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Festa da Penha vira divisor de águas na vida de fiéis

Festa da Penha vira divisor de águas na vida de fiéis

Entre os relatos dos devotos, há quem tenha ganhado nova profissão após furto em plena romaria e que tenha visto se cumprir a promessa da chegada do filho e do novo amor

Publicado em 11 de abril de 2021 às 07:00- Atualizado há 3 anos

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Ana Letícia resolveu empreender após ser furtada em plena Festa da Penha:
Ana Letícia resolveu empreender após ser furtada em plena Festa da Penha: "Deixei o comodismo". (Acervo pessoal)

Cenas de devoção na Festa da Penha rendem histórias de entregas no melhor estilo “comer, rezar, amar”. Fiéis católicos que viveram as emoções das últimas edições do evento contam como experiências únicas protagonizadas durante as celebrações deram novo sentido e se tornaram divisores de água em sua trajetória. Nesta galeria de relatos, tem gente que começou a empreender após ser vítima de furto em plena procissão; que enxergou no terço dado por uma mulher misteriosa o prenúncio da tão esperada paternidade; que viu na flor puxada do andor a promessa do amor. E tudo começou lá, na Festa da Penha. Confira esta trilogia narrada pelos olhos da fé.

Comer: o furto do celular e o início de uma carreira culinária

O ano era 2019. Ana Letícia Poncio Denardi estava feliz por participar da Festa da Penha. A cooperação dos amigos para distribuir planfletos da programação, a paixão pela padroeira e a felicidade por ver de perto todo o rito da Romaria das Mulheres comoviam-na. Até que ela percebeu que o celular já não estava mais no bolso da calça; havia sido furtado em plena procissão e já tinha sido desligado pelo ladrão.

Sem ter como recuperá-lo, o jeito foi juntar dinheiro para comprar outro. “E aí que vem o melhor desta história. Vinte dias depois, eu comecei a empreender. Não tinha fonte de renda e resolvi trabalhar fazendo palha italiana, uma ideia do meu namorado, que sempre dizia que eu ‘era boa para fazer doces’. O capital para comprar os primeiros insumos foi um presente dele. Iniciei as vendas, e deu muito certo. Vendia na igreja, no curso... Só na faculdade, eu chegava a lucrar de R$ 120 a R$ 150 por semana, comercializando a palha ao preço de R$ 2 e R$ 2,50 a unidade”, detalha a estudante de Engenharia de Produção, hoje com 22 anos.

Ana nem cogita outra explicação para o furto que não seja a providência divina. “Sim, foi uma obra dos céus. Sou devota a Nossa Senhora da Penha e a partir daquele furto eu deixei o comodismo. Estava precisando de um start, de uma renda extra, de empreender. Continuo vendendo, agora menos porque não estamos em aula. A palha é um sucesso. Fiquei pouco tempo sem celular e logo comprei outro. O dinheiro que ganhei daria para comprar vários (risos).”

Rezar: o terço da senhora misteriosa e a chegada do filho

Renan Eduardo Guedes Pereira e sua mulher, Flávia, estavam havia um bom tempo tentando ter um filho. A aflição já tomava conta do casal, que tinha oito anos de união e não entendia o porquê dessa situação. Na Festa da Penha de 2005, ele conta que foi presenteado com um objeto que lhe mostrava que a bênção estava próxima de chegar.

“Estava na Catedral de Vitória aguardando o início da Romaria dos Homens quando uma senhora que não conhecia veio ao meu encontro e me presenteou com um lindo terço. Antes de sair de casa, minha esposa havia me pedido para que buscasse a intercessão da Virgem da Penha para que tivéssemos nosso filho. Quando recebi aquele terço daquela mulher desconhecida, o pedido da minha esposa na hora me veio à cabeça. A senhora desapareceu na multidão.”

Em um ponto do percurso, Renan encontrou Flávia para se “abastecer” com o lanche que ela havia trazido. “Mostrei o terço, e ela ficou toda arrepiada com a história. Continuei minha caminhada, fiz minhas orações e logo que terminou retornamos, cansados, mas fortalecidos na fé. No mesmo mês que ocorreu a romaria, fomos agraciados com a gravidez de minha esposa. Hoje, nosso filho está com 15 anos, chama-se Gabriel. Desde então, nossa devoção a Nossa Senhora, que já era forte, tornou-se ainda maior. Também fomos abençoados com outro filho, hoje com 12 anos, que se chama Davi”, lembra Renan, 48.

Renan Eduardo e Flávia receberam a tão esperada notícia da gravidez após oito anos de casados. Hoje eles têm dois filhos, Gabriel e Davi:
Renan Eduardo e Flávia receberam a tão esperada notícia da gravidez após oito anos de casados. Hoje eles têm dois filhos, Gabriel e Davi: "Nossa devoção a Nossa Senhora tornou-se ainda maior". (Acervo pessoal)

Amar: a flor do andor e a promessa do amor

A história de Nicéa Barbosa de Jesus Mariano é de amor. Para ela, sua vida mudou quando conseguiu pegar uma flor no andor carregado pelos marinheiros com a imagem da padroeira no fim da Festa da Penha de 2013. “Para mim, alcançar as flores era difícil. Tenho 1,48 metro, nem via as flores direito. Parecia que não havia nenhuma, pois as pessoas já tinham tirado quase todas. Puxei um raminho verde e, com ele, veio a flor. Na hora, fiz o pedido para que encontrasse um companheiro”, diz ela, que à época tinha 48 anos.

Três meses depois, em julho do mesmo ano, Nilcéa conta que o pedido feito à santa foi atendido, com Roberto Almeida Mariano surgindo na sua vida como o novo amor. “Arrumei um namorado na Igreja, que é tão atuante quanto eu. Nós nos aproximamos depois de uma carona. Em janeiro de 2014, noivamos e, em 4 de outubro do mesmo ano, Dia de São Francisco, casamos. Não tenho dúvidas de que foi providência da padroeira.”

Nilcéa e Roberto se casaram pouco mais de um ano após ela ter pegado uma flor no andor da imagem de N.S da Penha:
Nilcéa e Roberto se casaram pouco mais de um ano após ela ter pegado uma flor no andor da imagem de N.S da Penha: "Fiz um pedido para encontrar um companheiro". (Acervo pessoal)

O depoimento de Renan para esta reportagem foi dado após ele encaminhar para A Gazeta a sua história via formulário. Confira outros relatos enviados pelos fiéis:

Gravidez após pedido

“Tinha problema para engravidar. Já tentava há um ano e seis meses. Rezando o terço com minha avó, ela me disse: ‘Filha, faça um pedido a Nossa Senhora’. Então eu pedi um bebê. E um mês depois descobri que estava grávida. Mas o melhor é que minha filha nasceu no dia de Nossa Senhora da Penha, 13/04/2015.”

Sônia Maria de Jesus dos Santos

Família reunida novamente

“Em 2013, eu estava casada, com um filho de 11 anos, grávida, morando em Itarana. Estava em permuta com outra professora. Em 2014, minha filha nasceu. No início de 2015, a colega desistiu da permuta e tive de regressar a Vitória. Sozinha. Meus filhos ficaram em Itarana. Lágrimas e sorrisos no final de semana. Nossa Senhora me carregou no colo. Em 2015, durante a Romaria das Mulheres, pedi a ela para acolher minhas orações. Em março de 2016, fui aprovada no processo seletivo para a direção da escola em Itarana. Minha família junta novamente. Minha graça alcançada.”

Luzineti Marquez Coan

Cura da Covid após ter pulmão 100% comprometido

“Em dezembro, meu marido foi intubado com Covid. Seu pulmão chegou a 100% de comprometimento pela doença. Ele ainda estava pronado (procedimento utilizado em UTI, em que o paciente fica de bruços). O estado era de muita gravidade. Chamei minha irmã para irmos ao Convento. Entendi que não havia mais nada a fazer a não ser rezar. Quando cheguei ao pátio, recebi uma ligação avisando que meu marido tinha sido despronado e os parâmetros melhoraram muito. Era um milagre. Subi as escadarias de joelhos, orando, agradecendo. Ah, uma semana antes de ele testar positivo, sonhei que uma pintura de Nossa Senhora falava comigo e dizia: ‘Calma, calma, calma!’. Obrigada, Nossa Senhora. Obrigada, Deus, por sua misericórdia.”

Fabrícia De Marchi Martins

Forças para concluir romaria

“Há mais de 20 anos participo da Romaria dos Homens. Em uma edição, estava com muita dor lombar e no joelho. Porém, uma força me impulsionava, fui com fé. Na Catedral, pedi a Nossa Senhora que me ajudasse. Parti na frente, antes da saída da imagem. Quando estava na Lindenberg, na altura de Cobilândia, senti que não iria aguentar, parei, descansei um pouco. Aquela multidão passando, e eu ficando para trás. Uma coisa incrível aconteceu naquele momento: minhas pernas e minhas costas pararam de doer. Ao andar, parecia que estava flutuando. Quando cheguei àquela curva em que se avista o Convento, comecei a chorar copiosamente por tanta graça recebida.”

Antônio de Almeida

Promessa, cura da mãe e gravidez

“Tenho síndrome do ovário policístico. Não conseguia engravidar, mesmo com tratamento. Eu e meu marido sentimos que era algo espiritual. Minha mãe foi internada com diabetes na UTI. O médico disse que não havia mais nada a fazer. Prometi que subiria as escadarias do Convento de joelhos e iria a todas as Romarias dos Homens se minha mãe fosse curada. Ela deixou a UTI depois de duas semanas. Abandonei emprego, tratamento, casa, e fui para o hospital cuidar dela. Era Deus me dizendo: ‘Aprenda a ser filha e será uma grande mãe’. Depois de dois meses, minha mãe saiu do hospital e, um mês após ela já estar em casa, descobri que estava grávida. Melissa hoje tem 9 anos. Assumi um compromisso com Nossa Senhora de ajudar outras mulheres que tentavam engravidar. Em cada romaria, levava o nome delas junto. Somente uma ainda não realizou seu sonho, mas a hora dela irá chegar.”

Renata Sepulcro Bastos Mafra

Livramento em acidente na Terceira Ponte

“No final de 2016, fomos envolvidos em um acidente na Terceira Ponte. Estavam eu, minha esposa e os dois filhos, na época com 7 e 4 anos. Nosso carro deu perda total, mas nós só tivemos pequenas escoriações superficiais. Saímos ilesos. O acidente ocorreu em frente ao Convento. Temos a certeza absoluta de que Nossa Senhora da Penha intercedeu por nós e que Deus nos livrou de todo mal. Todas as vezes que passamos por esse trecho da ponte, oramos e agradecemos por essa graça alcançada.”

Edson Pimentel Pereira (Edinho)

Fique por dentro de todas as informações da Festa da Penha 2021. Acompanhe a página especial do evento em A Gazeta: agazeta.com.br/festadapenha.

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