Publicado em 28 de agosto de 2020 às 14:54
Presidente do PSC no Espírito Santo, o vereador de Vila Velha Reginaldo Almeida afirmou que a prisão de Pastor Everaldo, presidente nacional do partido, na manhã desta sexta-feira (28), causa incômodo à legenda. Para o dirigente partidário, no entanto, a prisão não pode ser considerada, ainda, uma ameça para a imagem do PSC no Estado ou mesmo para a dos pré-candidatos da sigla que já estão desenhando as campanhas eleitorais. >
"Incomoda. Mas não dá, ainda, para falar que pode prejudicar tanto o partido quanto as eleições", afirmou. O presidente da legenda estadual informou que soube sobre a operação deflagrada no Rio de Janeiro pela imprensa e disse não ter proximidade com Pastor Everaldo. "Minha relação com ele [Everaldo] é política, não me considero próximo, sou presidente do partido aqui e ele é o nacional.">
Pastor Everaldo é um dos alvos da Operação Tris in Idem, um desdobramento da Operação Placebo, que investiga corrupção em contratos públicos na área da saúde firmados pelo Executivo fluminense. É a mesma ação que determinou o afastamento do governador Wilson Witzel, também do PSC, por 180 dias e a prisão do advogado capixaba e ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Lucas Tristão. >
O parlamentar acredita que ainda é cedo para dizer se os desdobramentos da operação podem afetar o partido no Espírito Santo ou mesmo o resultado das eleições. A sigla já confirmou 18 pré-candidatos a prefeituras em todo o Estado. >
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"Acho que está cedo para dizer isso, temos que aguardar as investigações. Até para não fazer um pré-julgamento, precisamos esperar o desenrolar das investigações", disse. "Acreditamos na Justiça e vamos aguardar as investigações.">
Em tom parecido, alinhado também ao que diz o diretório nacional, a deputada federal Lauriete, que há pouco mais de dois meses voltou para o PSC, disse que espera a conclusão das investigações. "Acreditamos na justiça e vamos aguardar a apuração dos fatos e o resultado das investigações. Até porque não podemos julgar até que tudo seja esclarecido", afirmou, em nota.>
A deputada havia deixado a sigla para se filiar ao PL, mas após se divorciar de Magno Malta (PL), presidente estadual da legenda, afirmou estar sofrendo perseguição no partido e conseguiu, na Justiça Eleitoral, o direito de sair do partido. No dia 19 de junho, com a presença do Pastor Everaldo, ela divulgou seu retorno ao PSC. >
Após a prisão do pastor, o PSC nacional publicou uma nota em que afirma que o "ex-senador e ex-deputado Marcondes Gadelha, vice-presidente nacional do PSC, assume provisoriamente a presidência da legenda". A sigla garantiu que o calendário eleitoral do partido nos municípios permanece sem alterações. "O PSC reitera que confia na Justiça e no amplo direito de defesa de todos os cidadãos. O Pastor Everaldo sempre esteve à disposição de todas as autoridades, assim como o governador Wilson Witzel.">
Conhecido por ter influência no governo fluminense, mesmo sem ter cargo no Executivo, Everaldo foi citado na delação do ex-secretário de Saúde do Rio Edmar Santos. Everaldo também é apontado como parte importante do esquema de loteamento de cargos em autarquias do governo, como Detran e Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).>
Segundo acordo homologado pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Benedito Gonçalves, as declarações de Edmar "indicam que um dia antes da deflagração da Operação Placebo o governador repassou R$ 15 mil em espécie ao Pastor Everaldo". Em entrevista coletiva nesta sexta, Witzel rebateu a afirmação e disse que Everaldo não faz parte do governo.>
O pastor foi um dos principais responsáveis pela eleição de Wilson Witzel, ex-juiz federal que não era conhecido pelo meio político. Ele também era aliado de Eduardo Cunha, preso desde 2016 por corrupção, e de Anthony Garotinho. >
Em 2017, o ministro da Assembleia de Deus também foi acusado na operação Lava Jato de receber R$ 6 milhões da Odebrecht para ajudar a candidatura de Aécio Neves (PSDB-MG) na campanha de 2014. Na época, o pastor afirmou que sua campanha foi "modesta com gasto de R$ 1,4 milhões" e as doações aconteceram dentro da lei vigente.>
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