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Tecnologia quer transformar o Caparaó em novo polo de fruticultura do ES

Tecnologia quer transformar o Caparaó em novo polo de fruticultura do ES

Projeto envolve Ufes, Embrapa, Incaper e prefeituras e tem o objetivo de capacitar e instrumentalizar produtores rurais para produzir mais de 1.200 toneladas de frutas

Publicado em 26 de abril de 2021 às 12:13

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Polo de Fruticultura será implantado no Caparaó
Polo de Fruticultura será implantado no Caparaó. (Banco de imagens/Pixabay)

Os 11 municípios que formam a região do Caparaó, no Sul do Espírito Santo, vão receber investimento e profissionalização para formar um polo de fruticultura capaz de produzir até 1.250 toneladas de frutas. O projeto, que envolve a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Embrapa Mandioca e Fruticultura, Incaper, sindicatos e prefeituras, terá um investimento de R$ 4 milhões e será desenvolvido em três fases, ainda sem data de início definida devido ao agravamento do cenário de pandemia de Covid-19 no Estado.

A iniciativa vai beneficiar agricultores de Alegre (Matriz do projeto), Divino de São LourençoGuaçuíIbitiramaIúnaJerônimo MonteiroDores do Rio Preto, IbatibaIrupiMuniz Freire e São José do Calçado. Cada município receberá duas unidades tecnológicas de referência, somando 22 em toda região. Nelas, as produções das culturas serão implementadas.

Serão quatro etapas de desenvolvimento: diagnóstico, melhoria da infraestrutura, instalação das unidades tecnológicas e capacitação dos produtores. As frutas que serão produzidas vão depender do diagnóstico inicial, mas entre as principais culturas estão abacaxi, acerola, banana, cajá anão, citros, coqueiro, goiaba, graviola, manga, e uva. A expectativa é que essa fase de implantação dure três anos.

"Passados os três anos de capacitação e acompanhamento, cada produtor terá condição de fazer a cultura de qualquer frutífera. Isso faz com que todos estejam aptos para plantar, é o grande diferencial do projeto. Não é simplesmente entregar mudas, vai ter a capacitação de todos os envolvidos", aponta Moisés Zucoloto, professor de Fruticultura na Ufes e coordenador do projeto.

A idealização do projeto teve início em 2017, e o plano existe no papel desde março de 2018, quando o então ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, assinou um convênio com a Ufes em visita a Vitória. Apenas em outubro do ano passado, no entanto, com a pasta já sob o comando da ministra Tereza Cristina Corrêa (DEM), os recursos começaram a ser liberados. Até o momento, o projeto conta com R$ 730 mil para dar início aos trabalhos.

O projeto teve o apoio da senadora Rose de Freitas (MDB), que desde 2018 fez a ponte com o Ministério da Agricultura para que os recursos fossem liberados. Durante a cerimônia de lançamento da iniciativa, no início de abril, a parlamentar disse que era a realização de um "sonho". "Tivemos de batalhar muito no Ministério para fazer o recurso chegar mesmo. É uma iniciativa absolutamente necessária para o Caparaó: estamos falando de emprego, renda e investimento", disse.

PRIMEIRAS ETAPAS

A primeira, de diagnóstico, estava marcada para começar ainda em abril, mas com o agravamento da pandemia de Covid-19 no Estado as atividades foram suspensas e a Ufes aguarda o abrandamento da crise para remarcar uma data. Nessa fase, cada município receberá três visitas técnicas para definição do local e da cultura mais adequada. Os agricultores escolhidos para receber essas unidades tecnológicas terão de se enquadrar no perfil exigido pela universidade.

"Criamos um edital com pré-requisitos mínimos para a escolha de cada produtor. Tem que ser uma propriedade de fácil acesso,com  área mecanizável, energia elétrica, e acesso a internet. O produtor deve ter bom trânsito, diálogo, ser alguém de referência na região para que possa disponibilizar as informações para os vizinhos", explica Zucoloto. 

Ao final das três visitas, os responsáveis técnicos vão decidir, juntamente com a prefeitura, onde as unidades de referência serão implantadas e qual a fruta mais indicada para ser cultivada. O coordenador do projeto espera que cada fruteira seja cultivada em pelo menos três municípios diferentes.

A segunde etapa será a melhoria da infraestrutura da própria universidade para receber e capacitar os produtores, com ampliação das salas de processamento de culturas e da sala de equipamentos e a criação de um viveiro para o desenvolvimento de mudas. A expectativa é que a primeira e a segunda fase sejam completas ainda em 2021.

 ETAPAS PARA 2022

Já as etapas de implantação das unidades de referência e início das culturas estão previstas para ter início no ano que vem. Cada unidade de referência tecnológica vai custar R$ 80 mil. "Esse valor inclui o financiamento de adubos, insumos, irrigação, mudas, tudo que é preciso para começar a cultura. A mão-de-obra será a contrapartida do produtor", detalha o professor.

Com toda estrutura pronta, a última etapa de implantação será a capacitação dos produtores, que vai abranger desde o processamento das culturas, a criação de uma marca, e estratégias para comercialização dos produtos. A capacitação será feita em minicursos e dias de campo. Essa etapa vai contar com professores de diferentes áreas da universidade.

PRODUÇÃO E ESCOAMENTO

O projeto ainda está em fase de diagnóstico, mas as projeções são otimistas. A Ufes projeta que com o investimento, 50 hectares sejam usados para a plantação, com a capacidade de produzir 25 toneladas cada um, somando 1.250 toneladas de produção.

A expectativa é, considerando um preço médio de R$ 1,50 a R$ 2,00 o kg, alcançar, ainda no segundo ano, cerca de R$ 2,5 milhões de retorno financeiro, tendo como mercado consumidor as capitais vizinhas, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro e outros municípios de maior porte da região, como Cachoeiro de Itapemirim e Campo dos Goytacazes. 

"Estamos no olho do furação. O sudeste absorve 48% da produção de frutas no Brasil, só São Paulo consome 25%. A maioria dos supermercados e comércios exigem um padrão de qualidade para a comercialização das frutas. Temos uma carência de frutas de qualidade. Sem contar que o Brasil, mesmo sendo o terceiro maior produtor de frutas do mundo, tem uma exportação insignificante, temos muito a avançar", pontua Zucoloto.

A expectativa do professor é que o projeto seja apenas o início. "Eu sou um sonhador, acho que temos condições de aumentar no futuro", projeta. 

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