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Casagrande: 'Bolsonaro trabalha com competência para aumentar risco de impeachment'

Casagrande: "Bolsonaro trabalha com competência para aumentar risco de impeachment"

O governador do ES afirmou, nesta terça-feira, que o risco de afastamento do presidente ainda é pequeno. Ressaltou, porém, que atitudes de mandatário têm contribuído para o próprio enfraquecimento

Publicado em 23 de junho de 2020 às 19:58

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Casagrande em Live na revista Istoé
O jornalista Germano Oliveira entrevista o governador Renato Casagrande. (Reprodução/Youtube)

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "tem trabalhado com competência para aumentar o risco" de sofrer um impeachment. Para o chefe do Executivo estadual, apesar de a possibilidade de afastamento do presidente ainda ser pequena, Bolsonaro tem "investido em um projeto de se fragilizar que já deu muito resultado". As declarações foram dadas pelo governador em entrevista transmitida ao vivo pela revista Istoé nesta terça-feira (23).

Casagrande participa de uma articulação desencadeada por dirigentes, parlamentares e outros governadores do PSB, que culminou em uma resolução oficial da sigla, publicada no último dia 11, onde o impeachment de Bolsonaro é colocado como meta prioritária na "luta do partido".  

O governador ressaltou que o processo de impeachment é político e não técnico. E, para ele, Bolsonaro ainda se sustenta no cargo por mais um tempo por ter o apoio de uma parte da sociedade. "Dilma e Collor foram afastados porque perderam apoio da sociedade e no Congresso. Qualquer governo que perde essas bases entra em um terreno instável", apontou.  "Mesmo que a rejeição esteja aumentando, ainda existem grupos que o apoiam."

Já no Congresso, para Casagrande, Bolsonaro não tem conseguido "se articular adequadamente", mesmo que tenha tentado se aproximar do centrão, o que sempre criticou em governos passados. Para o socialista, o presidente deveria mudar a forma como lida com as situações. "Ele precisa entender a necessidade de mudar essa forma de enfrentamento. Tudo ele quer enfrentar e arrumar um adversário. Isso não é adequado para quem governa um país do tamanho do Brasil", declarou.

Casagrande, um dos caciques nacionais do PSB, esteve na reunião nacional do partido que resultou em uma resolução que condena a "trajetória autoritária do governo Bolsonaro" e defende a formação de uma ampla frente de defesa da democracia que tenha como objetivo derrotar o "projeto antidemocrático de extrema-direita do governo Bolsonaro". Para alcançar essa meta, a sigla coloca como bandeira prioritária a luta pelo impeachment do presidente.

Durante a entrevista nesta terça, o governador voltou a criticar a falta de uma coordenação nacional para o enfrentamento da pandemia. Questionado se Bolsonaro seria culpado pelas mais de 50 mil mortes no país, respondeu que "não tem líder que possa se ausentar de suas responsabilidades". Para Casagrande, o presidente não tem a intenção de matar ninguém, mas seu discurso e sua atitude de negligenciar e minimizar a crise sanitária expõem ele e seus seguidores a um risco de morte. 

"As pessoas se agarram às orientações que lhes dão mais conforto. Bolsonaro estabeleceu um clima de disputa. Ao mesmo tempo que pedíamos para as pessoas ficarem em casa, o presidente ia pra manifestação; pedíamos o distanciamento social e ele abraçava apoiadores", afirmou.

PRESENÇA DO PSB EM 2022

Diante da investida do PSB contra o presidente, Casagrande foi questionado sobre a possibilidade de a legenda lançar candidatos, até mesmo o nome dele, para concorrer à Presidência. O socialista respondeu que a sigla assume, agora, um papel importante de criar alternativas que fujam do extremismo. "Tudo que Bolsonaro quer é polarizar com PT e vice-versa. É preciso construir alternativas para ter um projeto equilibrado respeitoso com as instituições e a democracia", defendeu. 

Para o governador, o partido deve, sim, colocar nomes para serem debatidos pela sociedade. "Se vai se consolidar candidato ou não é outra história, mas os nomes acabam reverberando os projetos dos partidos", disse. Quanto ao interesse de concorrer, Casagrande disse que ainda não houve conversas nesse sentido, mas que em momento apropriado o nome dele e de outras lideranças serão discutidos pelo partido.  "Ainda temos uma eleição municipal pela frente e estamos em meio à pandemia, por isso não houve conversas nesse sentido, mas o meu nome e o de outras lideranças serão discutidos pelo partido na hora certa", pontuou.

Retomando a ideia defendida pela resolução do PSB, o governador insistiu que a prioridade do partido neste momento é formar uma frente ampla, com partidos de direita, de esquerda e de centro, para defender a democracia, mas admitiu que a sigla deve trabalhar, com mais amplitude que nunca, em uma posição política para 2022.

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