Há um dilema a ser resolvido nas praias de Vitória.
Camburi, Guarderia e Curva da Jurema, principalmente, se tornaram um ecossistema de esporte e lazer no qual muitos serviços passaram a ser oferecidos nos últimos anos: quadras de beach tennis e futevôlei, escolinhas de futebol de areia, academias, aulas e passeios de canoas, aulas de natação, estruturas de apoio técnico para corredores, entre outros equipamentos e usos que estão fazendo a orla pulsar.
Mas ao mesmo tempo há abusos: a maior parte desses serviços é de exploração privada, e há flagrantes de trechos da faixa de areia fechados e ocupados irregularmente por estruturas para armazenar equipamentos ou realizar as aulas. A praia, vale sempre lembrar, é pública. O acesso das pessoas não pode ser impedido.
A solução para esse impasse é o equilíbrio. A Secretaria de Patrimônio da União (SPU) já notificou a Prefeitura de Vitória para que promova a reorganização e regularização das áreas, serviços e práticas de esportes e lazer nas praias. Segundo a administração municipal, isso está em processo de regulamentação. Essa é uma boa notícia.
Mas para ser excelente, é preciso que esteja de fato definido que essas iniciativas não serão podadas ou prejudicadas com excesso de burocracia. Organizar o espaço público é fundamental para que os frequentadores da praia não sejam impedidos de estar ali, mas ao mesmo tempo é entender essa dinâmica do empreendedorismo. Há claramente uma demanda por esses serviços, e isso movimenta a cidade.
Num momento em que há tanta expectativa sobre as cidades capixabas se venderem turisticamente, Vitória pode se promover como uma cidade na qual a atividade física é estimulada. A estrutura da Praia de Camburi para os esportes é de dar inveja a praias famosas do país. E esse ecossistema esportivo, com orientação profissional, é um chamariz. Quem acorda cedo é testemunha de como a orla tem vida própria a partir das 4h30 da manhã, repleta de moradores envolvidos em diferentes atividades físicas e práticas desportivas.
Ao mesmo tempo, organizar essas atividades também vai requerer uma fiscalização consistente e regular, com canais amplos de denúncia pela população. Não querer que haja burocracia demais não significa fazer vista grossa para os abusos que são cometidos. As regras devem existir para serem cumpridas.
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