Publicado em 1 de abril de 2020 às 17:03
O governador Renato Casagrande (PSB) voltou a fazer um pedido de equilíbrio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução da crise do coronavírus, embora ele tenha, no pronunciamento desta terça (31), pregando uma junção de esforços. >
"A declaração de ontem já foi mais equilibrada, mas hoje (quarta-feira, dia 1º) ele já compartilhou vídeo que é fake. Não existe o que aquele senhor [do vídeo] está falando. A Central de Abastecimento de Minas Gerais está funcionando normalmente. O que deixa claro é que o presidente politicamente é levado a ter uma posição equilibrada, mas pessoalmente, quando pode, se manifesta no enfrentamento, confronto, descartando e menosprezando a crise. Ele vai do céu ao inferno, do inferno ao céu em minutos, e isso atrapalha a coordenação", afirmou Casagrande.>
Ele participou de um debate do UOL, nesta quarta-feira, junto com os governadores Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, e Mauro Mendes (DEM), do Mato Grosso. >
A declaração de Bolsonaro à qual Casagrande se refere é a seguinte: "Agradeço e reafirmo a importância da colaboração e a necessária união de todos num grande pacto pela preservação da vida e dos empregos: Parlamento, Judiciário, governadores, prefeitos e sociedade", afirmou o presidente, durante pronunciamento em cadeia nacional, na terça-feira à noite.>
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No entanto, na manhã desta quarta, poucas horas depois de ter pedido um pacto nacional, Bolsonaro compartilhou e depois apagou um vídeo com informação mentirosa sobre um suposto desabastecimento da Ceasa de Minas Gerais.>
"Quero me prender à palavra dele ontem, em rede nacional, e nós estamos à disposição para estar em uma coordenação nacional, por que assim podemos salvar a vida de muitos brasileiros", acrescentou Casagrande.>
Os governadores Eduardo Leite e Mauro Mendes também reforçaram o discurso pedindo trabalho conjunto no combate ao coronavírus, com a liderança de Bolsonaro. "Todos nós precisamos que ele [presidente] aponte os caminhos corretos, una o Brasil e não aponte caminhos distintos", disse Mendes.>
Questionado sobre o que espera, daqui pra frente, da conduta do presidente, Casagrande reforçou que Bolsonaro precisa ter cuidado com as declarações. >
"As palavras têm poder, e as palavras do presidente têm muito mais poder. O primeiro passo é ele ser equilibrado nas suas palavras, quando for para pronunciamento, e também quando estiver sozinho. Que ele possa representar aquele ponto de equilíbrio que é o governo, mesmo que não seja a posição pessoal dele. Nós nem sempre representamos a posição social, e sim o consenso da sociedade que temos que representar, em uma hora de dificuldade como essa. Se ele ficar estável, e tiver controle das suas posições pessoais, ele tem diversos ministros com equilíbrio para coordenar um trabalho junto conosco um trabalho que pode ser mais efetivo no Brasil".>
Quanto ao dinheiro já liberado pelo governo federal para o Espírito Santo, Casagrande afirmou que até o momento foram R$ 8 milhões para a Secretaria de Saúde, recursos que já estavam liberados há mais tempo. Ele elogiou as medidas do governo federal na área econômica, como a manutenção do valor do Fundo de Participação dos Estados (FPE), a permissão para protelar o pagamento da dívida e dos bancos públicos, e o auxílio de R$ 600 para trabalhadores informais. >
"O que é preciso cobrar é que elas sejam efetivamente concretizadas. Quero reconhecer que estamos no primeiro passo, o governo terá que dar outros passos, a crise é de médio prazo, de alguns meses. A primeira onda o governo fez, e teremos que ter outras ondas para a gente proteger e manter um equilíbrio social. Quem tem os instrumentos para fazer frente à crise é o governo federal. Ele pode emitir títulos, pode fazer dinheiro, aumentar deficit. Nós, nos Estados, não podemos fazer isso. Por isso é importante a coordenação por eles. Aqui, estamos tomando medidas complementares".>
Na entrevista, o governador revelou ainda que a duração das medidas de restrição à circulação de pessoas ainda devem durar por alguns meses, pelo menos até julho ou agosto, e que vão depender do comportamento do vírus no Estado. Somente nesta quarta, até o meio-dia, houve 17 novos casos confirmados da doença, enquanto a média vinha sendo de até 12 casos por dia, de acordo com Casagrande.>
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