Diante da auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) que, de acordo com reportagem publicada por Tiago Alencar neste jornal, encontrou indícios de gastos irregulares pelas Forças Armadas para a aquisição de gêneros alimentícios, entre eles itens considerados de luxo como filé mignon, picanha, salmão e bacalhau, não há outra saída: o único caminho é a investigação rigorosa para confirmar ou não a fraude. Como determinou o próprio acórdão do TCU.
Afinal, quando se fala tanto em racionalidade dos gastos públicos, as suspeitas de irregularidades em licitações que podem ter chegado a mais de R$ 5 milhões acendem um sinal de alerta. A má gestão de recursos públicos precisa ser combatida com veemência, e a força do exemplo acaba sendo poderosa. As brechas precisam ser vedadas.
O TCU afirma que a Escola de Aprendizes-Marinheiros do Espírito Santo (Eames) teria autorizado adesão de órgãos externos às atas de registro de preços da Marinha, supostamente sem justificativas. Um procedimento conhecido como "carona" na esfera das licitações, permitida quando há consulta prévia ao órgão gerenciador e concordância do fornecedor. Portanto, é preciso apuração consistente para verificar se empresas receberam direcionamentos e foram beneficiadas nessas movimentações.
Ao mesmo tempo, a própria natureza das compras merece uma avaliação. Qual a destinação desses produtos? Em um primeiro olhar, os cortes nobres que aparecem na lista são itens alimentícios incompatíveis com os suprimentos básicos das Forças Armadas. Como foi dito, tudo carece de investigação, mas o próprio TCU já firmou a necessidade de estabelecer critérios mais transparentes para esses gastos.
É mesmo uma questão de transparência. Inclusive, a reportagem procurou o Ministério da Defesa e a Marinha diversas vezes para comentar o caso desde o dia 7 de agosto, sem sucesso. A gestão dos recursos públicos não pode ser tratada com desdém, a sociedade merece respostas.
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