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Publicado em 6 de fevereiro de 2021 às 08:00
- Atualizado há 5 anos
Passados 20 dias desde o início da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Espírito Santo, mais de 93 mil pessoas receberam a primeira dose do imunizante em todo o Estado, segundo dados do Painel Vacinação, da Secretaria do Estado de Saúde (Sesa). Porém, essa pessoas, que fazem parte do grupo prioritário, ainda não podem ser consideradas totalmente protegidas da doença.>
Isso porque, segundo o infectologista e professor do curso de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Crispim Cerutti Júnior, a primeira dose da vacina não garante ainda a imunização. De acordo com o médico, há um certo grau de proteção com a aplicação de uma dose, mas o teor máximo de imunização vem apenas após a segunda aplicação.>
"A primeira dose já é um estímulo para desenvolver a resposta imunológica, mas não temos como quantificar isso, não se mediu o nível de imunidade induzido a partir da primeira dose. Com certeza há algum grau, mas não dá pra quantificar. A certeza é de que há a imunidade a partir da segunda dose. Ainda assim, o efeito não é imediato", disse.>
Após a aplicação da segunda dose, ainda existe um intervalo de tempo para que os anticorpos produzam a resposta imunológica no corpo humano. Crispim Cerutti ressaltou que esse período é de, no máximo, 15 dias após a imunização e que isso não acontece apenas nas vacinas contra a Covid-19.>
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"A pessoa pode ser considerada imunizada duas semanas após a aplicação da segunda dose. Tem um período de 15 dias em que a imunidade ainda não é totalmente constituída, isso não é uma exclusividade dessa vacina contra a Covid-19, as vacinações em geral funcionam assim", explicou. >
O infectologista pontuou também que, mesmo após a imunização, ainda existe a chance de infecção pela doença, uma vez que nenhuma vacina possui 100% de eficácia para o contágio. Mas todas as vacinas aprovadas contra a Covid-19 garantem que, ao ser infectado, o doente não irá desenvolver a forma grave da doença. Ele reiterou que a principal meta com as campanhas de vacinação é conter a transmissão do vírus, o que acontece quando uma grande parcela da população é vacinada.>
"É preciso lembrar que a grande estratégia da vacina é barrar a cadeia de transmissão. A expectativa é que, quando tivermos um grande número de pessoas vacinadas, a pandemia retroceda", afirmou.>
Para que o vírus pare de circular, existe um cálculo que demonstra a parcela de uma população que deve ser imunizada. Crispim Cerutti explicou que essa fórmula leva em conta a eficácia da vacina utilizada e a capacidade de reprodução e infecção do vírus. O restante da população que não recebe o imunizante, conforme disse o infectologista, se beneficia indiretamente com a não circulação da doença.>
"O raciocínio é em cima da taxa de reprodução, ou seja, quantas pessoas alguém que contrai o vírus pode infectar, e da taxa de eficácia das vacinas. É feito um cálculo em cima desses dois dados para descobrir o número de pessoas que devem ser vacinadas para que o vírus pare de circular. Para uma vacina com 50% a 60% de eficácia, a vacinação tem que abranger entre 70% e 80% da população. Esse grupo de 20% a 30% pessoas que não são vacinadas, nessa perspectiva de probabilidade, se beneficiarão indiretamente, porque o vírus não chegará mais até elas", explicou. >
Crispim reforça que, embora a campanha de vacinação tenha começado, é preciso continuar com as medidas de proteção e de higiene, como uso de máscara e álcool em gel para limpar as mãos, enquanto o número de casos de infecção por Covid-19 não cair significativamente. "O grande termômetro para relaxar as medidas é a frequência de casos. Poderemos relaxar as medidas de proteção somente após o número de casos apresentar uma grande redução", concluiu o infectologista.>
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