Diferentemente das ruas e avenidas das cidades, tomadas pelas câmeras de videomonitoramento, as rodovias do país ainda são um grande ponto cego da tecnologia. Foi por uma casualidade, a existência de uma câmera em um veículo que vinha logo atrás do ônibus de turismo que colidiu com uma carreta na BR 101, em Anchieta, no último domingo (27), que foi possível conhecer as circunstância do acidente que matou três pessoas.
As imagens tão chocantes dão a sensação de que poderia haver uma chance de a tragédia ter sido evitada caso o km 361 da BR 101, em Anchieta, já estivesse duplicado. A carreta carregada de mamão perde o controle em uma curva e tomba. Ao invadir a contramão, acaba colidindo com o ônibus que vinha no sentido oposto. Um rodovia duplicada poderia, ao menos, ter reduzido o impacto, com mais espaço.
As vidas poupadas quando há uma infraestrutura viária mais segura são motivos suficientes para justificar a urgência da continuidade das obras. Onze anos depois do início da concessão, atualmente do Grupo EcoRodovias, o leilão para o novo contrato está marcado para 26 de junho, decisão tomada após o acordo de repactuação.
A continuidade da duplicação no trecho depende do sucesso desse leilão. A obra do trecho sul está prevista no plano da nova gestão, diferentemente dos 150 km da BR 101 no Norte do Estado, onde está o km 65, em São Mateus, cenário de outro acidente de grandes proporções nesta terça-feira (29), envolvendo três carretas, um carro e um caminhão. Uma pessoa morreu.
Acidentes, contudo, são decorrentes de uma série de falhas, entre elas também as humanas e mecânicas, e chama atenção o número recente de episódios violentos envolvendo carretas e caminhões. No último dia 23, três carretas se envolveram em um grave acidente, no qual uma delas pegou fogo, na mesma BR 101, em Mimoso do Sul. Uma pessoa ficou ferida. E vale citar o inusitado acidente com um caminhão em outra rodovia, a BR 262, no último sábado (26). O veículo tombou e revelou uma carga pesada de maconha, aproximadamente 884 kg apreendidos.
Esses casos, somados, levantam uma preocupação sobre a fiscalização desses veículos pesados. A Polícia Rodoviária Federal é a responsável por essa vigilância nas vias federais, por onde o fluxo de cargas que circulam pelo país é mais relevante. Mas essa atuação ainda não consegue dar um freio a tantas irregularidades no transporte rodoviário. Essas carretas, principalmente as que tombaram, estavam com cargas acima do peso permitido? Os limites de velocidade estão sendo respeitados?
Acidentes podem, sim, ser evitados. Com a prudência dos motoristas, com uma infraestrutura viária mais segura e com o olhar atento e o pulso forte da fiscalização, no caso, da PRF. Sem uma presença marcante nas estradas, irregularidades e abusos seguirão acontecendo. E, por consequência, mais tragédias como as dos últimos dias.
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