Um presidente da República capixaba, por que não?

A proeminência nacional de Renato Casagrande e Paulo Hartung dá ao Espírito Santo um destaque inédito, que precisa ser bem aproveitado

Publicado em 13/03/2021 às 02h00
Espírito Santo
Bandeira do Espírito Santo: Estado tem sido exemplo para o país. Crédito: Reprodução

Na República Velha, a política do café com leite coroou o controle sucessório nacional pela alternância de poder entre São Paulo e Minas Gerais, os dois entes com mais peso político e econômico no país. Mesmo que, posteriormente, lideranças políticas de Estados mais distantes desse eixo tenham chegado pontualmente ao cargo, sobretudo nordestinos e sulistas, o domínio político brasileiro sempre esteve no Sudeste, com o Rio de Janeiro também presente nesta equação. À exceção, óbvia, do Espírito Santo, historicamente um figurante da região mais influente do país.

Esse papel periférico do Espírito Santo nas decisões nacionais, contudo, tem se transformado nos últimos anos. O convite do PSB que alçou o governador Renato Casagrande à condição de presidenciável em 2022 é estratégico do ponto de vista das articulações nacionais, mas também é inegável que a escolha reflete o destaque da gestão do chefe do Executivo estadual não somente na pandemia, mas em outros aspectos da sua administração. Principalmente pela permanência das políticas fiscais equilibradas.

E, ao se falar nessa persistência que ainda garante assiduamente a nota A do Tesouro Nacional ao Espírito Santo, o nome de seu antecessor e rival político também emerge nacionalmente. O rigor administrativo da gestão de Paulo Hartung em seus três mandatos à frente do Palácio Anchieta o colocaram no panteão das lideranças políticas a serem ouvidas sobre os rumos do país. E, não por menos, desde a última década esteve com frequência cotado como candidato à Presidência da República ou à formação de chapas presidenciais.

Renato Casagrande e Paulo Hartung são lideranças com características distintas, tanto na forma de governar quanto na de se apresentar como figuras públicas. Mas, por mais antagonistas que tenham sido, suas administrações confluem pela aposta certeira em políticas de Estado eficientes, que dão resultados não só no curto prazo.

O Espírito Santo tem sido um ente federativo com as contas equilibradas ao longo da crise que se abateu sobre o país na última década e provocou a quebradeira de alguns de seus vizinhos, aqueles historicamente mais fortes. Na crise sanitária, tratou de seguir esse compromisso sem deixar de priorizar o enfrentamento da Covid-19, em um dos capítulos mais críticos da trajetória capixaba.

É um Estado com avanços sistemáticos na educação, com o destaque do ensino médio no Ideb, ainda que com níveis muito baixos na média geral do Brasil. Com um ambiente de negócios em evolução. Mas há desafios a serem superados que não podem ser omitidos: os avanços concretos na segurança pública nos últimos 10 anos estão passando por uma desaceleração que precisa ser contida. E as carências de infraestrutura ainda são um obstáculo para um crescimento econômico mais robusto. 

Houve, nitidamente entre o atual e o ex-ocupante do Palácio Anchieta, um compromisso tácito de continuidade de políticas públicas estruturais, com o fortalecimento do Estado  à frente de decisões paroquiais. Foram governos que não demoliram as bases do antecessor, recomeçando do zero. A continuidade programática é o que permite a evolução da própria sociedade. Pode-se dizer sem leviandade que o Espírito Santo de hoje é melhor que o de 20 anos atrás, por ter passado por um choque civilizatório que conseguiu extirpar o crime organizado dos círculos do poder. 

A proeminência nacional desses dois nomes capixabas dá ao Espírito Santo um destaque inédito, embora peculiar. A consolidação de uma candidatura capixaba ao Planalto não é simples, depende de um jogo de forças que está acima de desejos provincianos.  Mas dá para se tirar proveito da situação, com a construção de um protagonismo sem precedentes.

Em um momento tão sensível para o país, no qual há uma incessante busca por lideranças que consigam unir capacidade administrativa, governabilidade e, acima de tudo, bom senso, o Estado se torna um exemplo nacional de gestão com trabalho e confiança, não por menos o lema de sua bandeira. 

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