Publicado em 17 de abril de 2020 às 20:33
A insistência do presidente Jair Bolsonaro em reabrir o comércio e as fronteiras, em plena pandemia do novo coronavírus, continua demonstrando que ele coloca em desequilíbrio as prioridades da economia e da saúde, na avaliação do governador Renato Casagrande (PSB). Bolsonaro voltou a abordar o tema após demitir o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nesta quinta-feira (17). O presidente falou em "exageros" de governadores e, nesta sexta (17), disse que está disposto a "correr o risco". >
Para o governador, o presidente da República não tem manifestado preocupação em preservar a vida.>
"O presidente tem dado declarações que demonstram claramente falta de preocupação com a vida dos brasileiros, isso não é de agora. Como o próprio ex-ministro Mandetta disse, criam dúvidas na cabeça das pessoas. Na hora que todo mundo pede para as pessoas reduzirem a interação, o presidente pede para aumentar. Ele sempre age com um desequilíbrio. Diz que tem preocupação com a vida e com a economia, mas sempre se refere só à economia, e não fala da área da saúde, ao contrário dos outros líderes mundiais", disparou.>
"Precisávamos de um tratamento de choque nesse momento, para que a gente pudesse preparar o sistema de saúde em cada Estado. Vocês estão vendo o que está acontecendo com os Estados que não estavam preparados, e nós corremos o risco no Espírito Santo também, pela falta de equipamentos, de chegar a uma realidade de colapso na saúde", acrescentou Casagrande. >
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Renato Casagrande
Governador do Espírito SantoBolsonaro também voltou a alfinetar a postura dos governadores. "Em nenhum momento eu fui consultado sobre medidas adotadas por grande parte dos governadores e prefeitos. Eles sabiam o que estavam fazendo. O preço vai ser alto. Se porventura exageraram, não botem essa conta, não no governo federal, mais essa conta no sofrido povo brasileiro", declarou, na quinta.>
Já nesta sexta, na posse do novo ministro da Saúde, Nelson Teich, o presidente voltou a defender a reabertura do comércio. Ele admitiu que isso é arriscado, do ponto de vista da saúde pública: "É um risco que eu corro".>
Jair Bolsonaro (sem partido)
Presidente da RepúblicaQuestionado se o posicionamento do presidente poderia, de alguma forma, influenciar nas ações adotadas no Espírito Santo, Casagrande descartou. >
"Nós aqui no Estado temos tido um comportamento que é de seguir as recomendações da área de saúde. Fizemos um trabalho de isolamento parcial, deixando as indústrias e serviços funcionando, e com o comércio tomamos medidas mais duras. E as pessoas, por si só, estão se autoconfinando, tomando decisões responsáveis, porque sabem que tem pessoas morrendo, que tem necessidade de um comportamento diferente". >
De acordo com o governador, no Espírito Santo mais de 70% da população apoiam o trabalho de isolamento, e agora o governo pretende encontrar um meio de conciliar o distanciamento social, o isolamento do grupo de risco, a não aglomeração de pessoas, com protocolos rigorosos, de forma que permita a retomada da atividade econômica.>
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