Publicado em 24 de março de 2020 às 10:04
Empregados de diferentes setores produtivos temem a disparada de casos de coronavírus no Espírito Santo. Funcionários da Codesa, sindicatos dos petroleiros e dos metalúrgicos reclamam do procedimento das empresas com relação à pandemia.>
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo (Sindimetal), Max Célio de Carvalho, empresas como Vale e ArcelorMittal Tubarão até tomaram algumas providências para reduzir o número de trabalhadores e o contágio entre os empregados.>
O problema é que parece que esqueceram dos terceirizados. Para eles não mudou nada com relação à escala de trabalho. E com o governo reduzindo o número de ônibus em circulação, para eles fica ainda pior, comenta Max destacando que o terminal de Laranjeiras estava lotado na manhã desta segunda-feira (23).>
Trajetória do coronavírus no mundo
Tentamos contato com representantes da Vale e da ArcelorMittal para que as empresas analisem a suspensão de algumas obras e coloquem um maior número de trabalhadores em casa. Isso fizemos na semana passada, mas ainda não tivemos retorno, acrescentou.>
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O medo maior tem sido o empregado repassar a doença para a família no momento de ir para casa, conclui Max Célio.>
Situação semelhante tem sido observada com terceirizados da Petrobras, segundo conta Valmisio Hoffmann, presidente do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Espírito Santo (Sindipetro). >
Valmisio Hoffmann
Presidente do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Espírito Santo (Sindipetro)Ainda segundo o presidente do Sindipetro, a Petrobras mudou a escala para quem trabalha embarcado para tentar reduzir o risco de contaminação entre os trabalhadores. Antes o trabalhador ficava 14 dias embarcado. Agora ele fica 21 dias e os 7 dias antes de embarcar ele fica em isolamento, destaca. >
Por se tratar de um ambiente mais restrito, é uma preocupação muito grande uma pessoa contaminada passar a doença para os demais, conclui.>
O Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo (Sindfer), que representa os empregados da Vale, avalia que a empresa precisa reduzir o número de empregados em atividade ao mínimo possível, de forma a minimizar os riscos de contágio. A Vale precisa parar para preservar vidas. A Vale precisa parar de demitir. A Vale precisa parar e preservar empregos, declarou Wagner Xavier, presidente do Sindfer.>
Segundo ele, os representantes do sindicato elaboraram uma lista com 8 reivindicações neste período de crise do coronavírus. Entre elas estão a manutenção do plano de saúde para os trabalhadores recém-demitidos, a estabilidade de emprego para todos os afetados com a suspensão das operações, o fornecimento de lucas, álcool em gel para empregados e seus familiares, entre outras medidas. >
Já o Sindicato Unificado da Orla Portuária no Espírito Santo (Suport), avalia que a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) tem tomado as medidas cabíveis para evitar a contaminação dos empregados.>
Até mesmo o pessoal que chega nos navios a gente tem visto que eles são acompanhados e tem-se evitado o desembarque de tripulantes que não passam pelo crivo da avaliação física, conta Marcelo Roberto Brandão Júnior, diretor do Suport.>
Por outro lado, uma funcionária contratada da Codesa que não quis se identificar disse que está faltando atenção ao coronavírus sobretudo na chegada de tripulantes vindos de outros países. >
A Companhia de Docas do Espírito Santo (Codesa) afirmou que está monitorando a situação 24 horas por dia e agindo conforme preconizado pela Vigilância Sanitária. Ainda de acordo com a autoridade portuária, a ordem de ficar em casa não vale para atividades essenciais e o porto, que recebe cargas de alimentos, medicamentos, dentre outros produtos essenciais, não pode parar. >
(O porto) Precisa manter as operações para evitar o desabastecimento e, assim, cumprir seu compromisso social. Portanto, muitos profissionais continuam na linha de frente e para eles a Codesa vem dispensando um tratamento de total apoio e condições de trabalho preconizadas pela Vigilância Sanitária, afirmou no comunicado divulgado.>
Ainda de acordo com a companhia, todos os trabalhadores portuários têm à disposição os equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscaras, luvas e aventais e, por mais de 40 pontos dos cais públicos foram disponibilizados dispenser com álcool em gel, e mantidos sabonetes e toalhas descartáveis nos banheiros.>
Já a Petrobas informou que ampliou a escala, adotou quarentena antes do embarque e reduziu o efetivo operacional nas unidades offshore (em mar). A estatal afirmou que já intensificou o teletrabalho em atividades administrativas, está monitorando casos suspeitos e realizando ações preventivas pré-embarque. Além disso, adotou ações de redução segura de efetivo e ajustes na escala de trabalho em suas unidades marítimas.>
Quem for embarcar para às plataformas seguirá uma escala especial: isolamento prévio de 7 dias em um hotel disponibilizado pela Petrobras, 21 dias a bordo e 14 dias de folga. Nos locais de embarque, estão sendo aferidas as temperaturas de todos, feita a anamnese (entrevista realizada pelo profissional de saúde) e reforçadas as orientações de saúde. >
Caso algum colaborador a bordo apresente sintomas, ele será imediatamente desembarcado e haverá acompanhamento para todas as pessoas que tiveram contato próximo. A empresa ainda afirmou que não haverá prejuízo para a remuneração dos trabalhadores.>
Todos receberão remuneração normal, inclusive os não convocados para o embarque, e aqueles que tiverem extensão de seus turnos receberão pagamento de horas-extras, considerando inclusive o período de isolamento. Essas medidas reduzirão a circulação de pessoas, as trocas de turno e o número de voos para plataformas, diminuindo assim a exposição ao risco de contágio, explicou.>
A ArcelorMittal Tubarão informou por nota que a empresa está operando com capacidade total reduzida, visto que o Alto-Forno 2 está paralisado e com efetivo mínimo para garantir suas operações. A empresa acrescentou que está seguindo todas as recomendações do Ministério da Saúde, com higienização e distanciamento social entre os empregados. >
"Esclarece, ainda, que, como empresa de utilidade pública, mantém a geração de energia elétrica, produzida a partir do aproveitamento dos gases do processo de produção, nos altos-fornos, coqueria e aciaria e que pode ser disponibilizada para o mercado local e atendimento da sociedade, assim como de oxigênio, que também pode ser utilizado no abastecimento de hospitais, especialmente de suas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)", disse me nota>
A Vale informou que vem tomando as medidas necessárias para apoiar a prevenção do covid-19 em seus locais de trabalho e nas localidades onde está presente.>
"A empresa colocou em prática uma série de ações preventivas e proativas para evitar aglomeração, como redução da quantidade de pessoas nas portarias, nos ônibus e nos restaurantes. Desde o último dia 16 de março, empregados próprios e terceirizados cujas funções são elegíveis ao regime de home office e também empregados dos grupos de risco (aqueles com 60 anos ou mais com algum problema de saúde pré-existente) realizam trabalho remoto", informou a empresa por nota. >
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