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Braga Netto chamou comandante do Exército de 'cagão'

Braga Netto chamou comandante do Exército de 'cagão'

Em outras conversas, o general incentiva críticas ao então comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, a quem se refere como "traidor da pátria"

Publicado em 8 de fevereiro de 2024 às 12:27

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BRUNO BOGHOSSIAN, FABIO SERAPIÃO, RANIER BRAGON, JOSÉ MARQUES E CÉZAR FEITOZA

BRASÍLIA - Candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, o general Walter Braga Netto manifestou irritação com os comandantes do Exército e da Aeronáutica durante as discussões de um plano para reverter a derrota na eleição daquele ano.

Mensagens obtidas pela Polícia Federal que embasaram prisões e buscas nesta quinta-feira (8) mostram que Braga Netto teria chamado o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, de "cagão" por não aderir à tentativa de golpe.

Em outras conversas, o general incentiva críticas ao então comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, a quem se refere como "traidor da pátria".

Ministro da Casa Civil da Presidência da República, Braga Netto
Ex-ministro da Casa Civil Braga Netto com o ex-presidente Jair Bolsonaro. (Marcos Correa/PR)

De acordo com a PF, as mensagens foram enviadas por Braga Netto para Ailton Barros, capitão expulso do Exército que estimulava um golpe militar em conversas com Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro.

A PF cumpre na manhã desta quinta-feira (8) mandados de busca e prisão contra ex-ministros de Bolsonaro e militares envolvidos na suposta tentativa de golpe para manter o ex-presidente no poder.

Um dos alvos é o próprio ex-presidente – ele terá que entregar o passaporte em 24 horas para a PF. Bolsonaro já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é alvo de outras investigações no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele está inelegível até 2030.

Além de Braga Netto, entre os alvos das medidas desta quinta-feira estão os ex-ministros general Augusto Heleno e Anderson Torres. Também são alvos outros militares e Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, partido de Bolsonaro.

A ação foi batizada de Tempus Veritatis e investiga uma organização criminosa que, diz a PF, atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito "para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder".

As medidas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no âmbito do inquérito das milícias digitais.

Além das prisões e buscas, a PF também cumpre medidas diversas como a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.

São cumpridos mandados nos estados de Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná e Goiás e o Distrito Federal.

Segundo a PF, as investigações apontam o grupo investigado se "dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital".

Primeiro, diz a Polícia Federal, o grupo atuou para construir e propagar a versão de que havia tido fraude na eleição de 2022, "por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022".

Em seguida, de acordo com a PF, foram desenvolvidos atos concretos para "subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível".

Lista dos alvos de busca e apreensão confirmados

Valdemar Costa Neto, presidente do PL

Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)

Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública

Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército

Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha

Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército

Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos responsáveis do chamado "gabinete do ódio"

Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro

Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro

Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército

Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército

Ailton Gonçalves Moraes Barros, militar paraquedista

Amauri Feres Saad, advogado, teria ajudado a preparar a minuta golpista encontrada com Anderson Torres

Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército, morador de Colatina

Cleverson Ney Magalhães, coronel do exército

Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário

Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército

Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército

José Eduardo de Oliveira e Silva

Laércio Vergílio

Mario Fernandes

Ronald Ferreira de Araújo Júnior

Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército

Componente de Arquivos & Anexos Arquivos & Anexos

Decisão do ministro Alexandre de Moraes na Operação Tempus Veritatis

Documento traz pedidos de prisão, busca e apreensão e outras medidas cautelares contra 29 pessoas

Tamanho de arquivo: 8mb

Componente de Arquivos & Anexos Arquivos & Anexos

Segunda decisão do ministro Alexandre de Moraes na Operação Tempus Veritatis

Decisão amplia  medidas para outros supostos envolvidos

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