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PF acha documento de escritório da mulher de Witzel na casa de capixaba

PF acha documento de escritório da mulher de Witzel na casa de capixaba

MPF aponta que documento encontrado na casa de Lucas Tristão, ex-secretário estadual, indica que havia relação entre a empresa de Helena Witzel e as empresas contratadas pelo governo do Estado

Publicado em 28 de agosto de 2020 às 21:12

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Documento entre escritório de primeira-dama e empresa suspeita de pagar propina estava em impressora da casa de Lucas Tristão
Documento entre escritório de primeira-dama e empresa suspeita de pagar propina estava em impressora da casa de Lucas Tristão, no Rio. (Reprodução/PGR)

Denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), aponta que um dos documentos que indica que a empresa da primeira-dama, Helena Witzel, atuava como receptora de propinas recebidas pelo governador foi encontrado na casa do capixaba Lucas Tristão, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro.

O documento é uma minuta de pedido de rescisão contratual entre o escritório de Helena e a empresa Quali Clínicas. A PGR afirma que há indícios de que a empresa pagava propina, pelo escritório de advocacia da primeira-dama, para Witzel, a fim de ter vantagens em contratos com o governo do Rio de Janeiro.

A busca na casa do capixaba ocorreu em 26 de maio, durante a Operação Placebo. O documento foi encontrado na bandeja de sua impressora e, segundo a denúncia, "ao que tudo indica foi elaborado por Lucas Tristão do Carmo, pessoa que, supostamente, nada teria a ver com o citado contrato".

Lucas Tristão, preso nesta sexta-feira (28), é apontado na investigação como homem de confiança do governador e intermediário dele com o empresário Mário Peixoto, um dos principais responsáveis por abastecer a caixa de propina do governo. Após as denúncias e a pressão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o capixaba acabou exonerado da secretaria que ocupava.

Tristão e Helena Witzel – então Helena Brandão – foram alunos de Witzel quando ele ministrava aulas de Direito em Vila Velha, entre 2005 e 2008, quando atuou como juiz no Espírito Santo.

Por meio do escritório da primeira-dama, foram firmados contratos com empresários que estariam envolvidos no suposto esquema de corrupção no governo do Rio.

Segundo o Ministério Público Federal, a primeira-dama recebeu R$ 554,2 mil entre 13 de agosto de 2019 e 19 de maio deste ano de quatro entidades de saúde "ligadas a membros da organização criminosa". Quatro empresas que realizaram o pagamento de serviços que não foram prestados foram identificadas, três delas ligadas ao empresário Mário Peixoto.

Durante as investigações, procuradores apontaram o recebimento de transferências no montante de R$ 225 mil da conta do escritório de Tristão, vindas das empresas de Mário Peixoto, denunciado por chefiar um esquema de corrupção na saúde do Rio e preso na operação Favorito. Peixoto e Tristão tinham uma relação de amizade e trabalho.

O capixaba negou ter favorecido o ex-cliente com contratos enquanto secretário do Rio de Janeiro.

O OUTRO LADO

A reportagem tentou, sem sucesso, contato com a defesa de Tristão. Em maio, após a Operação Placebo, ao G1 ele informou que as quantias citadas (os R$ 225 mil), foram recebidas em 2018 por serviços prestados pelo escritório de advocacia dele e que parou de advogar assim que entrou no governo, em 2019.

A primeira-dama também não foi localizada. Ela alegou, em maio, que o escritório de advocacia prestou serviços para as empresas citadas e que foram emitidas notas fiscais, além da declaração dos valores no imposto de renda da firma.

Em pronunciamento após a operação, nesta sexta-feira, Witzel disse que a associação feita pela PGR é uma "criminalização da advocacia" e que não há nenhuma vantagem ilícita nos contratos da empresa de sua esposa.

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