Cachoeiro de Itapemirim não é um município pequeno, são quase 200 mil habitantes, e mesmo que fosse o menor de todos já seria inaceitável o esgoto da cidade inteira ser despejado sem nenhum tratamento no Rio Itapemirim, de acordo com a Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Agersa), autarquia que fiscaliza serviços concedidos pelo poder público.
Essa dimensão populacional aumenta os impactos ambientais. Não foi divulgado o volume de dejetos que foi despejado no rio desde a divulgação do vazamento pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), mas é óbvio imaginar que a poluição afetou todo o curso do rio até desembocar no mar, em Marataízes.
A Agersa informou a autuação da concessionária BRK Ambiental mais de dez dias atrás. Na quinta-feira (28), a agência reguladora acrescentou ter aplicado a multa de R$ 150 mil e informou que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente também penalizou a BRK Ambiental em R$ 500 mil.
Enquanto isso, a BRK Ambiental justificou que realiza obras de manutenção preventiva no sistema de esgoto de Cachoeiro de Itapemirim, com previsão de 3 meses. O que torna a situação ainda mais grave é que, segundo a agência reguladora, a concessionária não possui um plano de contingência para vazamentos como o atual. Em tempos em que as questões ambientais são tão reforçadas, é incompreensível que uma empresa da área de saneamento não tenha esse nível de organização. E também é inexplicável que a própria agência reguladora não tivesse fiscalizado isso antes. Uma sucessão de erros.
O caso já foi levado ao Ministério Público e ao Procon, para pedir que os consumidores tenham desconto na conta de água e esgoto proporcional aos dias em que o serviço de tratamento não foi prestado. As multas foram aplicadas. Mas, no fim das contas, quem vai pagar mesmo a conta é o meio ambiente, já que nada foi feito quando ainda era possível prevenir essa tragédia ambiental.
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