Publicado em 8 de junho de 2020 às 12:28
O governador Renato Casagrande (PSB) usou as redes sociais para se manifestar sobre as inconsistências nos dados de mortes e contaminados pela Covid-19, divulgados pelo Ministério da Saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Nesta segunda-feira (8), Casagrande escreveu que restringir o acesso aos números da pandemia é "inaceitável" e "uma desconsideração com quem está sofrendo". >
"Inaceitável o governo federal criar tanta confusão sobre número de óbitos pela Covid-19. Já não bastasse a falta de coordenação nacional e o exemplo ruim do presidente em manifestações, agora há a falta de transparência. A imagem do Brasil cada vez pior e a desconsideração com quem está sofrendo", publicou o governador.>
Em entrevista à TV Gazeta, também nesta segunda, Casagrande voltou a comentar o tema. Afirmou que não há motivos para duvidar de dados de mortes pela doença. "Óbito não tem dúvida. Pode ter dúvida se a pessoa está contagiada ou não, porque tem muita subnotificação, mas óbito não tem dúvida. A pessoa morreu, fez o teste, identificou... Então não tem que gerar nenhuma confusão com relação a isso.">
Após ter passado a divulgar apenas os números das últimas 24 horas, sem o total de mortos e contaminados pelo novo coronavírus, o Ministério da Saúde anunciou, no último domingo (7), que voltaria a publicar o dado consolidado da doença. Contudo, postou informações conflitantes. Primeiro, disse que havia 685.427 infectados e 37.312 óbitos. Poucas horas depois, alterou o número para 691.758 pacientes e 36.455 mortes.>
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A mudança reflete uma série de ações do governo federal que tem dificultado a divulgação dos dados em veículos impressos e telejornais. Antes publicados diariamente às 17h, os dados passaram a atrasar e chegaram a ser divulgados às 22h na quarta-feira e na sexta-feira da última semana. Na porta do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro ironizou a medida.>
"Acabou o Jornal Nacional", respondeu, ao ser indagado. >
Em reação, secretários estaduais de Saúde, por meio do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) lançaram um painel próprio para acompanhar os dados da pandemia. O representante da pasta no Espírito Santo, Nésio Fernandes, também se manifestou, no sábado (6), sobre as mudanças e disse que o Estado "não esconde seus mortos".>
Desde o início da pandemia, Renato Casagrande tem feito críticas à falta de condução da crise de saúde pelo governo federal. Em abril, o governador afirmou que Bolsonaro não pode ser líder de facção no combate à Covid-19, afirmando que a coordenação das ações precisa ser para toda a população, e não apenas para os seguidores dele. Também afirmou, no mesmo mês, que Bolsonaro não demonstrava preocupação com a vida dos brasileiros, após nova insistência do presidente, na época, para a reabertura do comércio nos Estados. >
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