusive a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e prejudica o restante dos mineiros, que acabarão tendo que pagar a conta.>
Outros parlamentares se articulam para garantir que outras categorias também sejam beneficiadas, o que deve aumentar o impacto. A deputada Laura Serrano, a única do Novo que defendeu a posição do governo Zema, argumentou que o reajuste concedido pelo projeto aos servidores da segurança apenas faz a correção monetária das perdas inflacionárias (de abril de 2015 a dezembro de 2022).>
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