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Publicado em 9 de junho de 2021 às 21:02
O Tribunal Regional Eleitoral no Espírito Santo (TRE-ES) manteve, em sessão realizada nesta quarta-feira (9), a cassação dos mandatos do prefeito de Itapemirim, Thiago Peçanha (Republicanos), e do vice-prefeito, Nilton Santos (Republicanos), por abuso de poder político. Com a decisão unânime da Corte Eleitoral, com sete votos, foi determinado que serão realizadas novas eleições no município. Ainda cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). >
Enquanto isso, prefeito e vice permanecem nos cargos. Caso não haja recurso, a decisão em 2ª Instância na Justiça será cumprida assim que o prazo recursal finalizar. Os magistrados também declararam a inelegibilidade de Peçanha por oito anos. >
Peçanha era prefeito interino do município e, no entendimento da Justiça Eleitoral, utilizou a máquina pública para vencer a eleição em 2020. Além do entendimento do juiz de primeiro grau, Romilton Alves Vieira Junior, da 22ª Zona Eleitoral de Itapemirim, o colegiado incluiu e reconheceu a conduta de publicidade institucional vedada pelo prefeito. >
No voto do relator, o juiz Rodrigo Júdice, foi novamente considerado abuso de poder político as excessivas nomeações de estagiários e comissionados feitas por Thiago Peçanha durante o ano eleitoral. Sobre a questão, o magistrado entendeu que as contratações foram feitas sem qualquer estudo de impacto financeiro. >
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"Em 2020, as nomeações atingiram parâmetros exorbitantes, mesmo após Termo de Ajustamento de Conduta celebrado em 2016, em que foi assumido o compromisso de nomear efetivos e abstenção de comissionados. Em 2020, ao assumir, resolveu regularizar a situação, quando poderia ter feito isso em anos anteriores às eleições. Exonerou servidores dois dias depois das eleições. Retirou pessoas que foram úteis durante o processo eleitoral para serem descartadas depois. De qualquer modo, o aumento no quadro de forma excessiva é abuso", disse, ao votar.>
Além disso, o julgamento manteve o entendimento de que a licitação para compra de novilhas que seriam distribuídas gratuitamente para produtores rurais do município é irregular, já que é proibido dar início a projetos sociais em ano eleitoral sem lei que autorize.>
Rodrigo Júdice
Juiz eleitoralA Prefeitura de Itapemirim foi procurada pela reportagem e limitou-se a informar que não vai se manifestar sobre o assunto. >
A defesa do prefeito e do vice-prefeito não atendeu às ligações nem respondeu às mensagens enviadas. Este texto será atualizado quando houver resposta. >
Mesmo após a eleição de 2020, casos relacionados a nomeações em Itapemirim chamaram a atenção. Levantamento feito pelo colunista Vitor Vogas, em fevereiro deste ano, mostrou que pelo menos 17 nomeações para cargos comissionados feitas após a reeleição de Peçanha no dia 15 de novembro foi de familiares do prefeito. Entre primos, irmãos e esposas de familiares, a família Peçanha ocupa cinco secretarias, subsecretarias e outros cargos na estrutura da administração municipal. >
Em nota, na época, a prefeitura só reconheceu o parentesco entre o prefeito e dois servidores nomeados, a secretária de Assistência Social e Cidadania, Adriana Peçanha Lopes Barbosa (irmã do prefeito), e do assessor de gabinete Edvaldo de Andrade Peçanha (primo do prefeito). A prefeitura defendeu a qualificação técnica de ambos e rechaçou "qualquer eventual alegação de prática de nepotismo". A situação não está incluída no processo de cassação da chapa. >
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