Seca no ES mostra que construção de mais reservatórios é para ontem

Edital de construção da Barragem dos Imigrantes, na região de Domingos Martins, é boa notícia para a Grande Vitória, mas obras precisam ser mais céleres

Publicado em 28/12/2023 às 01h00
Rio Jucu
Esquema em 3D da futura Barragem dos Imigrantes. Crédito: Cesan

São as regiões Norte e Noroeste do Espírito Santo as que mais vêm sofrendo com a estiagem neste final de 2023. Os bancos de areia já se sobressaem no leito do Rio Doce, em Colatina; o Rio São Mateus, no município homônimo, enfrenta situação crítica, com vazão em apenas 2%.

Outros municípios já tomaram decisões drásticas, com Jaguaré e Barra de São Francisco dando início ao racionamento de água. Montanha, no extremo Norte, decretou situação de emergência e já contabiliza prejuízos de R$ 200 milhões nas lavouras.

Em tempos de escassez, vale a máxima do "quem guarda tem". E uma das ações cotingenciais em períodos de estiagem é justamente recorrer aos reservatórios de água, que podem garantir o abastecimento por tempo prolongado. Mas são obras que dependem de planejamento e investimentos. É um olhar de longo prazo.

Nesta quarta-feira (27),  em entrevista ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, o governador Renato Casagrande anunciou a inauguração de mais barragens coletivas no Norte do Estado para enfrentar a seca. Citou uma que está para entrar em operação em Linhares e reforçou as que já funcionam em Pinheiros, Montanha, Mucurici e Pedro Canário. A construção de muitos desses reservatórios ganhou tração durante e imediatamente após a crise hídrica que atingiu o Espírito Santo entre 2015 e 2017.

A seca é mais crítica no Norte e Noroeste capixabas, mas todo o território deve estar atento, mesmo com  as chuvas recentes. No início de dezembro, o governo estadual, por meio da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), decretou estado de alerta em todo o Estado devido à escassez de água. Mas a sustentabilidade hídrica não é um assunto somente dos períodos de crise.

A construção da Barragem dos Imigrantes, no Rio Jucu, é um importante passo para o enfrentamento das secas que inevitavelmente virão, pois será um reservatório que vai garantir o abastecimento por pelo menos seis meses. Mas se tornou uma obra cercada de impasses: no ano passado houve a rescisão do contrato anterior, que havia sido assinado em 2018.

O anúncio do novo edital da obra, na semana passada, precisa mudar esse cenário de atraso, garantindo mais segurança jurídica para a sua entrega  à população dentro dos prazos. Estima-se que 1,2 milhão de moradores dos municípios de Cariacica, Vila Velha e Vitória serão beneficiados. 

Os reservatórios não resolvem os estragos provocados pelas secas, são apenas um paliativo. É uma medida importante para se preparar para os piores cenários. O poder público tem um papel importante, não só como agente fiscalizador, mas sobretudo na implementação de políticas públicas que estimulem o uso mais racional da água pelos setores produtivos e também pela população. Assim como promover a proteção de nascentes e preservação da cobertura florestal, ações organizadas que de fato podem contribuir para a abundância da água.

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