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Empresas se mexem para ajudar fornecedores e capacitar mão de obra no ES

Empresas se mexem para ajudar fornecedores e capacitar mão de obra no ES

Grandes companhias como Vale, Suzano, Petrobras e Samarco têm criado programas para minimizar o impacto da pandemia do coronavírus na saúde financeira de empresas parceiras e de qualificação do mercado de trabalho local

Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 05:00

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Parceria entre Suzano e Findes fortalece educação profissional no norte do Espírito Santo
Qualificação da Suzano em parceria com o Senai: educação profissional. (Divulgação/Suzano)

Grandes companhias que atuam no Espírito Santo estão criando programas para capacitar a mão de obra local e para ajudar pequenos fornecedores. Iniciativas de empresas como Vale, SuzanoPetrobras Samarco têm surgido tanto para minimizar o impacto da pandemia do novo coronavírus na saúde financeira de negócios parceiros como para preparar trabalhadores, diante da falta de profissionais qualificados no mercado. 

Vale, por exemplo, reduziu o prazo para pagamento de cerca de 140 pequenos fornecedores capixabas, antecipando o recebimento pelos serviços prestados. Ao todo, mais de 700 empresas, nos seis Estados em que a companhia atua no país (Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará e Rio de Janeiro) serão beneficiadas com a ação. 

De acordo com a companhia, a partir desta terça (1º) a Vale reduzirá o prazo de pagamento para 20 dias após o recebimento de nota fiscal válida a todos os pequenos fornecedores locais. Antes, os pagamentos eram feitos em 50 dias. A medida, que será aplicada tanto a contratos vigentes quanto a novos, vai contribuir com a saúde financeira dos fornecedores.

"Temos a ambição de ser uma referência de geração, mas também de compartilhamento de valor. É muito gratificante poder contribuir para o progresso social nas comunidades onde atuamos, associado a um melhor equilíbrio financeiro de pequenos fornecedores para gerar valor para a sociedade. Esse crescimento em conjunto e com ações transformacionais são fundamentais e estão alinhadas ao nosso propósito", destaca o diretor-executivo de Suporte aos Negócios, Alexandre Pereira.

No início da pandemia, em março, a Vale fez uma ação parecida com a atual. Ela adotou medidas de suporte aos fornecedores, como a antecipação de pagamentos futuros a cerca de 3 mil pequenas e médias empresas.

Outra iniciativa da empresa é o Programa Partilhar, lançado em agosto, que busca fomentar o desenvolvimento social das comunidades em que atua em parceria com sua cadeia de suprimentos.

De acordo com a Vale, a companhia está priorizando a contratação de fornecedores com maior contribuição socioeconômica para cada região, oferecendo incentivos voltados para a capacitação de trabalhadores e aumento da competitividade dessas empresas.

GARANTIA PARA EMPRÉSTIMO DE EMPRESAS FORNECEDORAS

A Petrobras lançou em novembro o programa Mais Valor, oferecendo a oportunidade dos fornecedores da estatal anteciparem as faturas de bens e serviços entregues ou realizados. O programa, já apresentado a empresas capixabas, ampliará o acesso das empresas a operações de capital de giro com taxas mais competitivas junto a bancos utilizando o risco de pagamento da Petrobras (risco sacado).

Cerca de 10 mil empresas que integram a base de fornecedores da Petrobras no país poderão aderir ao programa. “Avaliamos que o programa terá impacto positivo no fluxo de caixa dos fornecedores que, assim como a companhia, atravessam a crise. Vamos acompanhar a adesão, mas o volume de transações tem potencial de chegar a R$ 3 bilhões por mês”, afirma em comunicado a diretora de Finanças e Relacionamento com Investidores da Petrobras, Andrea Marques de Almeida.

Sede da Petrobras no Espírito Santo. Prédio da estatal fica na Reta da Penha, em Vitória
Sede da Petrobras no Espírito Santo: estatal criou programa para apoiar fornecedores. (Fernando Madeira)

Segundo a Petrobras, o processo terá dinâmica 100% digital. O fornecedor cadastrado no programa receberá um e-mail sempre que tiver faturas disponíveis para antecipação. O piloto foi iniciado na segunda quinzena de novembro e, desde a última segunda-feira (30), a ferramenta está aberta à todas as empresas fornecedoras.

As transações ocorrerão por meio de um leilão reverso, vencido pela instituição financeira que fizer o lance com a menor taxa de juros, o que vai resultar em taxas de desconto mais atrativas para os fornecedores. O valor mínimo das faturas a serem adiantadas será de R$ 1.000,00 e não há valor máximo, segundo a estatal. Empresas de qualquer porte podem aderir ao programa e não há qualquer limitação de nicho, apenas que sejam fornecedores diretos da Petrobras.

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

A Suzano, entre outras iniciativas, está dando treinamento para profissionais que vão atuar nova fábrica da empresa no Estado, em Cachoeiro de Itapemirim. Eles passarão por um total de quatro meses de qualificação, divididos entre capacitação no Senai de Cachoeiro, qualificação de mais 80 horas e aprendizado prático na unidade da empresa em Mucuri, no Sul da Bahia.

A gerente de Gente e Gestão da Suzano, Luiza Almeida Xavier, explica que todos os profissionais já estão sendo contratados com carteira assinado e recebendo salário. "Essa turma de 47 profissionais está fazendo o treinamento no Senai, que começou em 18 de outubro e durará dois meses. Ele é focado em iniciação e conversão de papel tissue", comenta.

Ainda de acordo com ela, um total de 89 profissionais serão contratados e passarão por esse tipo de treinamento. Até o momento, mais de 70 vagas já foram ocupadas, mas o processo ainda seletivo segue aberto. "O nosso foco é contratar profissionais de Cachoeiro de Itapemirim. Queremos uma equipe bem diversa com mulheres, negros, brancos, pessoas mais jovens e mais velhas".

Fábrica de papel da Suzano, em Cachoeiro de Itapemirim
Obras da fábrica de papel da Suzano, em Cachoeiro de Itapemirim. (Divulgação/Suzano)

A Suzano também lançou uma série de ações para ajudar as pequenas empresas que prestam serviços à companhia. Como mostrou a colunista de Economia A Gazeta, Beatriz Seixas, entre as iniciativas estavam antecipar o pagamento de serviços prestados por fornecedores e assumir os salários de trabalhadores de empresas terceirizadas que, a pedido da própria empresa, interromperam as atividades. No Espírito Santo, 80 negócios de pequeno porte e cerca de 200 trabalhadores foram incluídos no programa.

Outra iniciativa da gigante de celulose é a ampliação, em 20 anos, do prazo do contrato de comodato em que a empresa cede área para abrigar as instalações do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em São Mateus. Atualmente a unidade funciona na área da multinacional e a extensão do prazo permitirá à instituição amplie os investimentos em projetos de capacitação profissional.

De acordo com o superintendente do Sesi-ES e diretor regional do Senai-ES, Mateus de Freitas, com a ampliação da estrutura no contrato de comodato, o objetivo é fazer investimentos substanciais e oferecer novas modalidades de educação, como cursos técnicos.

“Nosso objetivo é manter a qualidade do serviço prestado na região e ampliar a área de atuação, a fim de suprir a demanda iminente do segmento industrial, beneficiando a população dos municípios da região, cuja população estimada ultrapassa 455 mil habitantes”, aponta.

A unidade é referência para as comunidades e empresas que buscam consultorias, especializações e qualidade do ensino, pois fomenta a geração de emprego e renda e possibilita a inserção de profissionais no mercado de trabalho.

A Região Norte do Estado abriga hoje cerca de 10 mil empresas e que conta com uma carteira de investimentos projetados superior a R$ 5 bilhões até 2023, com cerca de 70 projetos, segundo o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). A presença do Senai na região é importante para qualificar a mão de obra que poderá atuar nesses empreendimentos.

CAPACITAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE FORNECEDORES

A Samarco, que voltará a operar parcialmente no Espírito Santo neste mês de dezembro, também lançou um programa para apoiar sua cadeia de fornecedores e capacitar trabalhadores na Área de Influência Direta (AID) da planta em Ubu, ou seja, nas cidades de Anchieta, Piúma e Guarapari.

Um dos focos do programa, batizado de Força Local, é preparar empresas parceiras para fornecerem produtos e serviços para outros segmentos, além do minerário, de forma a ter independência da Samarco.  Serão realizados workshops, palestras, seminários e rodadas de negócios com empresas nesse sentido. Além disso, o programa também oferecerá capacitação de mão de obra local.

“O Força Local será uma oportunidade para estimular o desenvolvimento local, de alcançarmos novos fornecedores em nossa área de influência direta, mas, principalmente será uma iniciativa para que o empresário local esteja cada vez mais preparado para atender possíveis demandas da Samarco e de outras empresas por serviços, materiais, equipamentos e insumos. Um dos objetivos do Força Local é pensar o território para além da mineração", diz a gerente de Suprimentos da Samarco, Ailana Vilela.

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