É fundamental se colocar no lugar de quem precisa tanto deste serviço para ter a dimensão do significado da reinauração do Restaurante Popular de Vitória, nesta sexta-feira (5). Foi em agosto de 2017 que o restaurante, inaugurado em 2005, fechou suas portas definitivamente, na Ilha de Santa Maria. Foi o encerramento oficial, após mais de seis meses sem atender à população mais carente de Vitória. Desde então, a retomada do serviço alimentar nunca deixou de ser uma demanda popular.
Nesta nova fase, serão oferecidas 2,1 mil refeições por dia, com prioridade para usuários da assistência social do município. Refeições com tarifa subsidiada pela prefeitura e, no caso de crianças de até 12 anos e de pessoas em situação de rua com CadÚnico atualizado em Vitória, gratuitas. O Restaurante Popular é uma assistência estatal, mas deve ser enxergado sobretudo pelo seu caráter civilizatório, ao garantir segurança alimentar a quem precisa, de forma organizada.
Lamenta-se que tenha sido um projeto abandonado por tanto tempo, mas daqui para frente é possível a construção de um novo legado. Oferecer comida a preços mais baixos a quem precisa deve ser uma política estatal, a ser seguida por toda gestão municipal, independentemente de quem esteja no cargo. Um ato contínuo.
O espaço físico precisa garantir dignidade aos frequentadores e segurança aos servidores. Durante o período em que esteve em funcionamento, foram sucessivas reformas, em razão de problemas estruturais, espera-se que esse tempo tenha ficado para trás. Que o local mantenha suas portas abertas, garantindo um serviço de qualidade aos que recorrerem a ele.
A reinauguração do Restaurante Popular encerra uma longa espera da população. Não é a única, é preciso dizer. A Escola Aristóbulo Barbosa Leão, na Serra, está há 13 anos em obras de ampliação. O Cais das Artes deve começar a ser entregue em dezembro deste ano, após 15 anos de obras. O Teatro Carlos Gomes está fechado há oito anos e deve reabrir suas portas também em dezembro. E as obras do Centro Cultural Carmélia foram retomadas neste ano, com previsão de entrega em 2026.
Vale mencionar também a entrega, em maio deste ano, das casas do Residencial Mata do Cacau, em Linhares, dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. Uma demora de 15 anos para concretizar a moradia de quase mil pessoas.
Qualquer que seja a esfera pública, esperas tão longas assim provocam descrédito sobre a eficiência do que é feito. Mas, sobretudo, causam transtornos e têm impacto naquilo que é a função primeira da administração pública: garantir qualidade de vida à população.
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