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Após morte de prefeito, vice que morava nos EUA comanda cidade do ES

Após morte de prefeito, vice que morava nos EUA comanda cidade do ES

Paulo Márcio Leite (PSB) morreu vítima da Covid-19. Vice-prefeito já estava interinamente à frente da Prefeitura de Água Doce do Norte e exercerá o cargo em definitivo pelos próximos cinco meses

Publicado em 24 de julho de 2020 às 11:33

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Vice-prefeito de Água Doce do Norte,  Jacy Rodrigues da Costa (PV)
Eleito vice-prefeito de Água Doce do Norte, Jacy Rodrigues da Costa (PV) assumiu a prefeitura após a morte do prefeito. (Reprodução/WhatsApp)

A morte do prefeito de Água Doce do Norte, na noite da última quarta-feira (22), deixou a cidade em luto. Vítima da Covid-19, Paulo Márcio Leite (PSB), ou Paulinho, para a população aguadocense, era conhecido como alguém que sabia bem sobre os problemas do município. A perda dele representa grandes mudanças para a cidade, uma delas no comando da prefeitura, que passa a ser exercido de forma definitiva pelo então vice-prefeito Jacy Donato (PV). Jacy passou quase dois anos nos Estados Unidos, alheio à administração durante o exercício do mandato. 

O vice comandava interinamente Água Doce do Norte desde o dia 14 de julho, quando retornou à cidade após a internação do prefeito e a repercussão sobre a ausência dele. Durante o período em que esteve fora, Jacy diz que mantinha contato para saber sobre a cidade. Mas não há como negar que para estar à frente de uma prefeitura é necessário muito mais que isso. "Conhecimento mesmo, a fundo, da cidade, ele de fato não tem”, disse um vereador.

Nesta quinta-feira (23), o Ministério Público Estadual (MPES) notificou Jacy Donato para apresentar informações sobre as viagens realizadas para os Estados Unidos que serão juntadas ao inquérito civil instaurado. Ele tem até o dia 30 de julho para encaminhar uma resposta ao órgão. O MPES apura a possibilidade de cometimento de atividade ilícita por parte de Jacy, que durante o período em que esteve morando fora do país continuou recebendo pagamento do salário como vice-prefeito.

Para além das polêmicas que cercam o caso, o prefeito em exercício enfrentará uma situação complicada no município. Água Doce é uma cidade pequena, que tem pouco mais de 11 mil habitantes. Segundo dados do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES), o município deve sofrer grandes impactos econômicos por causa da pandemia do novo coronavírus. A previsão de queda de receita, no pior cenário, é de 6,6% em relação a 2019. Já no melhor dos cenários, é de 2,4%. No ano passado, o caixa do município foi de R$ 37.594.723, 46.

Além disso, o Executivo municipal, que na série histórica teve dificuldade em se manter dentro dos limites de gastos com pessoal permitidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), deverá ultrapassar o limite máximo de 54% da receita corrente líquida com a folha em 2020. A expectativa em todos os cenários projetados pelo Tribunal de Contas é acima desse percentual. No cenário otimista de receita, fica em 60,72%; no moderado, 61,47%; e no pessimista, 62,03%.   

Por mais que o novo prefeito fique no comando da cidade por um curto período de tempo – já que as eleições municipais serão em novembro e vereadores garantem que Jacy não tem intenção de disputar o pleito – as projeções econômicas para o município exigirão muita habilidade e conhecimento para equilibrar as contas. Segundo funcionários da prefeitura, Jacy tem mantido contato frequente com os secretários para se manter a par da situação local.

Quem conhece bem Água Doce do Norte garante que ele terá ao seu lado, ou melhor, à frente, o time de secretários, que já estavam, de forma interina, comandando a cidade desde que Paulo Márcio Leite foi internado. Entre eles, há de se destacar o papel de Edilamar Araújo, secretária de Administração e chefe de gabinete. 

Edilamar era o braço direito de Paulo Márcio. Ela faz parte da equipe de gestão do município desde o primeiro mandato do antigo prefeito e já esteve à frente das ações da prefeitura outras vezes, em ausências pontuais do chefe do Executivo. Procurada pela reportagem, ela não quis falar sobre a situação da prefeitura. Disse, apenas, que sempre foi uma figura da confiança do prefeito, que ela tinha como um filho e sempre fez o melhor para o município.

"Ele amava Água Doce, fazia o que podia pela população. Chegava a ficar o dia todo no gabinete só para atender as pessoas. Eu perdi não só o prefeito, mas um filho", lamentou.

A reportagem tentou contato com Jacy Donato nesta quinta-feira (23), mas ele não atendeu as ligações. 

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