Rigor sanitário em Vitória é o que vai permitir desfiles no Sambão

No Carnaval de Vitória, com o público que prestigia as escolas de samba, é possível haver controle com passaporte vacinal e testagem. Já nos blocos de rua isso se torna inviável

Publicado em 08/01/2022 às 02h00
Carnaval
Sambão do Povo, em Vitória. Crédito: Leonardo Silveira/Divulgação

A viabilidade ou não da realização de eventos carnavalescos em 2022 é a mais nova trincheira da pandemia no Brasil, e é necessário tratar o tema com racionalidade. Este início de janeiro já tem testemunhado um aumento expressivo de casos no Espírito Santo, com os números da última quinta-feira (6) chegando a 1.202 infecções, o maior registro desde 7 de julho de 2021, resultado das celebrações de fim de ano.

Em todo o mundo, a Ômicron, considerada até o momento mais virulenta, mas menos grave, tem marcado território como a variante predominante em vários países. O planeta tem registrado recordes de infecções, tendo passado dos 2,5 milhões de registros diários. E é incontestável que essa avalanche de casos não se reflete em um crescimento de internações e óbitos por conta do êxito das vacinas.

Nesse sentido, a situação de Vitória se mostra emblemática. Na última quarta-feira (5), a cidade alcançou as três metas de vacinação para ingressar no patamar de risco muito baixo: 80% dos adultos vacinados com duas doses (Vitória tem 109,19%), 90% dos adolescentes com a primeira dose (na Capital são 90,24%) e 90% dos idosos imunizados com a dose de reforço (a cidade atingiu os 90,07%). Vitória só não passa a estar imediatamente no nível de risco muito baixo porque, para tanto, ainda depende que os outros seis municípios da microrregião Metropolitana atinjam os mesmos indicadores.

Desde o início da vacinação, Vitória tem mostrado organização e eficiência, com a adesão em massa dos moradores da cidade e também de municípios vizinhos. A aplicação do reforço, ou a terceira dose, tem seguido sem percalços, com o cronograma dentro da janela dos quatro meses exigidos entre uma dose e outra.

Assim, ao anunciar a manutenção dos desfiles no Sambão e o cancelamento do carnaval de rua, a prefeitura se baseia na possibilidade de estabelecer protocolos para permitir ou não os eventos. No Sambão, o poder público vai controlar a participação com a exigência de passaporte vacinal e testagem

Já nos blocos de rua, o controle é inviável, a não ser que sejam transferidos para um local com restrição de acesso.  E a prefeitura deverá garantir meios de assegurar a realização dos exames de acordo com a demanda, que deverá ser crescente nas 72 horas antes dos eventos, para que a exigência não se torne discriminatória.

A decisão de Vitória seguiu a mesma linha da tomada pela prefeitura do Rio de Janeiro. Olinda, símbolo maior dos carnavais de rua, já anunciou que não haverá folia neste ano. No litoral capixaba, apenas Itapemirim informou até o momento que vai manter a programação. Guarapari, Fundão e Vitória cancelaram o carnaval de rua, enquanto os demais ainda não tomaram uma decisão.

Há uma onda de cancelamentos pelo país, como forma de se antecipar, para conter o risco de uma piora na crise sanitária. O carnaval movimenta a economia e garante o sustento para milhões de brasileiros, mas diante das aglomerações descontroladas que provoca, o risco de retrocesso persiste, sobretudo com a pressão sobre o sistema de saúde, acentuada com a epidemia de gripe. O passo para trás das prefeituras se mostra salutar.

O bom senso da decisão de realizar os desfiles em Vitória está no fato de a cidade apresentar uma cobertura vacinal robusta, o que permite que o passaporte da vacina seja exigido, já que o acesso aos imunizantes não está mais limitado a determinados grupos. Já no caso do carnaval de rua, essa cobrança é obviamente inviável. Vitória não terá ainda o carnaval que merece, mas poderá ter o que é possível, diante das atuais circunstâncias.

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