
Em um determinado ponto da história do Espírito Santo, erguer uma estrutura nas dimensões do que hoje conhecemos como a Terceira Ponte foi considerado uma ousadia. E continua sendo, quando se leva em conta que outras conexões de Vitória com o continente — além da Ponte Ayrton Senna, inaugurada nos anos 90 — não saíram do papel desde então.
Os grandes projetos de infraestrutura para a mobilidade urbana estão adormecidos há tempo demais na Grande Vitória. E não é por falta de necessidade: a população continua crescendo, há cada vez mais veículos nas ruas e avenidas, o fluxo de pessoas dentro das cidades e entre os municípios é intenso. A massa urbana se espalhou, com pouca margem para a ampliação das vias. O que já está caótico hoje tende a piorar com o tempo, o que exige do poder público a busca de soluções e planejamento para o futuro.
O corredor exclusivo de ônibus de 6,5 km na Avenida Carlos Lindenberg, com plataformas exclusivas de embarque e desembarque no canteiro central da via de Vila Velha, é uma obra que promete reduzir pela metade o tempo de deslocamentio entre os terminais da região. Portanto, precisa sair do papel com a devida segurança jurídica: obra pronta e entregue à população é o que realmente importa, acabando com os gargalos que tornam a vida nas cidades mais difícil.
Nesse sentido, o pacote de propostas para mobilidade urbana que foram apresentadas pelo governo do Estado ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é promissor. A Grande Vitória foi uma das 21 regiões metropolitanas contempladas no Estudo Nacional de Mobilidade Urbana, promovido pelo próprio BNDES.
Nele, está prevista a instalação de três linhas de teleférico integradas ao Sistema Transcol, o que ampliaria a gama de modais atualmente oferecidos (ônibus e aquaviário). Na América Latina, em cidades como Medellín e Bogotá, na Colômbia, esse tipo de transporte já se mostrou viável. Por que não por aqui?
Também estão em estudos opções ferroviárias urbanas, como o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e o monotrilho. Seriam 53,1 km de transporte sobre trilhos na Grande Vitória. Não é exagero afirmar que, se implementadas, dariam uma dinâmica inédita à mobilidade entre Vitória, Serra e Vila Velha.
Sempre que projetos mais robustos assim são apresentados, há certa descrença sobre a viabilidade, afinal, o Espírito Santo tem um histórico de propostas que viraram anedota por nunca terem se concretizado. É essa dinâmica que precisa ser mudada: há opções viáveis no pacote de mobilidade, baseados em exemplos bem-sucedidos ao redor do mundo, é possível que deem certo por aqui também. Os estudos estão sendo feitos, considerando os investimentos necessários, e isso é importante para se começar a sair do lugar.
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