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Empregados de portos, plataformas e da mineração temem infecção no ES

Empregados de portos, plataformas e da mineração temem infecção no ES

Diante da pandemia da doença, muitos estão com medo de saírem de casa para irem trabalhar. Situação é de preocupação com medidas adotadas pelas empresas

Publicado em 24 de março de 2020 às 10:04

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Plataforma P-58 está localizada no Parque das Baleias, porção capixaba da Bacia de Campos. (Divulgação/Agência Petrobras)

Empregados de diferentes setores produtivos temem a disparada de casos de coronavírus no Espírito Santo. Funcionários da Codesa, sindicatos dos petroleiros e dos metalúrgicos reclamam do procedimento das empresas com relação à pandemia.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo (Sindimetal), Max Célio de Carvalho, empresas como Vale e ArcelorMittal Tubarão até tomaram algumas providências para reduzir o número de trabalhadores e o contágio entre os empregados.

“O problema é que parece que esqueceram dos terceirizados. Para eles não mudou nada com relação à escala de trabalho. E com o governo reduzindo o número de ônibus em circulação, para eles fica ainda pior”, comenta Max destacando que o terminal de Laranjeiras estava lotado na manhã desta segunda-feira (23).

 O novo vírus é apontado como uma variação da família coronavírus. Os primeiros foram identificados em meados da década de 1960, de acordo com o Ministério da Saúde.(Tumisu | Pixabay)

“Tentamos contato com representantes da Vale e da ArcelorMittal para que as empresas analisem a suspensão de algumas obras e coloquem um maior número de trabalhadores em casa. Isso fizemos na semana passada, mas ainda não tivemos retorno”, acrescentou.

“O medo maior tem sido o empregado repassar a doença para a família no momento de ir para casa”, conclui Max Célio.

Situação semelhante tem sido observada com terceirizados da Petrobras, segundo conta Valmisio Hoffmann, presidente do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Espírito Santo (Sindipetro).

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A gente avalia que ainda tem muita gente não necessária nas áreas operacionais. A Petrobras está reduzindo o efetivo de empregados próprios, porém os terceirizados estão sofrendo. Se as empresas contratadas não concluem o serviço elas não recebem, então eles seguem trabalhando

Valmisio Hoffmann
Presidente do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Espírito Santo (Sindipetro)
Aspas de citação

Ainda segundo o presidente do Sindipetro, a Petrobras mudou a escala para quem trabalha embarcado para tentar reduzir o risco de contaminação entre os trabalhadores. “Antes o trabalhador ficava 14 dias embarcado. Agora ele fica 21 dias e os 7 dias antes de embarcar ele fica em isolamento”, destaca. 

“Por se tratar de um ambiente mais restrito, é uma preocupação muito grande uma pessoa contaminada passar a doença para os demais”, conclui.

O Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo (Sindfer), que representa os empregados da Vale, avalia que  a empresa precisa reduzir o número de empregados em atividade ao mínimo possível, de forma a minimizar os riscos de contágio. “A Vale precisa parar para preservar vidas. A Vale precisa parar de demitir. A Vale precisa parar e preservar empregos”, declarou Wagner Xavier, presidente do Sindfer.

Segundo ele, os representantes do sindicato elaboraram uma lista com 8 reivindicações neste período de crise do coronavírus. Entre elas estão a manutenção do plano de saúde para os trabalhadores recém-demitidos, a estabilidade de emprego para todos os afetados com a suspensão das operações, o fornecimento de lucas, álcool em gel para empregados e seus familiares, entre outras medidas. 

Já o Sindicato Unificado da Orla Portuária no Espírito Santo (Suport), avalia que a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) tem tomado as medidas cabíveis para evitar a contaminação dos empregados.

“Até mesmo o pessoal que chega nos navios a gente tem visto que eles são acompanhados e tem-se evitado o desembarque de tripulantes que não passam pelo crivo da avaliação física”, conta Marcelo Roberto Brandão Júnior, diretor do Suport.

Por outro lado, uma funcionária contratada da Codesa que não quis se identificar disse que está faltando atenção ao coronavírus – sobretudo na chegada de tripulantes vindos de outros países.

O QUE DIZEM AS EMPRESAS

A Companhia de Docas do Espírito Santo (Codesa) afirmou que está monitorando a situação 24 horas por dia e agindo conforme preconizado pela Vigilância Sanitária. Ainda de acordo com a autoridade portuária, a ordem de ficar em casa não vale para atividades essenciais e o porto, que recebe cargas de alimentos, medicamentos, dentre outros produtos essenciais, não pode parar.

“(O porto) Precisa manter as operações para evitar o desabastecimento e, assim, cumprir seu compromisso social. Portanto, muitos profissionais continuam na linha de frente e para eles a Codesa vem dispensando um tratamento de total apoio e condições de trabalho preconizadas pela Vigilância Sanitária”, afirmou no comunicado divulgado.

Ainda de acordo com a companhia, todos os trabalhadores portuários têm à disposição os equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscaras, luvas e aventais e, por mais de 40 pontos dos cais públicos foram disponibilizados dispenser com álcool em gel, e mantidos sabonetes e toalhas descartáveis nos banheiros.

Já a Petrobas informou que ampliou a escala, adotou quarentena antes do embarque e reduziu o efetivo operacional nas unidades offshore (em mar). A estatal afirmou que já intensificou o teletrabalho em atividades administrativas, está monitorando casos suspeitos e realizando ações preventivas pré-embarque. Além disso, adotou ações de redução segura de efetivo e ajustes na escala de trabalho em suas unidades marítimas.

Quem for embarcar para às plataformas seguirá uma escala especial: isolamento prévio de 7 dias em um hotel disponibilizado pela Petrobras, 21 dias a bordo e 14 dias de folga. Nos locais de embarque, estão sendo aferidas as temperaturas de todos, feita a anamnese (entrevista realizada pelo profissional de saúde) e reforçadas as orientações de saúde.

Caso algum colaborador a bordo apresente sintomas, ele será imediatamente desembarcado e haverá acompanhamento para todas as pessoas que tiveram contato próximo. A empresa ainda afirmou que não haverá prejuízo para a remuneração dos trabalhadores.

“Todos receberão remuneração normal, inclusive os não convocados para o embarque, e aqueles que tiverem extensão de seus turnos receberão pagamento de horas-extras, considerando inclusive o período de isolamento. Essas medidas reduzirão a circulação de pessoas, as trocas de turno e o número de voos para plataformas, diminuindo assim a exposição ao risco de contágio”, explicou.

A ArcelorMittal Tubarão informou por nota que a empresa está operando com capacidade total reduzida, visto que o Alto-Forno 2 está paralisado e com efetivo mínimo para garantir suas operações. A empresa acrescentou que está seguindo todas as recomendações do Ministério da Saúde, com higienização e distanciamento social entre os empregados.

"Esclarece, ainda, que, como empresa de utilidade pública, mantém a geração de energia elétrica, produzida a partir do aproveitamento dos gases do processo de produção, nos altos-fornos, coqueria e aciaria e que pode ser disponibilizada para o mercado local e atendimento da sociedade, assim como de oxigênio, que também pode ser utilizado no abastecimento de hospitais, especialmente de suas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)", disse me nota

A Vale informou que vem tomando as medidas necessárias para apoiar a prevenção do covid-19 em seus locais de trabalho e nas localidades onde está presente.

"A empresa colocou em prática uma série de ações preventivas e proativas para evitar aglomeração, como redução da quantidade de pessoas nas portarias, nos ônibus e nos restaurantes. Desde o último dia 16 de março, empregados próprios e terceirizados cujas funções são elegíveis ao regime de home office e também empregados dos grupos de risco (aqueles com 60 anos ou mais com algum problema de saúde pré-existente) realizam trabalho remoto", informou a empresa por nota.

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