Brasil comprova que democracia não tem atalhos

Está firmado na Constituição de 1988 que as eleições são soberanas, mesmo que os resultados sejam a contragosto para os que perdem. O poder só é de direito pelas mãos do povo, por meio do voto

Publicado em 03/09/2025 às 01h00
Fachada do Supremo Tribunal Federal (STF)
Fachada do Supremo Tribunal Federal (STF). Crédito: Dorivan Marinho/SCO/STF

O julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) escreve uma página inédita na história do país, ao colocar no banco dos reús um ex-presidente da República por tentativa de golpe de Estado. Independentemente do resultado, é incondicionalmente um marco institucional dentro deste que é o período democrático mais longevo da história brasileira, tornando-se assim um verdadeiro balizador que sinaliza em letras garrafais que as aventuras autoritárias que se fizeram presentes desde o nascimento da República não têm mais terreno fértil.

O próprio povo é o guardião da democracia e não embarca em narrativas oblíquas. Está firmado no imaginário coletivo que as eleições são soberanas, mesmo que os resultados sejam a contragosto para os que perdem. O poder só é de direito pelas mãos do povo, por meio do voto, como dita a Constituição de 1988, o bastião nacional do Estado democrático de Direito.

E é essa mesma Constituição que se mantém fortalecida quando um ex-presidente e outros sete acusados de uma conspiração golpista são julgados, aos olhos do mundo, mesmo sob pressões externas. O papel do Judiciário brasileiro, portanto, deve ser exemplar, juridicamente técnico e irrepreensível. É dessa forma que o Brasil vai desencorajar novas conspirações, não fornecendo oxigênio para qualquer respiro antidemocrático. É um julgamento que pode deixar para trás o golpismo como estratégia de poder.

O julgamento acaba por sacralizar o período historicamente conhecido como Nova República, a redemocratização desenhada a partir de 1985. Desde então, não se pode dizer que houve sossego, com dois presidentes afastados por impeachment e dois ex-presidentes presos. A democracia não é uma entrega fácil, a construção de consensos pode ser dolorosa, e exige vigília constante. O julgamento no STF é uma chance de coroar esse amadurecimento. O povo, pelos seus instrumentos institucionais, pode e deve fazer com que a jovem democracia brasileira prospere.

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