Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 16:27
- Atualizado há 5 anos
Uma oferta de carro por R$ 400 reais parece tentador, não é mesmo? Existem diferentes maneiras de comprar um carro como financiamento, consórcio e até leilão. Nesse último, veículos podem ser adquiridos com valores bem menores que o usual. Mas, especialistas alertam que é preciso avaliar alguns fatores, antes de dar o lance, para aumentar as chances de fazer um bom negócio. >
Quem decide comprar um carro ou moto em leilão deve estar atento às condições de uso e o nível de danos mecânicos e na lataria, visto que os veículos não costumam ser novos e, dependendo de quem estiver leiloando, podem ter ficado parados por muito tempo. Mas, mesmo assim, esta pode ser uma opção interessante e vantajosa para quem quer pagar menos que o habitual ou para quem gosta de reformar veículos. >
Os leilões são organizados a partir de editais, assim como concursos públicos e vestibulares. No documento constam informações sobre quem será o leiloeiro, quem está leiloando, os bens a serem leiloados com seus respectivos lances iniciais e todas as regras para participar.>
Segundo o gerente de operações da Gestão de Leilões, João Victor Porto, financeiras, seguradoras, empresas particulares, bancos e órgãos públicos podem fazer leilão de seus veículos. Já os arremates podem ser realizados por pessoas físicas e jurídicas.>
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Porto lembra que, antigamente, o público era mais restrito, mas os leilões on-line tornaram a prática mais democrática. “Existem aqueles que compram sempre. Quase todos os leilões estão participando. Eles reformam e revendem. Agora muitas pessoas físicas estão se interessando por causa dos leilões on-line”, acrescenta.>
Um dos órgãos públicos com quem João Victor Porto trabalha é o Departamento de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES). Cleber Bongestab, presidente da comissão de leilão do órgão estadual, explica que para o carro ir a leilão ele precisa estar no pátio há mais de 60 dias. “A partir do 10º dia de apreensão, emitimos uma notificação para o dono buscar o veículo. A partir do dia 61, se ninguém buscar, ele entra para a lista de carros que podem ser leiloados. Nos editais damos preferência para aqueles que estão há mais tempo parados.” >
Bongestab observa que os veículos podem ser conservados ou sucatas. Para que seja indicado o lance inicial, é contratado um engenheiro mecânico para vistoriá-los e precificar.>
O mesmo acontece nos leilões da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O policial rodoviário federal Alan Souza explica que os veículos conservados podem ser comprados por qualquer pessoa. Mas as sucatas são vendidas apenas para ferros-velhos autorizados pela Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos.>
O leilão da PRF é dividido em três etapas. “Na primeira, todos são anunciados, menos as sucatas. O lance inicial é 40% do preço da tabela Fipe. Os que não foram vendidos vão para segunda fase com 20% da tabela Fipe, geralmente uma semana depois. Se não tiver vendido algum, então vai para terceira etapa e é vendido junto com as sucatas. O lance é de 5% da tabela Fipe”, explica Alan Souza.>
No Detran-ES, Cleber Bongestab afirma que também há a opção de comprar a sucata a quilo. Nesse caso, o carro é amassado e vendido pelo peso.>
No edital também diz se pode ou não visitar os veículos. Se puder, há data e local de visitação no documento. No caso do Detran-ES, o presidente da comissão de leilão confirma que os futuros arrematantes podem visitar os veículos antes de dar o lance. “Comprar sem ver o veículo não é um bom negócio. Porque pode estar num estado de conservação diferente do que você acredita”, alerta. Na PRF também é possível visitar antes de dar o lance. >
João Victor Porto, gerente de operações da Gestão de Leilões, orienta que, no dia da visitação, o interessado leve um especialista em mecânica para ver se a compra daquele veículo vale a pena.>
O mesmo é sugerido pelo personal car Gabriel de Oliveira. “Um mecânico de confiança vai identificar possíveis problemas e o estado de conservação", orienta.>
Oliveira lembra que os carros e motos de leilão estão muito suscetíveis a problemas mecânicos e elétricos porque passam muito tempo parados. As avarias dos acidentes ou enchentes também prejudicam a vida útil do veículo. “Até aqueles que foram recolhidos pela financeira porque não houve pagamento das parcelas têm grandes chances de ter problemas. Se o antigo dono não conseguiu pagar, então possivelmente também não conseguiu fazer as manutenções nem usar combustível de qualidade”, observa.>
Ele ressalta ainda que, mesmo que não haja problema mecânico, o carro vai estar sem combustível e sem bateria. "No dia de buscar, após o arremate, a pessoa tem que conseguir tirá-lo de lá, nem que seja de guincho”, acrescenta o personal car. >
Outro ponto que precisa ser avaliado é que, diferente de um financiamento, o veículo comprado tem de ser pago à vista. “Após o leilão, algumas horas depois, o leiloeiro passa a relação dos arremates. Nós geramos uma Guia de Recolhimento da União (GRU) como o valor do carro, mais 5% de comissão do leiloeiro em cima desse valor e, por último, uma taxa de vistoria do veículo", explica o agente da PRF Alan Souza.>
O presidente da comissão de leilão do Detran-ES, Cleber Bongestab, explica qual o destino do dinheiro. “O primeiro custo é com o leilão, depois os custos com remoção e guarda feitos pelo Detran-ES. Valores de multas e encargos de trânsito também são pagos. Depois entram as dívidas judiciais e, se sobrar dinheiro, vai para o proprietário. Mas, geralmente, não sobra. Se tiver dívida de financiamento vai para o banco. Se faltar, a gente deixa a dívida por conta do proprietário.”>
Bongestab lembra que todas as dívidas e multas antes do arremate ficam com o dono antigo. O novo recebe o veículo com a “ficha limpa”. “Quem comprar no leilão não tem nada com as dívidas anteriores”, finaliza.>
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