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Major do Exército é alvo no ES em operação da PF que mira Bolsonaro

Major do Exército é alvo no ES em operação da PF que mira Bolsonaro

Angelo Martins Denicoli, morador de Colatina e militar da reserva, é um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta organização criminosa que atuava contra a democracia

Publicado em 8 de fevereiro de 2024 às 09:52

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
João Barbosa
Repórter / [email protected]

Angelo Martins Denicoli, morador de Colatina, na Região Noroeste do Espírito Santo e major da reserva do Exército Brasileiro, é um dos alvos de busca e apreensão da Operação 'Tempus Veritatis' [hora da verdade, em latim] , deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (8). A lista com os nomes dos alvos foi divulgada pelo portal g1

Segundo a Polícia Federal, Angelo é suspeito de integrar grupos que promoviam ataques virtuais a opositores, ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao sistema eletrônico de votação e ao processo eleitoral brasileiro.

Além disso, segundo a PF, Denicoli está supostamente ligado à tentativa de Golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito — configurados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. Ele também era reconhecido por promover ataques e informações falsas contra a Covid-19 e as medidas sanitárias da pandemia.

Presidente da República, Jair Bolsonaro, ao lado do major Angelo Denicoli, exonerado do Ministério da Saúde
Presidente da República, Jair Bolsonaro, ao lado do major Angelo Denicoli, exonerado do Ministério da Saúde. (Reprodução/Facebook Angelo Denicoli)

A operação, que está em andamento, apura a suposta existência de uma organização criminosa que atuou na tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, envolve a obtenção de vantagem de natureza política com a manutenção de Jair Bolsonaro no poder.

A PF tem alvos no Distrito Federal e nos Estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná e Goiás

Em 2020, Denicoli chegou a ser nomeado pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello para o cargo de diretor do Departamento de Monitoramento e Avaliação do Sistema Único de Saúde  (SUS). 

No ano seguinte, o major foi exonerado por Marcelo Queiroga, que substituiu a pasta na época. Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, Angelo Denicoli ocupava o cargo de direção com um salário de R$ 13.623,39 brutos, segundo o Portal da Transparência.

Conforme divulgado por A Gazeta na data da exoneração, durante o período em que esteve no ministério, Denicoli manteve um discurso negacionista nas redes sociais. O militar defendeu, de acordo com reportagens da época, o uso de medicamentos ineficazes como “tratamento precoce” para a Covid-19, posicionando-se contra medidas restritivas e compartilhando publicações que criticaram governadores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

A reportagem tentou contato com Angelo Denicoli na manhã desta quinta-feira, mas não obteve retorno do investigado.

Os alvos de mandados de busca e apreensão

  • Valdemar Costa Neto, presidente do PL – partido pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição;
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública;
  • General Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército;
  • Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;
  • General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
  • Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado "gabinete do ódio";
  • Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro; (preso)
  • Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro; (preso)
  • Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército; (preso)
  • Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército; (preso)
  • Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército expulso após punições disciplinares;
  • Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como "mentor intelectual" da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres;
  • Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello;
  • Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
  • Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário que teria ajudado a montar falso dossiê apontando fraude nas urnas eletrônicas;
  • Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
  • Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército identificado em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Barbosa Cid;
  • José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da diocese de Osasco;
  • Laércio Virgílio;
  • Mario Fernandes, comandante que ocupou cargos na Secretaria-Geral e era tido como homem de confiança de Bolsonaro;
  • Ronald Ferreira de Araújo Júnior, oficial do Exército;
  • Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército;

Componente de Arquivos & Anexos Arquivos & Anexos

Decisão do ministro Alexandre de Moraes na Operação Tempus Veritatis

Documento traz pedidos de prisão, busca e apreensão e outras medidas cautelares contra 29 pessoas

Tamanho de arquivo: 8mb

Componente de Arquivos & Anexos Arquivos & Anexos

Segunda decisão do ministro Alexandre de Moraes na Operação Tempus Veritatis

Decisão amplia  medidas para outros supostos envolvidos

Tamanho de arquivo: 257kb

Errata Atualização
8 de fevereiro de 2024 às 14:53

A versão anterior desta matéria informava que a Polícia Federal não havia detalhado a participação de Angelo Denicoli na suposta organização criminosa. Com a divulgação dos documentos ligados à investigação, este texto foi atualizado.

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