> >
O ES apresenta queda sustentada do número de óbitos, diz secretário

O ES apresenta queda sustentada do número de óbitos, diz secretário

Nésio Fernandes afirma que diferença em relação a dados na imprensa nacional está na metodologia de cálculo da média móvel

Publicado em 30 de outubro de 2020 às 19:51

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Santa Casa de Colatina ganhou novos leitos  de UTI para tratamento do novo coronavírus
Santa Casa de Colatina ganhou novos leitos de UTI para tratamento do novo coronavírus . (TV Gazeta Noroeste )

O número de mortes por Covid-19 segue em queda no Espírito Santo, segundo o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes. Em coletiva nesta sexta-feira (30), ele explicou que, ainda que o consórcio nacional de veículos de imprensa aponte que o Estado tem tendência de alta, os óbitos por coronavírus têm caído de forma sustentada. A diferença, ele esclareceu, está na maneira como o governo do Estado e o consórcio calculam a média móvel de mortes.

"O Estado vive uma queda sustentada do número de óbitos. Estamos estabilizando a ocupação das UTIs Covid no Estado, com  280 a 300 pacientes por dia, e com tendência de queda nos óbitos desses pacientes", disse.

O secretário afirmou que o governo do Estado faz o cálculo tendo como base a data da morte do paciente. Ou seja, se em um determinado dia é divulgado o resultado sorológico de uma pessoa que morreu dois meses antes, esse óbito não será computado no cálculo da média móvel do Estado, que só considera mortos dos últimos 7 ou 14 dias.

Já o consórcio de veículos de imprensa utiliza nessa conta o número de mortes notificadas naquele período, desconsiderando a data em que a pessoa de fato morreu. Então, se uma pessoa morreu em julho e, por alguma razão, o resultado que determina a causa da morte por Covid só sai em outubro, ela é contabilizada em outubro.

Jornal Nacional mostra mortes por Covid-19
Jornal Nacional mostra média móvel de mortes por Covid-19 . (Reprodução/TV Globo)

"Óbitos que ocorreram há mais de 14 dias não deveriam ser computados na avaliação. Mas eles passam a ser, e isso leva à variação positiva na média móvel segundo os veículos", argumentou o secretário. 

NÚMERO DE ÓBITOS TEVE LEVE ALTA NAS SEMANAS ANTERIORES

A média móvel de óbitos provocados pelo coronavírus teve, de fato, uma alta nos últimos 14 dias e uma queda nesta semana. Se considerado o intervalo de duas semanas, a média está em 9,64, o que representa um aumento de 9,76%, em relação ao período anterior (8,79).

Já quando considerados os últimos sete dias, o indicador cai  para 9, indicando uma queda de -10,29% de acordo com informações do Painel Covid-19.

O professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Etereldes Gonçalves, apontou que o Espírito Santo lançou, ao todo, 35 mortes no sistema em três dias seguidos, sendo nove no domingo (25), 13 na segunda-feira (26) e 13 na terça-feira (27). Segundo ele, esse movimento é outro fator que serviu para impulsionar a média móvel de óbitos no Estado.

Na avaliação de Pablo Lira, diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), o aumento da média móvel pode ser atribuído a duas hipóteses: a ampliação dos critérios de testagem dos pacientes com sintomas gripais e também ao aumento da exposição das pessoas que, anteriormente, cumpriram o distanciamento social no período recomendado pelos médicos.

“O gráfico do Painel Covid-19 mostra que nos dias 19 e 27 de outubro foram 13 óbitos. Por conta desses dois dias, eles contribuíram para elevar a média móvel dos últimos 14 dias. Além disso, estamos vendo, sobretudo nos bairros e nos municípios que concentram a população da classe média, que esse público está interagindo mais e esse comportamento pode estar contribuindo para aumentar os casos confirmados e de óbitos”, analisou.

REDE PRIVADA TEM CONTRIBUÍDO MAIS

Nésio Fernandes pontuou que tem sido notada maior participação da rede privada no total de óbitos registrados no Estado. Contudo, ele esclareceu que isso ocorre "não por práticas inadequadas, mas, porque há um aumento de óbitos em pacientes longevos com plano de saúde."

Ele lembrou ainda que o aumento no número de contaminações registradas entre 8 de setembro e 10 de outubro resultou também em um leve crescimento no número de mortes, logo após esse período.

"Os casos que aumentaram ente setembro e outubro foram acompanhados de pequeno aumento no número de óbitos depois de 20 de outubro. Hoje, esse número já se encontra novamente em queda", apontou.

PANDEMIA NÃO ACABOU, LEMBRA ESPECIALISTA

Para a doutora em Saúde Coletiva e Epidemiologia e professora da Ufes, Ethel Maciel, a situação da pandemia no Espírito Santo ainda não está controlada e exige atenção e manutenção das medidas de higiene das mãos, o fortalecimento da etiqueta respiratória, como o uso de máscara,  e o distanciamento social.

“Esse aumento é um reflexo das aglomerações, das flexibilizações que foram acontecendo de setembro para cá. O aumento de casos novos e esse número de mortes que agora começa a ficar acima de 10, é muito preocupante. Estamos estabilizando num número de mortes muito alto, nenhuma outra doença mata esse número de pessoas por dia”, alertou.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais