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Publicado em 10 de agosto de 2021 às 12:31
Na primeira fase da reforma eleitoral, a comissão especial da Câmara dos Deputados definiu na noite desta segunda-feira (9) a criação do distritão e a volta das coligações proporcionais. O plenário agora decide qual dos dois modelos será adotado nas próximas eleições. >
A proposta de emenda à Constituição (PEC) prevê a adoção do "distritão", para a eleição de vereadores e deputados estaduais e federais, ou o modelo proporcional, com a volta da possibilidade de partidos se coligarem entre si. Esta última foi abolida na minirreforma eleitoral de 2017.>
A Gazeta procurou os dez parlamentares do Espírito Santo na Câmara dos Deputados para saber como eles se posicionam sobre a reforma eleitoral. Sete deles, os deputados Felipe Rigoni (PSB), Helder Salomão (PT), Josias da Vitória (Cidadania), Soraya Manato (PSL), Amaro Neto (Republicanos), Neucimar Fraga (PSD) e Ted Conti (PSB) se posicionaram.>
Evair de Melo (PP), Lauriete Rodrigues (PSC) e Norma Ayub (DEM) foram questionados sobre o assunto, mas não deram retorno até a publicação da reportagem.>
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A PEC da reforma eleitoral, que será votada separadamente do texto sobre o voto impresso, ainda poderá mudar as punições para crimes eleitorais, ampliar os tipos de gastos com o fundo eleitoral e censurar a divulgação de pesquisas de intenção de votos. >
Para entrar em vigor, o texto precisa da aprovação na Câmara e no Senado, com o voto favorável de três quintos dos deputados (308 votos) e dos senadores (49). A proposta precisa passar em dois turnos em cada casa.>
Atualmente, os vereadores, deputados estaduais e deputados federais são eleitos por voto proporcional, em que a escolha é feita a partir do quociente eleitoral, que é um número mínimo que cada partido precisa atingir para ter direito a uma vaga. A partir desta divisão entre os partidos, são eleitos os candidatos mais votados de cada sigla. >
A nova proposta é que sejam definidos distritos nos Estados e municípios, a critério do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em que os mais votados de cada distrito serão eleitos. Este sistema favorece candidatos já conhecidos pelo público, como jogadores de futebol, artistas e youtubers, e enfraquece os partidos. O modelo chamado de "distrital puro" é utilizado em quatro países: Ilhas Pitcairn, Vanuatu, Jordânia e Afeganistão.>
Já a alternativa proposta na segunda-feira é para a manutenção do sistema proporcional com o retorno das coligações entre os partidos. Desta forma, há a possibilidade de se articular as chapas de deputados ou vereadores com diversos partidos. Este era o modelo utilizado até as eleições de 2018. Desde a eleição de 2020, as coligações foram proibidas, de modo que as chapas são montadas apenas com candidatos do mesmo partido.>
O fim das coligações era elogiado por especialistas, que acreditam que desta maneira os partidos saem fortalecidos e o debate político se torna mais "programático", favorecendo agremiações que fazem a discussão de projetos políticos e ideologias. A crítica é que as coligações entre diferentes partidos têm finalidade apenas eleitoral, sem uma identificação entre programas de duas ou mais siglas diferentes.>
Além da adoção do modelo do distrital puro ou do retorno do sistema proporcional com coligações, o relatório aprovado na comissão especial também inclui:>
O deputado federal Felipe Rigoni (PSB) classificou a reforma eleitoral, de maneira geral, como um "desastre". Ele critica, principalmente, a adoção do modelo do distritão.>
Felipe Rigoni
deputado
Helder Salomão afirmou ser contra o distritão, por acreditar que o modelo "vai fragilizar os partidos, favorecer os atuais mandatários e os candidatos endinheirados e celebridades". >
Helder Salomão
deputado pelo PT
Da Vitória é favorável à adoção do distritão, com a condição de que a fidelidade partidária seja mantida. " Sou a favor da manutenção do modelo proporcional atual com a volta da necessidade de ser atingido o quociente mínimo de voto para cada partido ou do Distritão garantido a fidelidade partidária", argumentou.>
O deputado federal Neucimar Fraga (PSD) disse que votará a favor da reforma eleitoral, com o modelo distritão apontado pela relatora da PEC, a deputada Renata Abreu (Podemos).>
A deputada Soraya Manato (PSL) defendeu o modelo do distritão entre os parlamentares eleitos no Estado que se posicionaram. Para ela, o modelo deve ser adotado, pois permite que "os candidatos mais votados pela população ganhem as eleições".>
O deputado federal Ted Conti (PSB) também disse ser contra o distritão. Por nota, ele informou que é a favor que seja mantido o modelo atual, com eleição proporcional para vereadores e deputados e sem coligação de partidos.>
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