A resposta institucional à barbárie ocorrida em Balneário Carapebus, na Serra, na noite deste domingo (24) tem sido como se espera, com o engajamento das autoridades e a prisão rápida dos suspeitos. As explicações para a atrocidade também foram devidamente dadas, e a bem da verdade são já bastante conhecidas, quase um lugar-comum: a guerra entre facções na Grande Vitória.
Fato é que nada disso vai trazer de volta a pequena Alice Rodrigues, de 6 anos. Nada disso vai amenizar a dor de uma família desfeita no fim de um domingo ensolarado, passado na praia. É essa constatação que deve mover as autoridades de segurança em cada novo episódio de violência que deixa inocentes mortos. Semanas atrás foram Andrezza Conceição, de 31 anos, e Sophia Vial, de 15, em Vila Velha. Nesta semana, a pequena Alice. A meta deve ser alta, mesmo que pareça impossível: não pode ser mais ninguém.
A prisão rápida de seis suspeitos de envolvimento no ataque, incluindo os atiradores, é o mínimo que se espera das polícias. É obrigação. Que bom que está havendo eficiência nesse caso, como em outros, é verdade. O que é mais difícil, mas não pode sair nunca do radar, é agir para evitar que casos como esse se repitam.
Ora, a menina foi morta, segundo as investigações, porque um olheiro do tráfico se confundiu e indicou o veículo como sendo de rivais. Trágico. Mas também seria grave se ele tivesse acertado os alvos. É esse ambiente de permanente hostilidade que coloca pessoas inocentes como potenciais vítimas.
Na sexta-feira (22), um ataque no qual até um fuzil foi utilizado atingiu dois homens na calçada de um bar no mesmo bairro, um deles morreu. Foram mais de 40 disparos, uma selvageria. Foi um sinal de que a violência poderia explodir na região, o que acabou acontecendo na noite de domingo, como um possível revide. Fica a sensação de que poderia ter havido uma reação policial mais ostensiva nos dias seguintes.
Não dá para esperar acontecer para depois agir com o poder de Estado, prendendo os criminosos. Essa guerra de facções precisa ser interrompida com ações institucionais e operacionais eficientes para evitar mais mortes. As estratégias de segurança pública não estão dando conta de conter esses ataques ostensivos, mesmo em locais movimentados, nos quais pessoas que nada têm a ver com essa guerra são colocadas em risco. A morte de mais uma inocente precisa inspírar uma reação mais veemente.
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