Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 13:49
Em uma Câmara municipal em que parte considerável dos vereadores é aliada ao prefeito, é comum que os parlamentares busquem formar uma chapa única para comandar a Mesa Diretora. É o caso de Cariacica. Dos 19 vereadores eleitos para assumir as cadeiras em 2021, a grande maioria é da base do prefeito eleito, Euclério Sampaio (DEM). Quatro nomes ligados a ele disputam o posto de "presidente do consenso" para dirigir a Casa pelos próximos dois anos.>
Dos vereadores eleitos, apenas seis são de partidos que não apoiaram Euclério no segundo turno. Além disso, somente oito são novatos, ou seja, Cariacica reelegeu a maior parte de seus parlamentares. Conhecidos entre si e, em sua maioria, alinhados ao prefeito eleito, os vereadores caminham para construir uma chapa de consenso para a eleição da Mesa Diretora, que vai ocorrer, logo após a posse, no dia 1º de janeiro.>
Entre os cotados estão os vereadores reeleitos Edson Nogueira (Podemos), Lelo Couto (DEM) e César Lucas (PV) e o vereador eleito Cleidimar Alemão (PROS). Outros parlamentares, no entanto, também têm interesse na presidência da Casa, como Renato Machado (Avante) e Edgar do Esporte (PSL), vereador mais bem votado na eleição municipal deste ano. >
César Lucas é presidente da Casa desde 2015 e se movimenta para conseguir mais uma reeleição. A Lei Orgânica do município permite a recondução no cargo, até dentro da mesma legislatura. >
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Ele é o único, entre os cotados, filiado a um partido que não apoiou Euclério nas eleições. No primeiro turno, o PV esteve na coligação do PSB, que lançou o candidato Saulo Andreon para prefeito com uma vice do PDT. Saulo alcançou 4,45% dos votos válidos. No segundo turno, a legenda oficializou apoio a Célia Tavares (PT), adversária derrotada pelo demista nas urnas. >
O atual presidente vai para seu terceiro mandato como vereador (eleito em 2012, 2016 e 2020). Antes de assumir a presidência, em 2015, foi 3º secretário no biênio de 2013-2014. Agora, de acordo parlamentares eleitos ouvidos por A Gazeta, tenta viabilizar a reeleição. Alguns, no entanto, apontam que ele tem rejeição entre os vereadores. O principal motivo da rejeição, segundo eles, é um desejo por "renovação" na presidência.>
"Percebo no César uma vontade muito grande de se reeleger, mas ele tem uma rejeição alta entre os vereadores", disse à reportagem um dos parlamentares, sob anonimato. >
César Lucas, no entanto, nega que tenha interesse em continuar na cadeira. Disse, ainda, que vai definir seu apoio na disputa após conversar com o prefeito eleito. "Não sou candidato e só vou decidir quem vou apoiar quando tiver tempo de conversar com o prefeito eleito", afirmou o atual presidente da Casa. >
Lelo Couto e Cleidimar Alemão também são ligados a Euclério. O primeiro ocupa, nesta legislação, a vaga de 3º secretário e é colega de partido do demista e o segundo, embora seja do PROS, atuou fortemente na campanha do futuro prefeito para o segundo turno. Os dois foram procurados por telefone, mas até a publicação deste texto não houve respostas.>
Outro cotado para presidir o Legislativo é Edson Nogueira. Caminhando para seu oitavo mandato como vereador, Edson foi eleito pela primeira vez em 1982 e já foi presidente da Mesa cinco vezes. >
Filiado ao Podemos, partido de Gilson Daniel coordenador da equipe de transição de Euclério no município e de Marcelo Santos, deputado estadual e um dos principais articuladores da candidatura do demista, Edson havia sido indicado pelo partido para ser vice na chapa de Euclério. A vaga acabou ficando com Enfermeira Edna (Avante).>
Edson é, portanto, a aposta de Marcelo Santos, que tenta emplacar o aliado como presidente da Câmara, o que torna o nome dele um dos mais propensos a ocupar a vaga, considerando a forte influência de Marcelo e de Gilson Daniel no cenário da política cariaciquense. >
O parlamentar, no entanto, também nega a intenção. "Não tenho interesse e não estou conversando sobre nada disso", pontuou para a reportagem. >
Apesar de ter diferentes nomes interessados em concorrer, ou sendo apontados como candidatos, os parlamentares acreditam que será possível entrar em um consenso. "Já tivemos uma reunião, mas a única coisa que já foi conversada é que vamos ficar unidos", afirma Lei (DEM), um dos vereadores que estão chegando à Casa.>
Mesmo entre os que buscam ser escolhidos como presidente, há uma abertura para um consenso. Edgar do Esporte, que é 1º secretário da Mesa na atual legislatura, aposta que as conversas devem se afunilar em uma ou duas chapas. Renato Machado, que também colocou o nome à disposição, acredita que haverá um "bom diálogo". "Dos 19, 11 foram reeleitos. Acredito que vamos conseguir ter um bom diálogo", apontou.>
Além da vaga de presidente, serão disputados os cargos de 1º e 2º vice-presidentes e 1º, 2º e 3º secretários. Os parlamentares afirmam que buscam, para presidir a Casa, o nome que tenha mais perfil conciliador, capaz de "dar ouvidos" a todos os vereadores da Casa. >
"Para a presidência não tem tanto essa questão de ideologia de esquerda ou direita, é um papel mais burocrático, corporativista. Tem que ser alguém conciliador que garanta a fala da oposição", pontuou um dos poucos vereadores que não compõem a situação.>
Prefeito eleito, Euclério Sampaio afirma que tem bom relacionamento com Edson Nogueira, Lelo Couto, Cleidimar Alemão e César Lucas, os quatro principais nomes que podem liderar a chapa única. Afirma, porém, que "acompanha de longe" as movimentações para a eleição da Mesa Diretora. >
O demista declara que é a favor de que o Legislativo "discuta o que é melhor para eles", desde que seja "em harmonia com o Executivo". "O Executivo deve ser fiscalizado, mas as coisas boas (projetos encaminhados pelo prefeito) têm que ser votadas em favor do povo. Tenho um bom relacionamento com todos os quatro", assinalou.>
Euclério destaca, ainda, o clima "de união" presente na Casa e espera a formação de uma chapa única para a eleição no dia 1º. "Deus abençoou a Câmara com uma legislatura harmônica nessa gestão. Acredito que será uma eleição de chapa única", finalizou.>
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