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Publicado em 11 de agosto de 2021 às 19:47
As controversas atuações do governo federal e os recentes episódios envolvendo as Forças Armadas que, nesta terça-feira (10), promoveram um desfile de blindados em Brasília, no dia em que também seria apreciada a PEC do voto impresso, têm provocado debates sobre a proteção das instituições e, sobretudo, da democracia. >
Na avaliação do ex-governador Paulo Hartung, é fundamental que a sociedade participe da defesa dos valores democráticos, papel que também deve ser sustentado pelos militares. Para ele, as Forças Armadas seguem em uma direção que compromete a imagem das próprias Forças, posição que não é boa nem para a instituição, nem para o país. >
Com passagens pela Câmara Federal, Senado e até mesmo no período em que esteve à frente do Palácio Anchieta, Hartung teve a possibilidade de conviver com integrantes das Forças Armadas e falou dessa ligação e do cenário político atual em entrevista para o Papo de Colunista, de A Gazeta. >
"Convivi com lideranças militares e tinha uma relação muito grande com as três forças (Exército, Marinha e Aeronáutica). Uma relação sempre de diálogo, cooperação", afirmou o ex-governador, atualmente na presidência da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ). >
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Hartung lembrou que as Forças Armadas passaram por um longo período de desgaste devido ao regime militar e, segundo ele, fizeram um grande esforço para recompor a sua imagem, operando de maneira profissionalizada nos marcos da Constituição Federal e, assim, retomaram uma posição importante. "Então, não é bom para eles nem para o país que todo esse trabalho seja desconstruído", opinou.>
O ex-governador disse que esse é um ponto sensível e que provoca reflexões de praças a oficiais das Forças Armadas. Ele defendeu um processo de convencimento para mobilização das tropas na direção certa para que cumpram o papel constitucional de instituição de Estado, e não de governo. >
Sobre o desfile militar desta terça-feira, Hartung o classificou como "impróprio" e questionou: "Foi bom para a imagem das Forças Armadas?", e ele próprio respondeu que não. Ele espera que toda a experiência do dia, inclusive a votação perdida para a retomada do voto impresso, sirva de aprendizado. >
Hartung também comentou sobre o destaque na participação de militares no governo de Jair Bolsonaro (sem partido), avaliando que há aspectos positivos, outros negativos. A gestão do general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde foi um dos alvos de crítica. Ele argumentou que governar é mais difícil que comandar uma empresa privada e, além de técnica, é necessário sensibilidade política e social. >
Questionado sobre o papel das instituições, tais como Supremo Tribunal Federal (STF) e Justiça Eleitoral, diante de ataques sistemáticos à democracia, Hartung também mencionou que há erros e acertos na atuação do Judiciário, do Legislativo e do Ministério Público. "Mas, na somatória, têm uma capacidade de resiliência e de defender a democracia do país.">
Mesmo vislumbrando a sombra do autoritarismo em atos no cenário nacional, o ex-governador acredita mais na resistência da sociedade que faz frente às investidas contra a democracia. >
Paulo Hartung
Ex-governador do Espírito Santo e presidente da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ)Durante a entrevista, o ex-governador também falou sobre o processo eleitoral, embora ele sustente que não é o momento ideal e que os gestores públicos devem ter outras prioridades, tais como vacina contra a Covid-19 e a geração de emprego e renda, que é a preocupação da população. >
De todo modo, questionado, ele fez uma análise da provável candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, junto a de Bolsonaro para a reeleição, polariza os debates no país. Hartung avaliou que há espaço para outros nomes, uma terceira via - ou uma "Avenida Brasil aberta", como brincou no bate-papo. >
O ex-governador é considerado um conselheiro do apresentador Luciano Huck, que já teve o nome cogitado para concorrer à Presidência da República, mas nunca oficializou a sua intenção em participar da disputa. Hartung não citou nominalmente qualquer pré-candidato, mas observou que as pesquisas atuais demonstram que, pelos índices de rejeição aos principais nomes que hoje aparecem nos levantamentos – Lula e Bolsonaro – outros concorrentes são bastante viáveis. >
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