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Publicado em 24 de setembro de 2022 às 09:00
Ter filhos mais inteligentes é o desejo de muitos pais ou mães. Para isso, desde o nascimento, famílias investem no aprendizado sistemático da criança, a fim de potencializar suas capacidades cognitivas. Mas será que isso faz efeito? Afinal, é possível tornar o pequeno mais genial?>
Para especialistas, em parte, isso é possível. Segundo o neurologista infantil Thiago Gusmão, a inteligência não se trata apenas de um conhecimento acadêmico, como, comumente, a sociedade acredita. Mas, sim, um conjunto de habilidades que podem ser potencializadas durante a vida, sobretudo na infância. >
"A inteligência tem um fator genético importante que deve, sim, ser levado em consideração. No entanto, vale lembrar da Teoria de Gardner sobre as inteligências múltiplas. Segundo o cientista, existem oito tipos de inteligências, e o conhecimento acadêmico contempla apenas algumas delas", explica Gusmão.>
Thiago Gusmão
Neurologista InfantilO especialista salienta que há formas de potencializar as habilidades cognitivas e intelectuais do cérebro por meio de alguns hábitos. Quando são inseridos na rotina da criança no momento certo, surtem efeito positivo para o seu desenvolvimento. >
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“Se, por um lado, existem hábitos que potencializam as habilidades cognitivas de crianças, por outro há hábitos prejudiciais, como o consumo excessivo de telas. Alguns estudos mostram que as gerações, a partir de 2010, estão com índice de atenção menor do que as décadas passadas, justamente por causa disso”, acrescenta. >
O médico esclarece ainda que, para que a criança tenha pleno desenvolvimento de sua inteligência, deve ter contato com a maior variedade de estímulos. É importante manter a interação social, o olho no olho, o contato com seus pares, o incentivo à leitura, à música, ao esporte, além de uma boa noite de sono e uma boa alimentação. >
“Todo esse conjunto de hábitos vai ser o diferencial”, destaca o neurologista. >
Também há o senso comum de que vitaminas, como o ômega 3, podem estimular, nas crianças, habilidades atribuídas à inteligência, fala e audição. No entanto, segundo a pediatra e nutróloga infantil Tânia Perini , isso é mito. >
“A capacidade cognitiva da criança é formada ao longo da vida, com estímulos que elas recebem, como carinho, conforto, incentivo à leitura e a prática de esporte. É dessa forma que ela vai potencializar a sua inteligência, entender quem é no mundo e como se relacionar com as outras pessoas", explica. >
Tânia Perini
Pediatra e nutróloga infantilTânia acrescenta ainda que qualquer vitamina que o pai ou uma mãe dê ao filho deve fazer parte da alimentação unicamente por orientação médica, devido ao risco de hipervitaminose. >
“Determinadas vitaminas têm o limite estabelecido em nosso organismo e, a partir daquele limite, podem se tornar nocivas ou até letais. As crianças, por sua vez, são muito mais sensíveis. Antes de dar suplementação, o pequeno deve passar por uma consulta médica e uma análise alimentar minuciosa para verificar a sua necessidade ou não”, explica. >
Para a nutróloga, a melhor suplementação vitamínica é aquela em que a criança tem acesso a uma alimentação equilibrada, à base de alimentos naturais, que são adquiridos nas feiras livres e nos supermercados. >
“Alimentação infantil deve ser o mais natural possível. Ou seja, desembalar menos e descascar mais. Deve ser focada em verduras, vegetais e cereais. De preferência, sem o consumo de alimentos processados, ultraprocessados e também os hiperpalatáveis, que são aqueles que dão ao cérebro uma sensação de prazer e recompensa", disse.>
"Experimente dar ao seu filho um chocolate e, em seguida, uma cenoura. O prazer que os alimentos hiperpalatáveis, com alto índice de gordura, sódio, açúcar e carboidratos, proporcionam ao cérebro faz com que ele recuse e até passe a não gostar do alimento mais natural", alerta a nutróloga infantil.>
Da primeira infância à juventude, apostar em atividades extracurriculares é a forma que muitos pais encontram para desenvolver habilidades e estimular a inteligência dos filhos. A oferta de cursos é diversa: idiomas, música, esportes, robótica, programação, entre tantos outros.>
A maioria das atividades vai proporcionar ganhos, desde que a criança goste do que está fazendo e possa sempre equilibrar com períodos de descanso e brincadeiras livres. Afinal, o excesso de estímulos também atrapalha. Esses ganhos, porém, não necessariamente se referem à inteligência e, sim, a habilidades que podem ser úteis posteriormente na vida adulta.>
No entanto, se você é pai, mãe ou responsável por uma criança, saiba que o segredo para potencializar a inteligência do pequeno está mais perto do que você imagina: o amor. >
Thiago Gusmão
Neurologista InfantilINCENTIVO À LEITURA >
Já o estímulo à leitura desenvolve o pensamento semântico na criança, ou seja, a sua capacidade imaginativa. Alguns ganhos são para toda a vida, como a aquisição de um vocabulário maior tanto para a fala quanto para a escrita. >
INCENTIVO À MÚSICA >
Quando o assunto é ganhar inteligência, a música é a campeã de indicações entre os especialistas.>
“Ter contato com música, seja aprendendo a tocar um instrumento ou cantando, estimula o lado direito do cérebro, desenvolvendo a cognição da criança. Melhora a fala, o comportamento, a concentração e tem ganhos para toda a vida”, explica o neurologista infantil Thiago Gusmão. >
INCENTIVO À ATIVIDADE FÍSICA>
As atividades físicas (dança ou esportes coletivos e individuais) também entram para a lista de recomendações. Além do óbvio ganho para a saúde, elas auxiliam o desenvolvimento motor e a percepção corporal, a concentração e as relações interpessoais, além de estimular o trabalho em equipe e contribuir para a construção da autoestima.>
REFORÇO POSITIVO >
Outra metodologia que estimula o desenvolvimento da inteligência na infância é o chamado reforço positivo, muito mais benéfico para o aprendizado da criança do que o castigo. É simples e eficaz: após cada ação bem-sucedida, aplica-se um incentivo. Assim, as probabilidades daquele comportamento se repetir no futuro aumentam. >
Por exemplo, quando uma criança diz “obrigado” ou “por favor” por iniciativa própria, os pais devem demonstrar orgulho, elogiar. Dessa forma, os pequenos certamente irão fazê-lo mais vezes.>
“O castigo extremo ou bater na criança nunca agrega um bom comportamento. Punir por punir não gera bom comportamento. Pais e responsáveis devem colocar regras, limites e reforçar positivamente comportamentos para seus filhos a fim de que as crianças compreendam a importância de um hábito adequado”, explica o neurologista.>
BOA NOITE DE SONO >
De acordo com Thiago Gusmão, quando se fala em potencializar inteligência, também é importante falar da memória. Por isso, uma boa noite de sono é fundamental para que o cérebro descanse e a criança tenha um bom rendimento.>
LIMITE DE USO DE TELAS >
De acordo com o neurologista, quanto mais horas em frente às telas (TV, tablets, telefone, computadores etc.), menor a capacidade atencional da criança para as obrigações e responsabilidades de rotina, como a escola. >
“Isso acontece porque, quando sou um ouvinte na tela, não tenho interação ou contato social. Eu gasto a dopamina do meu organismo, que é um neurotransmissor importante, e, quando tenho que fazer outras atividades, não tenho ânimo”, explica. >
Estabelecer o limite do uso de telas para as crianças é fundamental para garantir o seu plano desenvolvimento, diz Gusmão. >
“Deve sempre ser evitado 1 hora contínua de uso de telas e, em todos os casos, o responsável deve supervisionar o que a criança está assistindo”, finaliza o médico.>
A orientação do neurologista é:
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