Publicado em 27 de agosto de 2020 às 05:00
Nota A no Tesouro Nacional (STN), no que diz respeito à Capacidade de Pagamento (Capag) do Estado, o Espírito Santo quer utilizar o selo de bom pagador para ampliar investimentos e sair mais rapidamente da crise provocada pelo novo coronavírus. A ideia é usar esse certificado para conseguir mais recursos de crédito no mercado e, assim, ampliar projetos que poderão contribuir para a retomada da economia.>
O Espírito Santo é um dos dois Estados que aumentaram os investimentos em 2019, segundo o Boletim de Finanças dos Entes Subnacionais, divulgado nesta segunda-feira (24).>
O documento mostrou que o Estado conseguiu fazer investimentos sem desrespeitar regras fiscais estabelecidas pela União. Contribuíram para a manutenção da nota A fatores como o equilíbrio fiscal, que obtivemos, inclusive, cumprindo com o teto de gastos, que é uma exigência do governo federal à repactuação de dívidas do Estado e prorrogação de prazos, destacou o secretário da Fazenda, Rogelio Pegoretti.>
O teto de gastos, aliás, foi desrespeitado por 11 Estados que aderiram ao programa. Esses terão que devolver R$ 40 bi aos cofres federais por terem descumprido o acordo. >
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O teto de gastos foi um mecanismo adotado pelo Espírito Santo e outras 19 Unidades da Federação em 2016, durante a recessão causada pelo alto endividamento de municípios, Estados e governo federal.>
Romper com o pacto poderia custar caro e uma das perdas seria a nota A. Essa classificação possibilita que o governo estadual contrate financiamentos com a garantia da União, que atua como um fiador, atestando que o Estado realmente tem condições de pagar as dívidas. >
Diversas operações de crédito estão em andamento pelo governo do Estado. Entre elas, uma linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimentos na área de segurança pública e uma linha de crédito do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a área da educação. >
Está em curso também a contratação de crédito para realização de investimentos em logística e infraestrutura urbana e na área de gestão fiscal.>
Rogelio Pegoretti
Secretário de Estado da FazendaPela segunda vez, em quase três meses, o governo federal decidiu ampliar em R$ 6 bilhões o limite para empréstimos contratados por Estados e municípios. O novo valor de R$ 18,4 bilhões foi aprovado na última segunda-feira (25) pelo Conselho Monetário Nacional. >
Assim como todos os outros Estados, o Espírito Santo tem sofrido amargamente os efeitos da pandemia na arrecadação. O socorro federal, conforme o relatório do Tesouro Nacional, não tem sido suficiente para cobrir todas as perdas do governo estadual com seu principal imposto, o ICMS.>
Além de contar com as parcelas do socorro federal para manter as finanças em dia, o governo capixaba tem usado recursos da poupança para fazer investimentos e também aplicar em ações de combate à Covid-19.>
Em 2019, o governo estadual recebeu cerca de R$ 1,5 bilhão de um acordo com a Petrobras. E, por não ter continuidade, isto é, pode ter sido pago uma única vez, o recurso não foi destinado ao pagamento de despesas obrigatórias, mas aplicado em um Fundo de Infraestrutura, que tem permitido a realização de investimentos em 2020, apesar da pandemia do novo coronavírus.>
Isso tem nos ajudado a manter os investimentos. Mas também aplicamos recursos de poupança no Fundo Soberano, que já conta com cerca de R$ 308 milhões para as gerações futuras, explicou o secretário de Estado da Fazenda. >
O colchão financeiro de 2019 também foi um dos responsáveis por fazer o Estado ter nota A. Segundo o Resultado de Caixa do Tesouro Estadual, o Estado fechou ano passado com R$ 2,2 bi em recursos livres, que poderiam ser aplicados em qualquer área do serviço público e que não estão comprometidos com o pagamento de dívidas.>
Essa poupança é um dado mais importante do que o superávit primário, que traz apenas os resultados das contas públicas, excluindo os juros que são pagos nas operações de crédito. >
Neste ano, no entanto, segundo o boletim do terceiro bimestre o resultado passou para R$ 373 milhões. Os recursos têm sido usados para socorrer empresas com empréstimos com aval do governo, e também em obras.>
A Previdência de servidores estaduais registrou, no ano passado, um rombo de R$ 2,4 bilhões, segundo boletim do Tesouro Nacional. Foi esse o valor que o governo estadual precisou desembolsar para cobrir o déficit previdenciário de todos os Poderes locais. Na comparação com 2018, o custo da Previdência estadual subiu 7%, acompanhando a média nacional. >
A previsão é que, até 2021, os gastos com servidores inativos cresçam quase 2%, segundo o Boletim de Finanças dos Entes Subnacionais, da Secretaria do Tesouro Nacional. Os efeitos da reforma da Previdência estadual só devem ser sentidos pelos cofres do governo a partir de 2022.>
Com a redução dos gastos previdenciários, a tendência é que os recursos destinados a outras despesas, incluindo investimentos, aumentem e permitam um crescimento mais consistente da economia do Espírito Santo, conforme destacou o secretário de Estado da Fazenda, Rogelio Pegoretti.>
A rapidez com que a reforma foi aprovada na Assembleia vai nos permitir reduzir esses gastos em um futuro não muito distante, e aplicar esses recursos de outras maneiras.>
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